domingo, 28 de agosto de 2011

Sem conteúdo

Estou tão farto das pessoas a zumbir à minha volta. Diariamente, de uma ponta a outra do autocarro, pessoas a falarem demasiado alto, umas com as outras, ao telefone. Não sabem apreciar o silêncio? Todas as árvores lá fora parecem compreender-me, o seu verde que arde nos meus olhos, a manhã chegou demasiado depressa esta noite. Não há palavras interessantes ditas por outros, oiço as mesmas de sempre, com a melodia que me acompanha quilómetro após quilómetro para me acalmar o espírito. E talvez isso seja o suficiente, rapidamente esta viagem acabará e poderei continuar por corredores de embaraço e olhares.
Que é que eles deram a estas paredes? Memórias de inúmeras pessoas que por aqui passaram e deixaram a sua marca. Pilares que se erguem em domínio que os tectos que nos cobrem as cabeças da chuva e do Sol. São várias as caras, corpos presentes, mentes ausentes, aqui. A arrastarem-se como se não estivessem vivos, sem desejo nem vontade. Murmuram, é o melhor que conseguem fazer. Não consigo ter uma conversa decente com nenhum deles. Ninguém é interessante, apenas barulhos ambulantes que teimam em existir na minha visão.

sábado, 27 de agosto de 2011

Já houve noite e já ouve dia. Já se ouviram os cantos dos pássaros e os tambores de guerra. Já deu para perceber que não vimos tudo, que há sempre algo que nos escapa a lógica e o conhecimento. Já foram ditas todas as palavras e inventadas todas as filosofias. E agora há o silêncio da repetição e o transtorno da morte.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dias que passam

Mãe, não me mostro digno das tuas palavras e benevolência. Esqueço-me da roda, deixo passar os meses sem significado, o mesmo que eu perco, tudo o que tu me deste. Tu que me dás agora mais do que tive antes, Illyathos nos braços da sua mãe e Salvatia no refúgio do seu pai, tudo iluminado por tua simpatia e natural gentileza. E eu nada faço, os meses são-me brancos e os dias nem memórias me dão. Parece que tudo o que digo ou faço é em vão no entanto encontro-me a sorrir silenciado de pensamentos e lógica, não procuro explicação. Agradeço a bondade e fecho os olhos, todos os dias vêm e vão mas tu sempre me demonstras ter-me no coração...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

I'm Kept Silent

The waves continue to hit the rocks, the water is still, such is my life. Inside a box the thoughts are stored, everyone looks at me in a funny way, I hate their pity, I hate how they treat me like a child. But I am silent. Not by will but by nature. They think I'm limited to the same thoughts everyday but I'm far more than these pills that they give and the tag of disabled everytime someone new enters. And everytime I think of something new or think I remember something they come to shut me down, keep me locked on and addicted to their "medicine". Bastards that keep me behind bars, in the dark, in the shadows of my mind. And I'm kept silent, my will is gone and my nature is bewildered.

Turdulorum Oppida

Sobe as escadas e espreita pela janela, o que vês? A ribeira adjacente à casa para nos acordar todos os dias com uma leve melodia. Acorda-nos todos os dias para nos saudar com orgulho da sua existência, para me dizer que sou meio completo cada vez que me afasto dela, que sou um todo quando olho para o horizonte e sorrio com a sua beleza. Todo este terreno, toda esta Natureza, magia no seu estado puro que nos abençoa todos os dias e todas as noites, vizinhos das estrelas e dos deuses, de tudo a que agradecemos à noite. Tudo o que vês oferece-nos tudo o que precisamos para viver, somos verdadeiramente abençoados pela Deusa.
Não há vergonha em andar à chuva, contra o vento, sobre o Sol seco, ver as folhas rebentarem e crescerem, verdejarem e finalmente morrerem e caírem, cobrindo o chão. Caminhar por estes vales rodeados por estas montanhas, é tanta a beleza a absorver e somos apenas duas solitárias almas que tão pouco têm a dar, tão pouco fizemos para o merecer. Vivemos, é-nos suficiente. Para quem isso não o for que pisem a minha terra com mente em sangue e sangue vos entregarei, cobardes! Aqui o vento sopra suavemente cantando um enigma que faz de nós uma oração, tudo o que podemos oferecer e o que nunca ninguém nos vai poder tirar, inimigo, é o amor e dedicação que temos no nosso coração por esta terra. Nem mesmo a tua força bruta.
O fogo queima a lenha na madeira e os relâmpagos trovam lá fora. Dentro desta casa de pedra cada gota de água é um sinal e cada trovão um aviso de que o céu pode cair a qualquer momento. Mas o medo não persiste, o lobo é destemido e o mocho sábio, a serpente astuta deita-se e espera pelo final do castigo, em breve haverá um arco-íris a cobrir os céus. Orgulho nos animais que nos acompanham e protegem a casa, lá fora o veado e o Corno são a nossa segurança e tranquilidade. Em breve a noite acaba e dá lugar à madrugada que vem sempre acompanhada das brumas e a minha felicidade eleva-se, ter-te nos braços é o melhor, minha beldade.
Se soubesses quão exequíveis são os meus desejos, meu amor, percorrerias todo o planeta para os concretizar. Mas não sabes, o meu silêncio é sinal da minha satisfação, este descanso onde nos encontramos é tudo o que peço. Sabes, no entanto, que não sou um homem de ambição larga e que muito me esforço para tirar sangue dos pensamento e com essa informação te manténs ao meu lado. És o refúgio aos meus problemas e à minha violência, és as palavras de aviso e tranquilidade dirigidas ao desapontamento em mim próprio. Sou tão passivo quanto a ribeira, sabes disso, graças a ti, desde aqui até à minha sepultura.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vinho Tinto

Deixem-me beber até ao final da garrafa
Para poder libertar os meus sentimentos,
Apagar os meus sentidos por momentos,
Apenas um copo não me safa.

Deixem a garrafa aqui, é dela que necessito,
Deixem-me sentado em silêncio
Todas as histórias têm um começo
E se não beber a garrafa sei que minto,
Mesmo que não tenham necessidade de saber
Eu tenho a necessidade de a dizer.

Vamos beber, vamos dançar, vamos cantar
Com alegria, espírito e desinibição,
Vamos cair, vamos-nos rir e criar a ilusão
De que ainda consigo amar.

Já passou uma semana

Já passou uma semana e nem uma palavra vinda de ti. Nem um olhar, nem um suspiro, nem um sinal. Já há muito descolaram os indícios de coragem e determinação, deixando para trás a solidão que dá razão ao alento de te perseguir, encontrar, beijar. Talvez uma razão algo maníaca mas o teu silêncio tem uma tendência em arrefecer as minhas noites, em frustrar as minhas tentativas de não rever as cartas que me escreveste quando poderias simplesmente vir à minha casa e beijar-me, de as cheirar para me lembrar do teu cheiro. Mas dão razão ao sentimento, alimentam a esperança e a desolação. São uma faca de dois gumes.
Não consigo ganhar. Contra isto, contra o vento, contra a falta de sentir as tuas coxas nas minhas mãos, os teus lábios cerrados nos meus, os teus olhos caridosos que me gritavam que me irias amar para sempre. Com cuidado caminha noite esperando que cada sombra seja a tua silhueta a vir na minha direcção, que cada som seja a tua voz a chamar-me, que cada janela com luz sejas tu a olhar para a rua e veres-me passar com um sorriso. E a noite embala os meus sonhos, irrealistas como tu sempre lhes chamaste, e permite-me andar durante o que pareceram horas sob a luz da Lua. Apesar de toda a conspiração contra os astros e o que eles permitem, esta tem sido a noite em que tenho pensado mais em ti, em que eles me têm ajudado mais.
Encontrarás algo no silêncio: ele diz sempre a verdade. E permitir-te-á ouvires-te. Consolar-te-á com a sua frieza, esclarecer-te-á a mente. Dir-te-á que quem não está contigo não merece os teus pensamentos. É algo díptero, resguardado nas profundezas da noite. E vale mais que todo o perfume nas tuas cartas, todas as tuas palavras de consideração passada, de paixão expirada. Já passou uma semana e nada de ti, não espero mais do que já me deste, o silêncio profundo onde me voltei a encontrar.

domingo, 21 de agosto de 2011

Lições de humildade

Nem tudo é o mesmo a toda a hora. Às vezes temos de mudar as nossas convicções, as nossas ideias, o que pensamos ser. É tudo uma lição de humildade com sabor a humilhação. Mas no final suponho que isso seja o que significa crescer. Ser-mos ensinados para um dia podermos ensinar. Somos quebrados, tirados dos nossos mundos irreais onde tudo sobre nós é perfeito, ou assim queremos que seja, e vemos que estamos num patamar abaixo de muitos outros com uma vivência mais longa, com uma experiência maior. Talvez nem por isso, talvez porque eles não tiveram medo de viver a vida enquanto que nós fomos criados em conchas e não saímos do casulo em que nos envolvemos. A vergonha é nossa, pelo menos por enquanto. Mas sonhamos, eu sonho, em tudo o que possamos ser, em tudo o que podemos realizar. Até existir mais uma lição de humildade que nos envia para a cama para dormir sem sonhar.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Talvez o silêncio ilumine este dia

Talvez o silêncio ilumine este dia
Tão amaldiçoado por todas as verdades cuspidas,
Talvez a noite traga o barulho para me serenar a alma.

Não há palavras para acalmar a pessoa que conhecia,
Se era conforto que ela precisava não tinha palavras conhecidas
Para lhe trazer calma.

Ao invés um novo ciclo acabou,
Algo que nunca foi realmente algo apreciado,
Apenas um fardo.

Retorque ao sentimento

Já deixei de tentar. Não encontro explicação, é-me difícil escolher e verbalizar as palavras para explicar o que sinto quando estou contigo, quando estou dentro de ti. Também não sei o que te diga quando tudo o que falas é das noites passadas, de quem passou e já cá não existe, de tudo o que é exterior a estas paredes. Calo-me. Deixo-me em silêncio porque essa é a solução. Fico a ver-te pintar as paredes de todas as cores dos teus sonhos e pesadelos, alucinações e perseguições. E gosto. Ver-te exposta a mim em mente numa tinta temporária que fica na minha cabeça, ver-te dada a mim nua, com a tua pele de sede a roçar a minha tão inadequada, tão inexperiente. Tremo só de te ver. E então fecho os olhos porque tudo isto não passa apenas de um sonho para mim. O sonho mais real e agradável que já tive.
Tudo em movimento. Mais que um formigueiro. Quando te vejo do outro lado da rua, do outro lado da sala, do outro lado quarto. Quando vejo o teu sorriso, tudo em mim conquistas. E tudo em mim é atirado para o lado, caio para um estado de êxtase e felicidade, o mesmo que não consigo explicar. E em mim todo o teu ser existe, até mesmo aquela parte que recusas, aquela parte que negas ter. De mim tudo terás menos o que te destruir, o que arruinar o teu interior e te tire de mim. De ti recebo apenas o silêncio que confirma o destronamento do meu sentimento, substituído por algo que nunca chega realmente a ser o suficiente.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tu, aqui, comigo

Se me perguntarem, sim, preciso da tua voz para me encantar o dia. Preciso do teu olhar para me iluminar, preciso das tuas mãos para ter algo para adorar. Preciso mais de ti do que as flores do Sol ou o coração de sangue. E não há mal nisso. Há apenas espaço que resta a percorrer, espaço que denominamos de vida, espaço que se vai sempre encontrar entre nós e que iremos estrangular, afastar com os nossos corpos. Que interessa se não há tempo para vivermos e amarmos o suficiente? Fugimos da chuva, refugiamos-nos nas escadas de um prédio qualquer e conquistamos esse tempo, fazemos valer o que temos. E o que temos é mais do que qualquer chuva, vento, Sol ou noite possam ameaçar tirar. Somos mais fortes que tudo isso.
Dança comigo esta música o mais lentamente possível. Deixa-me agarrar-te perto a mim, encostar a minha cabeça ao ombro e sentir a tua respiração, cheirar o teu cabelo, ter a certeza que estás comigo. Vamos dançar a noite inteira, esperar pelo Sol sentados na relva e cheirar o orvalho. Ver o Sol nascer contigo agarrada a mim, tão cansada que poderias simplesmente adormecer nos meus braços. Afagar-te o cabelo, esperar que feches os olhos e que me dês o sinal de que confias plenamente em mim. Olhar para o céu azul e finalmente aperceber-me que estou a sorrir e pensar "estou apaixonado" e simplesmente não me importar. E esse é o tempo que conta, não os minutos contados de uma vida inteira porque quem os conta é quem realmente os perde.
Vamos ouvir as baladas mais uma vez, é assim que me sinto contigo. Como numa nuvem, como se o mundo não fosse tão pútrido e morto, como se as pessoas não julgassem outros por se sentirem felizes, que não os odiassem por terem um sorriso na cara. Vamos continuar assim, ninguém que nos olhe assim merece um milímetro da nossa consideração, ninguém nos pode abalar. Vem, deita-te comigo na cama, deixa-me sussurrar-te o que sinto por ti mais uma vez enquanto das colunas sai a melodia que tão bem conhecemos, que tanto nos diz. Fica aqui comigo uma vez mais, não entra nenhum mal neste quarto. Apenas tu e eu. Como devia ter sido sempre, como quero que fiquemos.

Pink Floyd - Wish You Were Here

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

São palavras que se repetem

Adoro a nossa paixão. O teu sorriso, o teu olhar, o teu simples ser. Seres igual a mim mas tão diferente, estares tão afastada fisicamente de mim que me dói ter-te tão próxima ao meu coração. Adoro ver-te nas noites mais escuras. E é possível ver-te apenas porque tu brilhas mais do que qualquer estrela, mais do que a Lua, mais do que o próprio Sol. És uma chama em mim que ameaça nunca se extinguir. Adoro acima de tudo as tuas palavras, as que envias do coração, não aquelas que pensas serem as que me servem ou que quero ouvir. Adoro-as porque fazem tudo isto real, fazem tudo isto verdadeiro, com significado. Adoro-as porque elas merecem a minha consideração, são perfeitas no seu momento e encantam o meu coração, fazem-no chorar e dançar a sua doce melodia. Mas são palavras de hoje. É tudo de hoje. E como o Sol se põe hoje e dá caminho à noite, amanhã ir-se-à erguer e eu temo que tudo seja diferente.
São modestas as palavras que te ofereço. O meu coração já pode outrora embarcar mais mas ele não tem a profundidade da tua alma e a tua grandeza preencheu-o de tal forma que já não consegue cá entrar mais nada. Basta-me simplesmente pensar em ti que as palavras vêm à mente. Mente essa que é uma perturbada e inspirada boémia, vive nas ruas do sonho, onde se encontra sempre contigo. Mas diz o que o coração não consegue passar cá para fora, sem vaguear, sem variar o seu interesse, tu. Então quem é o vilão nesta história? O medo. Medo de que te vás embora, medo de que tenha sido cego, enganado pelo meu próprio amor e que tudo isto seja ilusão. Medo de que quando vou à tua rua esperar que venhas à varanda para me ver durante a noite, simplesmente deixes de vir. Medo de que me olhes como se fosse qualquer outro. Ele domina. Aperta o cerco ao coração e não deixa nada entrar ou sair. Mas tu alimentas-me a coragem de continuar. E por isso ainda resisto, o medo ainda não me conquistou.
És tão perfeita hoje como foste ontem. Isso nunca muda. Podes não ser perfeita aos olhos de outros mas és perfeita para mim. Encaixas-me tão bem no ser que é difícil acreditar que és outro ser que não eu. Mas és. Mais do que isso, és a visão dos meus sonhos, algo que quero sempre tão perto de mim mas que me parece fugir em medo quando faço um movimento mais repentino. Precipito-me apenas porque gosto das tuas palavras, quero-as sempre a chegar aos meus ouvidos, a serenarem-me numa noite de tempestade. São palavras que se repetem, sim, mas isso não faz delas palavras com menor significado do que tinham ontem. São palavras que vou agora repetir sob a luz do luar, na tua rua, enquanto me vês da varanda com o teu sorriso que tanto adoro. São palavras que quero repetir esteja Sol ou chuva, dia ou noite.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Consistência

Ah e a noite? A noite é um silêncio permanente que nos preenche os sonhos. Não os sonhos de quando adormecemos mas os sonhos que nos permitimos sonhar para sorrirmos na cama, imaginarmos alguma outra coisa, outro lugar, com alguém. É algo incomodativo mas sempre bem vindo. Porque precisamos do descanso, não dormimos quando morremos, morremos quando alguém nos decide acabar com a felicidade. Essa é a verdadeira morte. E é uma morte que nunca vem com a noite. Por isso é que é tão bela, por isso a adoro tanto. Como a chuva, nunca me desilude, nunca me abala. A única coisa que me abala é a fraqueza humana, as cicatrizes que formam crosta e impedem qualquer coisa nova de entrar. As cores mantêm-se as mesmas, tal como as palavras. E eu suspiro em vão, à procura de algo novo...

domingo, 14 de agosto de 2011

Vuelve a escuchar tus palabras

They gave you lies. They all gave you filthy lies to make you close your eyes, to ignore the terror and pain others feel. They hid away, kept you away and said it to be for your sake. Lies, all lies, for who's sake? And you swallowed their lies, lived their lifes, kept in silence and in darkness, you were blind, you couldn't do anything more the moment you decided to throw yourself away. And time maintained the lie, even when you shivered, even when you wept. You fell and now you don't feel. Now you just lie on your bed gazing at darkened skies without the slightest shadow of wonder.
Quien es tu verdadera persona, quien se muestra tu amigo en noches de  frio y soledad? No tiene importancia, tu eres tu proprio amigo, tu eres tu completo ser. Nada mas, no mas palabras, un silencio en honor do que lo fuiste en otros tiempos. Adelante está tu vida, tu mente. Prosigue sin miedo, contra el viento, contra la tormenta. Y en el fin te vas a deparar con una felicidad que nunca has habido sentir antes.
Até o mar é negro na noite. E igual somos nós por dentro. Rebeldes misteriosos que nunca têm a certeza de quem são, o que fazem, o que significa o que escrevem, o que sentem. E tal sou eu, sem causa nem aviso, tal com as nuvens que se aproximam na escuridão da noite para transformarem o dia na sua própria escuridão. Sem que possa sequer reflectir desejo poder pensar não sentir e sentir sem pensar, conseguir avançar na rua sem procurar melancolia para não ser um conteúdo vazio e voltar para casa sem me lembrar do que uma noite foi e como o nascer do Sol tem algo de mágico. Gostava de poder analisar e sentir as palavras, beber copos cheios de pensamentos que me adiantassem para alguma coisa. Mas sentir é pensar que não estamos cegos ao mundo e pensar sem sentir é perdermos-nos na nossa própria humanidade evolucionária que eventualmente deixa tudo para traz, tal é a sua natureza.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Secure of a dream

Secure of the absence of words, I'll find there's always fear that there won't be anymore. And fear won't stay for long, the night is long and there's always a way to break the silence, pick up the pieces of what has been broken and put it together as it always should be. Even a men with nothing to accomplish has a dream. And that dream can be of all the colours, of a one winged woman offering immortality to the men for his love, of a wall that keeps all the evil and cold outside. That dream will stay on and on...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A trip back

A trip back the past, a step back in the progression of my character, visioning what it was back then, what I miss so much and that I don't have anymore. I'm gradually starting to lose all perception of space and time. I drift through this blank pages searching for some sentiment, some meaning, all they reflect is a personal growth that brought me nothing. And now I'm left with silence, lost for words...



 Lost For Words - Pink Floyd

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Zhelia VIII

Segue-me pela rua, absorve a revolta que atravessa e nos deixa incompletos, caminha em silêncio, todo o furor e barulho nesta guerra já é suficiente para fazer a terra chorar. Vê a minha silhueta, segue-a. À luz que vês, os meus olhos de lobo e sorriso de serpente, acreditas em que animal de mim? Por onde acaricio o teu corpo, o que importa, caminhamos na direcção contrária da multidão, nas ruas escuras, iluminadas agora pela Lua que se recusa em oferecer luz pura às ruas que já são fomentadas por destruição e crimes contra irmãos. Corre comigo por entre toda esta confusão, tenta escapar à anarquia de pensamentos que te passam pela cabeça, não te vão ajudar em nada. E por entre arrecuas da memória fica a lembrança do nosso plausível tempo passado juntos. São nessas arrecuas que vais achar todos os sonhos e felicidade que eras antes de conheceres este mundo. Este mundo do qual foges agora. Demasiado pequeno para conter as tuas lágrimas, demasiado magoado para suportar toda a dor que tu guardaste dentro de ti e agora procuras expulsar. Mas cuidado que as palavras ardem. Ardem tanto ou mais que o fogo que tomou conta das ruas. Ardem tanto que tudo o que podemos fazer é fugir para longe, para onde apenas as estrelas nos vejam e gritá-las para os confins do Universo, esperar nunca as sentir outra vez.
Dizem que somos os nossos piores críticos. Sabes o que tu és? És o que não vejo em mim, toda a bondade e inocência que nunca desejei ter, que nunca sonhei segurar nos meus braços. Mas agora aqui estás. Entre dunas, deitada sobre a areia fria, a olhar para as ondas distantes. Nesta escuridão da noite, onde a Lua já se escondeu atrás de nuvens, onde até o vento se recusa aparecer, és a única luz natural e pura que ainda brilha. E sem medo! Sem medo porque tens o que consideras pior agarrado a ti ou sem medo porque sabes que quando tudo isto acabar também a tua dor irá dissipar? Não me digas a resposta, tenho mais medo de voltar a ver medo na íris dos teus olhos do que milhões de tochas e uma multidão a querer matar-me enquanto permaneço encurralado. Ah, encurralado. É o que me deixas agora, com o teu sorriso, com a tua ingenuidade, com o teu sopro de alívio quando te deitaste no meu regaço. Livre de toda a maldade, de tudo o que actualmente significa ser humano, és tu, uma mariposa que gosta de pousar em flores carnívoras e sorrir apenas para fugir enquanto essa flôr ainda está demasiado atordoada com a tua beleza e simpatia para obedecer ao seu instinto animal. E essa flôr sou eu. Eventualmente vou-te magoar e abandonar à tua tristeza, à tua fragilidade, deixar-te para seres devorada por coiotes e abutres da sociedade, tornando-te apenas numa carcaça que faz os que passam por ti perguntarem-se o que terias sido antes. Mas ainda estou pasmo contigo, com tudo o que me dás, deixo-me aproveitar de ti enquanto tu me ofereces essa oportunidade. Esta noite é o delíquio de todos os horrores que nos atravessam.
A tua vida é o delírio da minha existência, és as palavras que me parecem escapar diariamente, a cada minuto, pelo pensamento, derivadas do sentimento. E quando já não há sonho que reste sonhar, sonho com o teu sorriso e como gostava que fosse eterno. Mas é efémero, todo este sentimento, toda esta alegria, acima de tudo, esta noite. E isso entristece-me. Mais do que tu nunca teres existido, mais do que apenas a revolta, violência e crimes existirem, mais do que a noite ser algo solitário em que me encontro sempre a olhar para o tecto a imaginar-te e como seria ter-te na realidade, de ir viver contigo para qualquer outro lado que não este. Mas não há lugar seguro agora. Não há espaço neste mundo para nós. E o pior é que o adoro quase tanto como a ti e não me vejo a abandoná-lo. Apenas sem ti encontro razão para continuar a vê-lo tão cegamente como o vejo hoje, de céu vasto azul e de Sol resplandecente. E esta tarde parece ser interminável, composta de um tédio e ódio de nada melhor saber fazer que arranjar desculpas para nada fazer. Espero por ti para me mudares e espero de mim uma resistência que nada alterará na minha vida mas que tudo quebrará na tua. Mas não te magoes, o lobo em mim continua a chorar por nós e a serpente sorri por não ter inocente para engolir. Serei algum dia alguém para ti mas terás a força para me entrares e seres alguém para mim?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pelo oceano

Quero estar pelo oceano, as ondas a carregar toda a espuma até terra. Quero uma visão mais alargada do céu, com nuvens sem denúncia de malícia, toda esta beleza incorporada numa só tarde de serenidade. Até à vista do horizonte, até à conquista de uma renovada mente, aquele que diz o que sente, que o demonstra honestamente. Espero a brisa de Verão para me ofegar o peito nu, a água fria para me acalmar o espírito, o quente Sol para me iluminar a mente. Sussurrar a melodia do vento que passa à pressa por entre as árvores para chegar até mim, uma alma celestial e álgida. E pela sua breve e muitas vezes mal interpretada afecção por mim eu escondo-me, refugio-me entre as rochas e espero o pior passar, ela levando a areia consigo na sua raiva e frustração, passando por mim sem me acenar um adeus. Uma triste melodia é cantada uma última vez e tudo regressa à tranquilidade.

domingo, 7 de agosto de 2011

Um poeta sem sentimento

Um poeta que não tenha sentimento
E que não ache em si uma ponta de significado,
Que olha para o céu e não se sente abalado ou inspirado
Pela sua beleza ou pelo seu mistério de momento
É apenas mais um forjador de engano e um mentiroso,
Uma vergonha para si para outros
Que lêem e sentem cada palavra de desgostos rotos
E que não tem o meu respeito ou admiração, desejo-lhe senhor que caia num poço!

Níveis

Há vários níveis num ser. Tal como na justiça e na sua definição. Mas apenas os cegos a vêem. Vêem mas caminha cegamente, a justiça veta o seu fado e favorece a ironia agridoce. Têm, dão, em silêncio ou gritando do fundo dos pulmões, a sua própria vida, experiência, voz de revolta. Revolta de ter um mundo tão belo para percorrer e apreciar e não o poderem sentir com os olhos, de quererem transmitir sentimento a partir de cores mas não verem nada mais que um vasto e tirano escuro. E justiça fica conservada no fundo, debaixo de dor e tristeza, da vontade de mudança. Ignorada e mal tratada voa para outro lado.
O certo é a sombra da sociedade, algo que está lá permanentemente mas que é ignorado, apesar de estar à vista de todos. É falada por bocas sujas de corrupções e traições, incitada a praticar por ladrões e assassinos e sonhadas por aqueles que não podem ou não têm a coragem de a praticar. Algemas e correntes que prendem o correcto ao chão e não o libertam, por mais que ele se esforce, por mais que ele chore e implore por um pouco de luz do Sol e ar puro. Não há um apriorismo que é evidente faltar, o método de confiar e esperar pelo melhor já foi provado não dar frutos. É um imperialismo de convencionalismo que a sociedade implementou a favor dos mais poderosos.
Eu imagino uma estrada longa onde as cores são variadas e intermináveis, com muito Sol e espaço para correr, dormir, relaxar. Imagino uma estrada longa que não seja apenas dois metros de sucesso e felicidade e o resto um cinzento de desapontamento e facilitismo, onde cada gota de suor e sangue são oferecidas àqueles que nada o fizeram para merecer. Não dou a minha consideração a quem tem uma faceta que lhe é conveniente em público e outra que é o rosto da ganância e avidez. Não nesta sociedade enquanto poder imaginar algo melhor...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Colectivo

Que seríamos nós sem a nossa individualidade? Refugiados numa multidão de pensamentos iguais aos nossos, salvos de nada que não uma espelho que nos segue para todo o lado a todo o tempo. Vale de tudo menos esquecer os valores partilhados por toda a gente. Uma sociedade frágil e que se deixa assustar com o vento e a chuva, que a nada resiste e de tudo desiste apenas porque o anterior baixou os braços também. Uma crença popular que se tornou num desastre peculiar, um Inverno e tudo acaba. Escondidos no seu casulo, à espera do primeiro a ter a coragem de sair mas não há erudito aqui para se demonstrar e liderar. Então todos ficam na fome, escuro e frio porque o vizinho está na mesma e assim deve ficar. Um dia tudo acaba mas aqui a individualidade não teve tempo de nascer. Um colectivo extinto que nunca se deu verdadeira hipótese de sobreviver...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Palavras

Certamente o vento levou consigo as minhas palavras. Procuro-as. Não sei a sua forma exacta mas procuro nas folhas caídas algum rasto delas. Algum sentimento, algum significado. Escondem-se por ruas do desconhecido, ruas que caminhei antes e continuo a caminhar agora. Dança-se por aqui à melodia do vento enquanto eu, mundo, vejo apenas a calçada suja de uma festa permanente, atravessando a noite e prolongando-se pelo dia. E sem sinal das minhas palavras, escondo-me nas sombras do silêncio, onde o vento não passa, onde ninguém me vê quieto, não quero dançar.
Acredito na inocência e beleza deste planeta. Em todas árvores carregadas de frutos e vestidas de folhas verdes, de flores que crescem ímpares de dor e seca, de lagos que reflectem a beleza oferecida. Acredito nas intenções subliminares e subtis da Deusa, acredito nos meus passos lentamente dados e nem sempre pensados, acredito na minha sorte que caminha a meu lado todo o tempo e faz com que o acaso pareça propósito. Acredito no que está para ver mas desconfio sempre das minhas palavras, da sua intenção, do seu sentimento, se alguma vez existir. Como uma folha velha e morta, as minhas palavras estão desgastadas, fartas de serem repetidas. Quero algo novo para acreditar mas nestas ruas tudo o que existe é permanente. Nada é novo aqui.
Coragem jovem de alma envelhecida, coragem. Resoluto coração transmite força à mente para continuar a caminhar por cidades de betão e cimento, ruas antigas, paredes que contam histórias que apenas alguns se dispõem a ouvir mas que se perdem neles. Abre os ouvidos e recolhe o canto sereno do vento, ele indicar-te-à onde as tuas palavras se recolheram, encontraram abrigo, refugiadas da tua dor. E segue o velho trilho, merecedor de consideração e memórias, no final um sorriso. Em silêncio e calmamente continua a caminhar, as palavras merecem a perseverança.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A ignorância e esperança

Não se encontra nesta escuridão provocada por ignorância uma aceitação, uma demonstração de sentimento que não seja censurada. É triste a necessidade quase fisiológica dos humanos em julgar outros e classificarem-se a um nível superior, pagando por poder e usando esse poder para manipular - leia-se destruir - as mentes das novas gerações, tornando-os clones, ciclos viciosos que deambulam pelas ruas sem saber bem porquê. Todos os dias encontram-se novas notícias e novos acontecimentos que tentam moldar - leia-se manipular - as mentes dos jovens. E cada dia que passam as gerações mais novas, a minha incluindo e falando por e sobre mim próprio também, ficam mais burros, mais desinteressados. Não culpo, pelo menos não totalmente, os jogos e o fácil acesso a todo o tipo de informações hoje em dia. Até acho uma mais valia, aqueles que nascem com a curiosidade e vontade de saber mais conseguem-no mais rapidamente e despontam mais facilmente. Mas culpo esta geração de músicos e celebridades que dão como exemplo a seguir a sua própria mente invés de os - leia-se "nos" - impulsionar a procurar a nossa própria personalidade e estilo. Quanto aos jogos, sim há toda a violência e sangue - esta parte foi sarcástica, ambos pertencem à vida - mas há também o treino de reflexos e pensamento rápido, tal como no desporto. Óbvio que um equilíbrio entre os dois é sempre desejável, nem que seja para arranjar uma relação no futuro, mas nem sempre acontece.
O que estou a tentar dizer é simplesmente que já não se pode esperar muito das futuras gerações, muito menos viver em Marte. Estamos a voltar aos macacos, sem haver o risco da população humana deixar de existir. Então restam duas esperanças, génios que existem em todo o mundo que equilibrem de certa forma a ignorância ou que 2012 (ou algum "evento" desse género) faça uma reciclagem a este planeta - entenda-se isto como uma forma de esperar um novo ciclo de forma humana e não um suporte a sociedades secretas que premiam apenas a elite.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Há qualquer coisa

Há qualquer coisa escondida na noite, uma magia duradoura, como uma visão, como um rio sob a luz do Sol de Verão que corre tão profundamente nas nossas almas. Há qualquer coisa nas viagens que a mente faz para passar o tempo, qualquer coisa nos prados que nos inspiram tanto que por vezes não temos palavras suficientes para os descrever, podemos apenas passar dias e dias a escrever sobre o verde pelo qual caminhamos, o verde que continuamos a ver à nossa frente, a beleza inexplicável. Imensurável a verdade que nos é transmitida num pequeno pedaço de Natureza pura em contraste ao mundo de betão em que vivemos. Há qualquer coisa aqui que não se pode explicar, uma atracção que não deveria existir, um desejo que continua a ribombar durante a noite...

Rua da Falésia do Algodio

Deusa, quero a simplicidade. Quero a espontaneidade, a vontade, a força de vontade, a coragem. Quero o diálogo em contraste ao monólogo, quero a partilha em vez do egoísmo. Quero a filantropia ao oposto da minha eterna misantropia. Ofereço o conhecimento, o medo, o silêncio. Ofereço-te até as minhas palavras, silencia-me para sempre mas deixa-me uma visão tua e uma duradoura gaguez para descrever a tua beleza.
Esta é a beleza do Inverno. O cinzento, a incompreendida decisão, o isolamento das pessoas, a sua pressa para chegar às suas casas e se aquecerem. Sente-se a animosidade, é palpável a tensão que as pessoas sentem apenas de caminharem sob a chuva. A mim faz-me sentir vivo. Dá-me energia. Quanto mais corro mais energia tenho, desde que a chuva me caia em cima. Pode ser inanidade da minha parte dizer isto a mim próprio mas a realidade é que me encontro a sorrir com este tipo de coisas parvas. Até as aves passeiam longe do mar. Gaivotas pousam no parapeito da minha janela, olham para o mar com o seu instinto tal como eu lhe olho com melancolia depois de um copo de vinho tinto. Chove, chove, não deixa de chover. Igual ao meu prazer de ver da minha casa as pessoas a correr para fugirem a meras gotas de água.
Os dias passam por aqui, tal como as pessoas. O tempo é um criminoso que foge de mim com a vida que me pertence. Aqui chegam maresias e tempestades, o vento sopra furiosamente. Brevemente vê-se um redemoinho de areia a ser criado na praia, hoje vazia, tal como esteve ontem, tal como vai estar amanhã. Uma valente alma caminha ainda na rua, chapéu de chuva aberto, cabelos loiros a esvoaçar. A pressa é a habitual mas a tensão é substituída por medo. Medo de não saber onde quer chegar, medo de não chegar a tempo ao devido sítio. Não parou para lhe perguntar. A casa está vazia, apenas reina a melodia da música celta que deixei a tocar na aparelhagem. Tal como a casa encontra-se a rua, vazia. E o sentimento instala-se.
O movimento é sempre fraco por esta rua, até a própria tinta do meu prédio ameaça ir-se embora. A vista para o mar é a razão para me instalar aqui e aqui ficar. Não conheço aqui ninguém mas toda a gente se conhece. Há um tal isolamento na minha pequena casa que me vejo obrigado a trocar a alegre música celta por um pouco de jazz, um tributo à minha misantropia actual. E danço sozinho, espero que temporariamente. Mas tudo o tempo dirá, como sempre disse. As nuvens ameaçam ficar aqui, espero que alguém pare para me perguntar se eu quero ficar também.

                                                                                     I Can't Stand The Rain - Cassandra Wilson

Nota: O nome da rua foi escolhido ao acaso, não tem qualquer ligação ou validação na história aqui apresentada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Árvore de mil ramos

Há uma árvore de mil ramos,
Há uma árvore de mil canções,
Mil harmonias concedidas por mil hegemonias,
Mil demagogias destruídas por mil sentimentos,
De revolta, frustração e sede de liberdade,
Liberdade que tem como sua face uma árvore.

Adormecer

Cada vez que adormeço morro. Páro o tempo da minha existência, os pensamentos que outrora correram fluídos são agora meros esquecimentos com que brinco ocasionalmente. Cessa de existir a fácil fluência da minha racionalidade, os meus instintos mais primitivos tomam conta. E fecho os olhos. Luzes apagadas, tudo no silêncio da noite. E a demagogia que governa esta prisão de cansaço é cansativa por si só. Acordar é já um sistema pré-designado no interior do meu cérebro que se revela incapaz de se iniciar por si só de bom grado. E a noite é a conquistadora dos meus sonhos e desesperos, é quando me sinto mais em casa, sob um céu estrelado ou uma chuva que ameaça criar um rio e levar tudo daqui. Incitar em mim uma linha de raciocínio é o mais agradável que consigo tirar da noite, dormir é a ameaça apagar o prazer de estar vivo e pensar.