domingo, 7 de agosto de 2011

Níveis

Há vários níveis num ser. Tal como na justiça e na sua definição. Mas apenas os cegos a vêem. Vêem mas caminha cegamente, a justiça veta o seu fado e favorece a ironia agridoce. Têm, dão, em silêncio ou gritando do fundo dos pulmões, a sua própria vida, experiência, voz de revolta. Revolta de ter um mundo tão belo para percorrer e apreciar e não o poderem sentir com os olhos, de quererem transmitir sentimento a partir de cores mas não verem nada mais que um vasto e tirano escuro. E justiça fica conservada no fundo, debaixo de dor e tristeza, da vontade de mudança. Ignorada e mal tratada voa para outro lado.
O certo é a sombra da sociedade, algo que está lá permanentemente mas que é ignorado, apesar de estar à vista de todos. É falada por bocas sujas de corrupções e traições, incitada a praticar por ladrões e assassinos e sonhadas por aqueles que não podem ou não têm a coragem de a praticar. Algemas e correntes que prendem o correcto ao chão e não o libertam, por mais que ele se esforce, por mais que ele chore e implore por um pouco de luz do Sol e ar puro. Não há um apriorismo que é evidente faltar, o método de confiar e esperar pelo melhor já foi provado não dar frutos. É um imperialismo de convencionalismo que a sociedade implementou a favor dos mais poderosos.
Eu imagino uma estrada longa onde as cores são variadas e intermináveis, com muito Sol e espaço para correr, dormir, relaxar. Imagino uma estrada longa que não seja apenas dois metros de sucesso e felicidade e o resto um cinzento de desapontamento e facilitismo, onde cada gota de suor e sangue são oferecidas àqueles que nada o fizeram para merecer. Não dou a minha consideração a quem tem uma faceta que lhe é conveniente em público e outra que é o rosto da ganância e avidez. Não nesta sociedade enquanto poder imaginar algo melhor...

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