quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Turdulorum Oppida

Sobe as escadas e espreita pela janela, o que vês? A ribeira adjacente à casa para nos acordar todos os dias com uma leve melodia. Acorda-nos todos os dias para nos saudar com orgulho da sua existência, para me dizer que sou meio completo cada vez que me afasto dela, que sou um todo quando olho para o horizonte e sorrio com a sua beleza. Todo este terreno, toda esta Natureza, magia no seu estado puro que nos abençoa todos os dias e todas as noites, vizinhos das estrelas e dos deuses, de tudo a que agradecemos à noite. Tudo o que vês oferece-nos tudo o que precisamos para viver, somos verdadeiramente abençoados pela Deusa.
Não há vergonha em andar à chuva, contra o vento, sobre o Sol seco, ver as folhas rebentarem e crescerem, verdejarem e finalmente morrerem e caírem, cobrindo o chão. Caminhar por estes vales rodeados por estas montanhas, é tanta a beleza a absorver e somos apenas duas solitárias almas que tão pouco têm a dar, tão pouco fizemos para o merecer. Vivemos, é-nos suficiente. Para quem isso não o for que pisem a minha terra com mente em sangue e sangue vos entregarei, cobardes! Aqui o vento sopra suavemente cantando um enigma que faz de nós uma oração, tudo o que podemos oferecer e o que nunca ninguém nos vai poder tirar, inimigo, é o amor e dedicação que temos no nosso coração por esta terra. Nem mesmo a tua força bruta.
O fogo queima a lenha na madeira e os relâmpagos trovam lá fora. Dentro desta casa de pedra cada gota de água é um sinal e cada trovão um aviso de que o céu pode cair a qualquer momento. Mas o medo não persiste, o lobo é destemido e o mocho sábio, a serpente astuta deita-se e espera pelo final do castigo, em breve haverá um arco-íris a cobrir os céus. Orgulho nos animais que nos acompanham e protegem a casa, lá fora o veado e o Corno são a nossa segurança e tranquilidade. Em breve a noite acaba e dá lugar à madrugada que vem sempre acompanhada das brumas e a minha felicidade eleva-se, ter-te nos braços é o melhor, minha beldade.
Se soubesses quão exequíveis são os meus desejos, meu amor, percorrerias todo o planeta para os concretizar. Mas não sabes, o meu silêncio é sinal da minha satisfação, este descanso onde nos encontramos é tudo o que peço. Sabes, no entanto, que não sou um homem de ambição larga e que muito me esforço para tirar sangue dos pensamento e com essa informação te manténs ao meu lado. És o refúgio aos meus problemas e à minha violência, és as palavras de aviso e tranquilidade dirigidas ao desapontamento em mim próprio. Sou tão passivo quanto a ribeira, sabes disso, graças a ti, desde aqui até à minha sepultura.

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