Já passou uma semana e nem uma palavra vinda de ti. Nem um olhar, nem um suspiro, nem um sinal. Já há muito descolaram os indícios de coragem e determinação, deixando para trás a solidão que dá razão ao alento de te perseguir, encontrar, beijar. Talvez uma razão algo maníaca mas o teu silêncio tem uma tendência em arrefecer as minhas noites, em frustrar as minhas tentativas de não rever as cartas que me escreveste quando poderias simplesmente vir à minha casa e beijar-me, de as cheirar para me lembrar do teu cheiro. Mas dão razão ao sentimento, alimentam a esperança e a desolação. São uma faca de dois gumes.
Não consigo ganhar. Contra isto, contra o vento, contra a falta de sentir as tuas coxas nas minhas mãos, os teus lábios cerrados nos meus, os teus olhos caridosos que me gritavam que me irias amar para sempre. Com cuidado caminha noite esperando que cada sombra seja a tua silhueta a vir na minha direcção, que cada som seja a tua voz a chamar-me, que cada janela com luz sejas tu a olhar para a rua e veres-me passar com um sorriso. E a noite embala os meus sonhos, irrealistas como tu sempre lhes chamaste, e permite-me andar durante o que pareceram horas sob a luz da Lua. Apesar de toda a conspiração contra os astros e o que eles permitem, esta tem sido a noite em que tenho pensado mais em ti, em que eles me têm ajudado mais.
Encontrarás algo no silêncio: ele diz sempre a verdade. E permitir-te-á ouvires-te. Consolar-te-á com a sua frieza, esclarecer-te-á a mente. Dir-te-á que quem não está contigo não merece os teus pensamentos. É algo díptero, resguardado nas profundezas da noite. E vale mais que todo o perfume nas tuas cartas, todas as tuas palavras de consideração passada, de paixão expirada. Já passou uma semana e nada de ti, não espero mais do que já me deste, o silêncio profundo onde me voltei a encontrar.
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