E com alma escrevo,
Sem importância ou relevo,
Para ti e para os teus pensamentos que ora julgo ocupar
Ora me vejo a abandonar.
Mas dou ênfase ao que não vejo mas sinto, invento que apenas penso e descubro que penso de forma alguma, simplesmente respondo. E que os trovões me iluminem o caminho e que a chuva me aqueça mais o coração solitário que espera arder e que de fogo não tem nada senão engano. Que o batimento seja o seio da alma e o som dos trovões o pai de todas as lágrimas que largo das nuvens a teus pés. Venha então o nascer do Sol, o prelúdio do novo dia para vir, em que palavras de nada nos servirão que não pronunciadas olhos nos olhos, de coração para coração. E desvaneça eu ali, caia-me o corpo e voe-me a alma se lágrimas ou sorrisos não provocar em ti, se nem um abraço sufocante e sentido venha de ti.
Ah, dona do meu ser e da minha domada revolta,
Porque não aceitas em ti o pouco que te tenho a oferecer, o meu esforço e a minha desolação?
É por minha imutável adoração, a minha cega ambição e a minha recusa de desistir?
Ou é por igual egoísmo teu de não mudar e aprender que há prazer na dor?