quinta-feira, 31 de julho de 2008

Colheita de Verão

E os ventos gritam lá fora, trazem a dor da distância, nunca complementando o vazio do coração. O sangue corre pelas veias desenfreado, aquecendo o corpo e fazendo a mente pensar, levantando o corpo pesado do coração. Algo ocorreu aqui, a obsessão pelo obscuro venceu nesta noite e o sangue foi derramado para levantar o verdadeiro mestre, Corno, que esperava há tanto. Uma nova sociedade para ser construida sob as mãos do Corno e os olhos atentos da Deusa, vestida de branco e a iluminar-nos alto no céu. Algo se ergue da Terra, um sinal de futuro e de renovação.
Acima de nós, uma estrela. Nós, apenas prisioneiros em corpos de musculos e ossos, fugimos para ser imortais. Fundidos com a Natureza, respiramos o seu puro ar e abrimos os braços para mais uma noite quente de Verão que passa e que nos enriquece a alma com energia para continuarmos a caminhar nesta terra. Aceitamos irmão entre nós enquanto consumimos o desejo do nosso corpo e libertamos a nossa semente para a terra. Neste chão fértil pisamos, deixamos a nossa marca para que outros nos possam seguir e continuar o que fizemos depois do corpo morrer. Uma última luz no final da escuridão e regressamos aos nossos corpos adormecidos.
Os lobos uivam e o rio chora, o corvo observa, calado, enquanto espera pela destruição e morte para se alimentar e governar esta terra em nome da Deusa. Dispo-me do meu desejo carnal e concentro-me na minha devoção. Vejo por entre paredes, por entre tempos, vejo-te a ti nos meus braços e um sorriso na cara. Na nossa casa ao lado do lago, longe do terror e sofrimento, no meio da floresta, num sítio onde ninguém nos encontrará, onde dormimos em paz e não desejamos acordar. As nossas mãos, atadas uma à outra, transmitem pensamentos e sensações. Que descanses em paz meu profundo romance, minha pequenina, acorda apenas quando achares que está na hora de fugir daqui.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Uma noite de calor

Vejo-te na varanda,
Despida ao luar,
Onde a tua beleza mandar
E o teu leve vestido é transportado pelo ar.

O teu corpo, nu,
Cria emoções dentro de mim,
Deixo de ser este ser cru,
À medida que atravesso este quarto até ti.

Toco-te na tua pele fria,
Percorro o teu corpo com as minhas mãos,
Encontro em ti uma alma a que posso chamar minha,
Que leva ao Inferno os homens santos.

Acaricio-te os seios,
Enquanto te beijo a nuca ligeiramente,
Seduzo-te por estes mesmos meios,
Naturalmente expresso-me sexualmente.

Levo a minha mão à tua coxa,
Toco-te de forma suave para sintas mais desejo,
Gemes alto de forma a que a Mãe te oiça,
E viraste rapidamente para que melhor te veja.

Actos eróticos são cometidos nesta noite,
Tendo apenas o crepúsculo como espectador,
Suspiras-me que o desejo roí-te,
E o fluxo de prazer vem do interior para o exterior.

Demon turned to dust

Just one pretentious movement,

Mexo-me por entre sombras do destino, caminho esta velha rua uma vez mais e nada me chama a atenção. sei que já vi esta paisagem toda antes, ignoro todos os movimentos que são feitos à minha volta, todas as mortes por causa do passar do tempo. Não sangro nem choro, não embato com uma folha nem contra uma árvore. Encontro este caminho coberto dessas mesmas folhas, mortas, e mesmo aí não choro, pois a morte não é um mal, é uma bênção, não é um fim, é uma continuidade. Regresso às sombras que sempre de braços abertos me acolheram, um filho da sua misteriosa hipnose.

The darker mystery's in the night,

A Lua ilumina-me a infinita estrada que se dispõe à minha frente, limpa-me os pensamentos e mantém-me cheio de energia. Esta noite não haverá mais sacrifícios de animais, os verdadeiros filhos da Mãe Natureza, para alimentar humanos, mortais. Vezes sem conta me alimentei de sangue e carne de lobos que perto de mim vageavam, procurando alimento. Eles, predadores, acabavam por se tornar as presas. E eu, vazio, era vigiado de perto pelos corvos que se mantinham nos ramos de árvores, lendo o corpo sem alma que eu me tinha tornado. Então via-se uma lágrima de sangue a escorrer-lhes dos olhos por um filho imortal da Mãe, um filho que se perdeu.

A remorse deep in the blackness of the soul,

Não falo, apenas oiço e vejo, analiso tudo com a minha mente para deixar a minha alma voar livremente por entre árvores novas e velhas, encontrando almas perdidas que assombram as fogueiras com ameaças de vento. Dedos foram-me apontados e acusações foram feitas mas no fim eram os corpos deles que jaziam no chão, mãos para o Céu a pedir piedade por mais um pecado cometido. Não voltei a usar a minha espada desde então e desde então que a guardo como amuleto ao pescoço. Em vão medito por noites de calor e gelo, em vão me relaciono com lobos e veados, corvos e águias, salmões e enguias. Em vão me dedico ao prazer carnal com uma ou mais mulheres numa noite, nunca sob as estrelas pois esse lugar é sagrado, esse lugar é Nosso. Palavras foram desperdiçadas e agora nenhuma mais tenho para descrever o que me vai por dentro.

A demon turned to dust,

And I avenge,
With the power of the Moon,
Soul made of rage,
This demon died in the womb.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Time

Isn't it hard to remember,
The rain that fell that November,
How hard was the time that passed us by,
When we kids so innocent that we believed that we could fly.

But now the times are hard,
And you continue to make me sad,
Your heart's cold,
Time is here just to make us old.

Can you believe that the November rain is gone,
Can you believe that in the end I'm always alone,
Left behind to heal the wounds,
And to dream without any bounds.

I've lost my credence in your smile,
My confidence even stayed here for a while,
My soul reborn in November,
As I touch yours in December.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

So the curse lives on...

O que virá, virá. Passo por outra esquina desta vila com este pensamento, sentindo-me pesado e cansado, precisando de algo de novo para mudar a rotina a que tu me habituaste. Abraço a noite, esperando que me apareças de surpresa na frente e que me deixes deitar no teu regaço, enrolado nos teus braços e sonhar até não haver mais limites. Mas na minha frente só existe o olhar e luz da Lua que me vai iluminando o caminho por entre ruas perdidas e destroços de um grande império de outrora. Grito para grutas para ouvir o meu eco e aproveito o silêncio para destruir um pouco mais da minha mente. O vento leva a serenidade que já em mim habitou, tão brevemente...
Respiro as aragens da montanha mais alta, coberto de sombras de árvores e folhas de arbustos, remexendo novamente na minha alma, procurando uma visão, uma silhueta de ti mas tudo o que eu encontro é um grande vazio que palavras não servem para preencher nem descrever. Viro a atenção para o ar que rodopia e imagino a tua face desenhada nas nuvens, cobrindo o céu azul com lágrimas cinzentas que queimam todos menos eu. Volto à minha realidade onde estou sozinho mas rodeado de sombras coloridas que nada significam para mim, estão apenas de passagem. Olho sem lágrimas e tento voltar a identificar-me com a indiferença e a insensibilidade. Viro-me para o orgulho e uso-o como escudo, escondo-me atrás de um sorriso morto.
Re-conto histórias de tempos passados, figuras inexistentes, fantasias de uma mente infantil, aproveito o dom que Ela me deu para conquistar as raparigas mais difíceis e rejeito passar a noite ao alento sem ninguém nos meus braços. Conto-as por entre braços presos na vergonha, fixo-me no meu olhar e vejo se ainda brilha lá algo e tudo o que encontro são as tuas palavras perdidas numa noite de calor emocional. Fizeste-me sorrir e com essa mesma velocidade mo arrancaste. Fizeste-me sentir seguro e ter a certeza de que um dia irias ser minhas mas até isso levaste na tua viagem para longe de mim. Pinto este quadro de negro com palavras de desespero que faço transparecer num mar de subtis conversas e sexo sem sentido. Finalmente, com muito pesar te digo, you've been nothing but a friend to me... tristemente porque tu sabes que eu quero mais que isso mas sinto que te perdi de vez.

Proclaim - destruction

I finally found you, why can't you find me?

I'll wait for you and for me...

Funebre words

Given to lust as I turn to dust,
Admit adultery when blood thirsty,
Cover in lashes when I decay to ashes,
It's fade to black when I'm alone, a dyeing rack.

domingo, 27 de julho de 2008

Lenda do licantropo jovem

O corvo abandona o seu ramo, observando de longe a presa prestes a desistir da sua vida,
Recusa-se a voar para o desconhecido pois sabe que há luz além do horizonte,
Entrega o seu sangue à Lua como sacrifício à alma do homem moribundo que jaz ali perto,
E os seus olhos, negros, são a visão de ódio face a uma morte desconhecida.

Todo o erotismo deixado para trás, a escuridão torna-se numa prisão,
O alto mar trás as recordações de crianças perdidas para todo o sempre mas ainda seres superiores a nós,
A alma torna-se um refúgio às memórias deixadas para trás, dores negligenciadas,
E todos os humanos, licantropos sobre a luz da Lua, deixados para trás como seres malditos.

No culminar da sua juventude, o licantropo derrotado segue para floresta,
Observa os olhos da morte através do corvo, desejando a ponta de sangue oferecido como sacrifício,
O amor da jovem já não era nada mais que um sonho e assim se lançou,
Braços abertos ao vento que trazia consigo a foice da morte e que levava o seu último suspiro.

Benīgnus hominem, Misha

Deixem-me adormecer para num próximo dia acordar com a visão dos seus olhos direccionados directamente para mim. O frio e o calor já não afectam esta terra distante, marcada pelas constantes guerras, vitórias daqueles que partiram e que cá nada deixaram. Mas poucos foram os que admitiram que havia causa nobre e justa para se morrer. Então eu reclamo todo este país com orgulho e poder por um mero sorriso na tua face. A noite cai e nada mais deixo para dizer senão que estou aqui sentado e a minha mente ocupa-se com a tua memória.
Deixem-me sonhar e ver as noites eróticas misturadas com algo mais poderoso que palavras. Tudo o que se diga não será comparado a uma noite contigo nos meus braços, todas as imagens não encontraram as suas mil palavras pois tu roubaste-as todas da minha mente quando entraste para a minha vida. Abandono fantasias de vampiras e de futilidades para encontrar uma semente de uma árvore que está ainda para crescer, lentamente. Com o tempo encontra-se o eterno abraço entre duas serpentes.
Regresso a tempos de sorrisos e alegria, abandonando a nostalgia e palavras gastas em causas esquecidas. Prossigo a luta contra o tempo, agarro-me ao desespero de estar aqui, ver o que vejo sem a tua presença carnal ao meu lado. A minha alma agarra-se à tua e juntas voam para um sítio melhor, para a eternidade em campos verdes e lagos cristalinos. E com a certeza que um dia encontraremos o nosso terreno de fantasia afasto os meus demónios para o outro lado do mundo. Encontrei em ti o meu ser mais sereno, pacífico e nobre.

sábado, 26 de julho de 2008

Heart's war if over [juntamente com um bocado de "Wicca's Statement" by Ollan Chrystal]

I've found a way to laugh, I found your smile in the stars and there you can have for as long as you like for I am nothing more than a men and a God, prevailing against the laws of decadence and absorving all that Nature has offered me in life. I sit under our tree, with the shadow releasing the warm breeze of summer into my hair, the Sun hidden behind silhouettes of leafs. A darker age is to come but for now let us embrace this time or warmth and need of caress. The wind of the past sends a whisper but I've let it go to the unknown because I don't want to feel the could caress of darkness once again. A toxic blood brings new thought's into my mind.
Por teres aceite perder os sentidos e deixado a alma voar para além do horizonte, colo os pedaços do teu coração despedaçado e re-construo algo parecido que envie gotas de sangue até às tuas lágrimas. Tento imaginar uma tarde pacifica nos teus braços, nada na nossa mente, nenhuma preocupação ou responsabilidade, apenas descansando do mundo e aproveitando a música que segue no ar à nossa volta, prelúdio de uma alquimia erótica. Procuro razão para continuar a imaginar. Encontro-te e sei que não preciso de mais nenhuma outra lei da terra continuar a duvidar. As tuas palavras são a crença que me preenche a alma. Lê-me os lábios por entre lírios e orquídeas.
In this garden, the rain covers the flowers with the tears of the Gods, tears of you and me. All the shadows were left behind, for you, the butterflies were burnt so you could sleep without the sound of cursed wings moving the air, towards your dream. Let us speak of happy things, your soul, our dreams, our Earth, the journey of a life time expanded to a higher infinity. Whatever the rain may bring, I hold your hand closer to my heart, I caress your chest gently, awakening the beast inside me. A storm of words is to come, a declaration to the freedom of the vody, closure of the soul, saying I no longer belong to the grey of my world to change into a prey in your Universe. All the tears, wasted, for nothing.

Eu, escorpião, anseio o toque dos teus lábios.
As tuas mãos, suaves e leves, tocam ao de leve na minha pele, completando a sedução carnal.
Os teus olhos, perdição a meus olhos, reduzidos a um nada na vastidão da tua beleza.
E, com um último lapso de dor misturado com prazer, deixo em ti a semente de uma nova vida.

O punhal que possuo na mão detém o sangue dos sábios.
De todos os tiranos, este foi o punhal mais leal e letal.
Abatendo-os um a um, com uma última reza à Mãe Natureza.
E, como todos os pecadores, este punhal tem a sua sentença lida.
[Ollan Chrystal, 26/07/08, 04:06]

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Soul confession

I give to you a piece of my soul here. Cherish it, embrace it, for it will be the last that you will see of me as long as your eyes are empty.

24-07-08

Ao que se segue à verdade? Apenas a continuação da dor até encontrar-mos a solução certa para calar a dor.

Tormenta serena

Talvez um dia comece por compreender que já está na hora de partir, talvez um dia perceba que já não sou daqui, não me adequo a este modo de vida nem a estes seres. Talvez um dia estas palavras desapareçam, quem sabe, talvez até, quem se interessa? Talvez um erro conte mil palavras de discordância ditas no passado, talvez uma imagem idealize os sonhos do pintor, as máscaras que as tintas tão alegremente pintam, a história que é desfiada na tela e os ventos que são criados pelo pincel. Talvez os medos conseguiam afastar as seguranças falsas que nos fazem cair com mais força, aleijar-nos tão profundamente quanto um golpe de uma faca. Talvez o dia de hoje acabe bem, talvez a noite venha mal.
E se procurássemos o amor nos sítios errados e o encontrássemos? Seria assim tão errado? Seria distorcido, um corte na tua realidade. Mas a tua realidade não se aplica a todos nós, seres diferentes de ti. Não és o centro do mundo, criança egocêntrica. E se procurássemos apenas ódio na vida para escapar ao tal amor e em vez disso conseguíssemos apenas odiar-nos por amarmos alguém? Como posso caminhar na rua e olhar com desdém aqueles que andam no sentido contrário do meu quando encontrei alguém que me deixa um sorriso na cara? Então encontrei o ódio? É este o ódio que sempre procurei ao caminhar as mesmas ruas, debaixo do mesmo Sol e debaixo da mesma chuva, encontrando sempre pessoas diferentes que me parecem as mesmas? E se eu regressasse ao meu buraco e não voltasse a falar com a humanidade? O meu ódio não desaparecia mas também não desaparecia o amor.
Ainda não são horas de dormir porque tu ainda estás acordada e a trabalhar. Hoje sinto-me cansado e o nosso "ainda" parece-me tornar-se um "talvez", um "e se" à medida que importantes perguntas são colocadas. Ultrapassei o caos e o verniz preto entornado sobre a página da minha vida para te encontrar. Procuro então conselho e reconforto à Mãe, a Lua que brilha no céu, maior que as estrelas. E nesta cama me deito, com o coração a bater mais depressa quando penso em ti, esperando que fiques uma mais noite para que te possa ter em meus braços uma última vez e que tenhamos aquele beijo que tanto merecemos. Pode não ser eterno mas seremos nós. *

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Thought of the soul

Outside is the frost, that frozen beat of a heart that wishes to plunder and destroy, a bleeding stone flies into the dark. The light dances in an exotic way, bringing to my memory that funebre walk that we've used in the day that one of us would die. A pact of blood for the departed but not forsaken, for our tears still count for anything more that love, death and life. Our voices tell the graves lies, our days are countless lullabys that fly around into the ground, vanish to a land of purity where we do not deserve to pollute with our actions and wars. Maybe the glowing eyes in the dark mean that it's time to go to bed and dream with a youth of despair, while someone tells you goodnight, turning the lights down and welcoming the nightmares into the mind of the young adult.
Wine spilled in the floor in this summer night, the heat burning our thoughts and the deep silence shares our insecurity. While our souls fuse and our mouth's mute, I am compelled to submit to your erotic words, a fantasy of the insane, and knee before you power. Maybe after all this torture we can dance? But no one listens anymore to the sounds of the acoustic guitar for she stands alone in the corner, against the wind and the world, wishing for a fire to touch her, burn her, take her away in the form of ashes. A reverie for the punished with love, like you and me. So long as been the touch of a human in her strings that I begin to doubt that they are tuned for a final lovesong to the norwegian mountains.

"So long as the laws remain such as they are today, employ some discretion: loud opinion forces us to do so; but in privacy and silence let us compensate ourselves for that cruel chastity we are obliged to display in public."

"Here am I: at one stroke incestuous, adulteress, sodomite, and all that in a girl who only lost her maidenhead today!... What progress, my friends!... with what rapidity I advance along the thorny road of vice!"

Marquis de Sade (1740-1814)

My enchanted love, I've come to the conclusion that we are nothing more than puppets with no strings attached. I mean that we act like we wish but we don't want to take the responsibilities, so we blame it on false gods and pretentious beliefs. You may argue for my harsh words but there's nothing wrong about another thought of the soul that I share with you. Open-minded, you say to me in the days of torture after all the shots to Nature and Her way, but there's no patience for the one's that are so wrong and that fooled us so when we were mere child's. I am the re-incarnation of the problem and I am the seeker of truth but in my eyes you see the man that foresaw this end, the one that wrote the words above. He is me and I am him. Remember when you see that mysterious shadow in the street, in front of our house, for it is his ghost, remembering me of our pact. Now hush love, go to sleep for I need another comfort tonight. I am lost.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Soldier of Fortune

Canta-se uma serenada à morte, em honra de todos aqueles que não vimos nem conhecemos mas que se mantêm entre nós. Os tambores de guerra dançam ao luar enquanto que o exército élfico dorme por detrás das muralhas douradas. Sombras avançam pelo campo verde, pisando muito levemente o chão, deixando as criaturas horrendas e pesadelos dormirem no sub-solo. Cada soldado cai no seu pedaço de terra, dedicado a uma nova nascença de uma alma velha e experiente nestas viagens. Todos cantam uma música fúnebre pela ganância de velhos que se sentam nos seus tronos de pó e pecado.
Um pássaro, tão simples quanto isso, apenas um pássaro é o que um soldado deseja ser, para poder voar para longe, fugir da morte, evitar sangrar e sonhar de um dia de Sol, num ramo em que possa chilrear livremente ao vento para que entregue a mensagem de vida ao seu amor. Enquanto a terra se move, tão lentamente, eles abraçam a noite para que a escuridão eterna venha noutro dia, para que a dor seja apenas psicológica e não física. Mas a sua sanidade parece fugir-lhes pelas mãos, à medida que rezam de joelhos para uma vida longa e cheia de alegrias, enquanto que fecham os olhos e sentem um vazio no lugar do coração.
Uma bomba cai e outro dia amanhece com o barulho das sirenes, os tambores de guerra a darem o ritmo de marcha, um agrupamento de almas perdidas segue em direcção à sua certa queda. Cada um não é mais do que um simples fantoche às mãos das suas fortunas, dados lançados pelo acaso pelas vidas de cada um que por aqui anda. Todas as palavras, risos, lágrimas e álcool não passam agora de corpos desgastos no chão do campo de guerra, outrora verde, agora cinzento. Então avanças tu, consequência da tua própria fortuna, para o sangue derramado no chão por uma bandeira que apenas tu sentes e não aqueles que se sentam nos tronos de pó e mentira...

En brazos de la fiebre

Queres prender-me aqui, no teu mar de tentação, onde o meu barco de inocência anda à deriva, procurando uma ilha onde encontre o calor físico que emana do teu corpo quando estás longe de mim. Cantaria uma nota desbravada com destino ao acorde perdido lá no longe, no silêncio, enquanto encerras os olhos e esperas por um dia melhor, amanhã. As pedras perdem a sua cor e rumam em direcção ao vago céu azul, possuído pela luz do Sol enquanto que este encerra toda as suas actividades diurnas nesta terra maldita e nos ilumina com o seu derradeiro beijo, vermelho como a cor do sangue que nos corre nas veias e que cai ao chão em vez de lágrimas. E com o cair da noite te digo que estou num dia mau hoje, que tudo o que me disseste e eu aguentei por paixão e orgulho me perseguem hoje e não me largam a cabeça, sendo todos os pensamentos que consigo formular. Peço-te desculpa pelas palavras proferidas sob a luz da nossa Mãe.
Quero-te dizer que não tens de pedir desculpa, não tens de te sentir culpada pelo estado em que estou hoje, pelo espírito que me assombra a visão. Não te vou dizer que sou um erro ou a opção certa, apenas te vou dizer que estas coisas acontecem e que nenhum de nós poderia fazer o que fosse para evitar que isto viesse ao de cima. E tenho que admitir que não me sinto culpado de alguma forma, muito menos arrependido. Garanto-te que me fazes sentir bem, melhor do que em muitos dias nestes últimos meses. Mas se o vento vem e te leva aquilo que sentes por mim, então o meu medo concretiza-se. Uma vez mais sou acompanhado deste quarto escuro onde todos os meus demónios vêm brincar comigo, rebuscando o meu passado mas nunca vertendo uma lágrima. Congelo o meu coração por hoje, apenas para me sentir melhor, afasto a minha alma para lá longe para que ela não grite o que tantas vezes me apeteceu gritar ao azul do céu para que te levasse aos ouvidos e talvez, não sei, te fizesse sorrir.
"El paraíso deviene en infierno y luego se quema." - talvez estas palavras façam mais sentido do que quaisquer outras, talvez elas te façam perceber como eu estou hoje, talvez expliquem o meu medo já referido aqui e pintado de branco na minha memória. Foi a ideia de paraíso contigo que me trouxe aqui, foram as esperanças de algo belo a nascer que se arrastaram até este ponto tão demente da minha mente. Digo-te palavras que sei que nunca retirarei, actualmente desejo uma chuvazita que me venha animar o dia, mas hoje apenas vejo o calor do Inferno à minha frente. Faz com que sangre, afasta todos os sussurros da morte e do passado para que possa rever um sorriso verdadeiro nos meus lábios. Faz tudo e não faças nada, deixa-me sair deste dia por meu próprio pé. E se é um sorriso que quero, apenas tenho de me lembrar das tuas palavras "Nos teus olhos vejo a minha alma a sorrir".

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Celtic King

Why does my soul cry, in disdain,
No longer a puppet, needing salvation,
I keep my shadow outside, in the rain,
For saints in a mission.

Prepare for the fall,
Regret of the sane,
Crime of you all,
Awaiting king to enter his reign.

All faces turn away,
The blood fills the veins,
As it washes away the day,
Celtic King, dead he lays.

Laws of the Earth,
Water, Fire, Earth and Wind,
Witness a new birth,
Of an immortal sin.

Madman's Reprise

A ti te entrego a minha sorte, espero a queda do desejo para as mãos da escuridão, deixo a minha fortuna nas mãos do conhecimento. Adormeço pela beira do lago, sempre os cantigos Celtas, cantos meus e teus, na minha mente, memórias de dois pássaros convertidos às sombras dos próprios destinos. Antigos princípios, agora sementes de ideais nas mentes dos jovens que encontraram agora o caminho até à Deusa, vivendo e morrendo na sua imortalidade. Somos soldados de papel nas mãos de madeira que nos conduzem para a ignorância. Somos tu e eu e um fim que não há de vir.
Troco a visão pelo dom do teu toque, dou-te a minha espada se desembainhares livremente a tua beleza encantada, escondida por detrás dessa máscara, na qual eu durmo e sonho, viro e reviro, procurando uma forma de chegar aos teus olhos e agarrar a tua alma perto da minha. Sangro as palavras que te digo, respiro o ar que deixas para trás, contamino as tuas redondezas com o meu olhar furtivo, dia e noite, procuro em ti mais que emoções, procuro-te a ti. E no fundo de um poço de localização desconhecida para mim tu repousas, aguardando que outra pedra te caia na cabeça ou que a água suba até que não consigas respirar pois não sabes nadar.
Em geral, todos os ventos vêm e vão, deixam para trás marcas, levam risos, roubam gargalhadas mas não conseguem ocultar os sorrisos que se estendem nas nossas caras, o brilhos nos nossos olhares, o conforto que sinto quando te seguro nos braços, a beleza das tuas lágrimas à medida que elas caem no chão que pisas. E tudo o que peço quando te vejo chorar é apenas que respires para que tenha a certeza de que ainda estás viva e que a mais remota hipótese de ficar acordado a escrever-te poemas de amor eterno ainda seja possível. Então acenas e preto é tudo o vejo à minha frente.
Os anos passam e a amargura é tudo o que fica, dizes-me tu. E depois? Ficaste incapaz de amar, deixaste de permitir que outro ser te oferecesse calor numa noite de Inverno ou que se aproximasse de ti de forma carinhosa e com palavras de conforto tão mentirosas? Ficaste completamente insensível e apenas um muro que nunca vais conseguir ultrapassar se ergue à tua frente? Mesmo assim consigo ver que és tu a passar as noites ao relento, observando as estrelas e prometendo um espaço para ti quando a tua alma partir para outra morte.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Revelations

É disto que as lendas são feitas, de mentirosos e sonhadores...

sábado, 12 de julho de 2008

Confissões de um imortal

Os dias de Verão vieram e trouxeram consigo um novo calor, acordando a minha alma da sua hibernação. Um toque quente que cria uma ilusão no meu coração, palavras que não podem ser descritas pelo simples facto do ser, um queda para a neblina que rodeia o teu futuro e o meu. O teu coração faz um cerco ao meu, o muro que construí para evitar que o sangue jorrasse para almas indefinidas, sonhos preenchidos de branco, uma maneira de todos estes jogos acabassem, à medida que as pedras de mármore caem em falso movimento.
Os raios de Sol distribuem-se pelo vento num caminho tremido, dança frenética ao som da música celta que nos incita em avançar até às grandes, abraçados na eterna sensação de dor e medo. Enfrentamos obstáculos pelos caminhos, tropeçando nas pedras e espinhos cravados no chão para nos fazer cair e desistir. Mas eu agarro-me a ti, com todo o meu peso morto, desmaiando na escuridão da multidão, preso na minha inactividade. Então reconheces as minhas lágrimas, agarrando-me no vento que te passa e me recebe, levando-me para longe do teu calor.
Quero saber o que desejas, o que procuras quando olhas para os meus olhos. A respiração pára aí, juntamente com o tempo, e sei que poderia ficar ali, contigo nos meus braços, toda a noite, à espera de uma única palavra. E pintaria um quadro deste momento apenas com palavras para evitar guerras futuras de mortais por um sorriso na tua cara. Então ficariam os teus olhos retratados para sempre, confissões de um imortal, teu fraco imortal.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sacrificed

Goddess could caress, illusion's on the Horn's eyes... It is me who draws first blood for you

terça-feira, 8 de julho de 2008

Soul loss

I am what you've made me...

Espaços injustificados

Há uma nova face no vidro gelado, uma nova gota que cai no chão, um raio de luz que passa a neve lá fora e revela um choro de uma criança, distante. Toda a dor que ele sente no interior, tudo devido a nós. Ela, despida de preconceito e nua perante uma plateia que já adormeceu. Tu criaste-a, monstro no seu interior. Ela não é mais a minha amante, o meu idolatrado ser que guardo dentro de uma bola de cristal de forma a que ela nunca tenha de vir a saber os terrores do mundo, de forma a que nunca venha a sofrer.

Ela recolhe-se em si própria, procura no escuro uma forma de conforto, agarra-se aos escassos raios de Sol para achar o calor, abandonando a neve exterior e o gelo no interior do seu coração devido a todas as guerras e espinhos que lhe foram cravados. Um fardo no seu interior, ela carrega-o na sua devida inocência, ignorando os conselhos de outros, os interesseiros, afastando as dores, bebendo o seu sangue para o ponto da insanidade, crescendo pouco a pouco enquanto a alma morre. A sua ideia de romance foi deitada fora numa viagem às suas memórias de criança, afastando finalmente a neblina que as cercava.

Tudo volta então a ela. Os rumores de guerra, os gritos de agonia, os olhares e amores ocasionais. Mas o melhor que se conserva na sua memória e aquilo que ela abraça para adormecer é aquela estrela à beira do lago que a guiou para o passo seguinte, a morte certa.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Removing skin

Digo-me a mim próprio: "Aposto que gostarias de ter passado aquele primeiro 10º que tiveste."
Digo isto com uma pitada de tristeza e melancolia. Vejo os meus amigos mais velhos, alguns de infância, outros mais recentes, a partirem para outras cidades e outros países, procurando melhorar as suas capacidades e a entrarem em faculdades. Sinceramente, sinto-me deixado para trás, não culpa deles, naturalmente, culpa minha e de mais ninguém. Mas há pessoas como o Daniel (grupo de jovens) que vai para o Porto, para a faculdade. As minhas irmãs conhecem-no como irmão mais novo de uma amiga delas, mas eu ainda tenho vagas memórias de o ver lá na igreja, quando éramos pequenos. Pior ou melhor, essas memórias vieram-me todas à memória quando ele me disse, no sábado, que ia para o Porto nesta segunda. Hoje! Ele na faculdade, no Porto, eu, aqui, no 12º ano.
Depois há a maioria do pessoal da minha idade que também vai para a faculdade, onde quer que seja, já nem interessa. Sempre pensei que quem chumbava eram os burros. Não digo que tenha mudado a minha opinião mas também já vi pessoas muito inteligentes, na minha escola, que chumbaram. Basicamente há excepções. Mas depois da desilusão de hoje, já nem me considero uma dessas. Então agarro-me ao quê? Ao que sempre me agarrei, o doce sabor da cerveja enquanto que esta passa pela garganta, afundando-me na minha profunda melancolia, característica do meu ser. E por fim pergunto-me: "Quando é que tu te vais embora também?"

Zhelia III

O reflexo na água contempla a lua brilhante, lá no alto, isolada de tudo o resto existente, quieta no silêncio que ela mesmo construiu, chorando gotas geladas que caem no chão em forma de folhas. Essas mesmas folhas caem das árvores da floresta, enquanto que estas são abanadas pelo vento, formando um dança formal e de compasso lento, representando o andamento da Terra a caminho do seu destino. Não se pode dizer o que não se pode encontrar, então mantenho-me nas sombras, observando enquanto caminhas pelo meio da vastidão por mim criada. Tudo arde à minha volta mas tudo o que vês é um vulto sem brilho, uma alma morta que já se deixou de voos há muito tempo, cansado destas intemporais tristezas e desilusões.
Há um murmúrio que me é entregue nas mãos pelo vento, um choro debaixo das estrelas, um suspiro que me revela a tua existência, estando aqui comigo a tua alma, incolor mas ainda sentindo. Todas as tuas palavras, relevadas por ratos decrépitos e sujos, são exemplos do que não se pode ser, um futuro negro às faces imperfeitas de todos os ignorantes. E enquanto choras, a Lua continua a brilhar, cada vez mais afastada do resto do Universo, obscura rainha da noite, tortuosa silhueta do terror que se reflecte na tua cara. Num canto do horizonte, nasce o Sol, trazendo consigo nova vida após a madrugada, juntamente com a queda das primeiras gotas do dia, aquelas que caem dos teus olhos e fazem florescer o solo à tua volta.
Figura pentagonal, presa dentro de um círculo, pacto silencioso com a morte, vens da cor do sangue e percorres esta terra, renovando esperanças nas mentes dos mortais. És a voz distante que vem do alto das montanhas, alta como um trovão, proferindo profecias que mudam as vidas dos imortais esquecidos. O rio, correndo na sua pura inocência de ser essencial mas desvalorizado, junta-se a ti numa busca pelo poder sobre a influência dos mais poderosos, aqueles que mais falam. As gotas da chuva, agora cessadas pelos raios do Sol, preenchem em ti um pequeno vazio que lhes reservaste. O Sol, então, revela a minha face a ti e tu cais num profundo transe, do qual nunca vais sair pois é sinal do teu amor e dedicação por mim. És então reflexo de mim, os meus olhos que revelam a solidão interior, a alma presa pela prisão de carne que forma os desejos errados. Avisa-me então quando vier algo realmente da alma, pois é isso que preciso.

Picture in the dark

I don't want to fall asleep because I may dream... of you

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Update

Bom, últimos dias fatídicos antes apresentação do PM. Devo dizer que já foi uma viagem maior que a do ano passado, felizmente com muitos menos erros que o ano passado mas com uns que não cheguei a cometer (o ano passado). As coisas (trabalhos a afins) começaram logo no início do ano, o que é bom e que foi uma das coisas a que me propus a fazer para este ano. Cumpri-a. Yey. A outra coisa foi não fazer directas, também a cumpri. Mais uma e esta falhei devido à minha imensa incapacidade manual, foi criar as caixas. Queria que elas fossem originais e simples, não deixaram de ser, apenas não por mim. Tive uma tarde muito stressante mas com muitos risos com o Ricardo e o António, que estiveram cá em casa a ajudar nas caixas mas de pouco serviu. Teve de ser a Ana a ajudar-me nesse sentido. Com boas ideias e uma grande arte manual (thanks sis). Ainda tive mais uma proposta a mim mesmo que foi, inicialmente, imprimir tudo em casa. Negativo xD Devido a uns problemas técnicos nos quais não pensei na altura, não imprimi em casa. Então propus a mim próprio gastar menos de 30€. E fiz (mais uma vez, yey). Pedi orçamento na gráfica mais cara do mundo e só 1 kit de normas custar-me-ia 30€. Jasus. Então lá fui eu, depois de lá imprimir o cartaz e a label para o cd, isso só podia fazer lá, e nem chegou a 3 €!!!, fui para a escola imprimir o resto e fazer as colagens das caixas. Bom, as impressões já sabem. As colagens já foi outra coisa xD
Primeiro, a bela da impressora da escola não imprimiu o grafismo com o tamanho que pus no photoshop, logo teve de se inventar. Graças à habilidade do meu colega Moisés a cortar e da minha colega Cátia a colar, lá consegui fazer as colagens. O PM foi entregue por volta das 16 horas apesar de ter ficado na escola até às 18:30 a ajudar um colega meu nas colagens finais. Começou então a corrida final para a apresentação e o final de ano. Este fim de semana há marranço no que dizer na apresentação, há o jantar de anos da Ausenda e, esperemos, pouco nervosismo xD Beijos, abraços e muitos palhaços.

P.S.: Muito importante. Queria agradecer à Inês que ficou até tarde comigo a fazer-me companhia enquanto que adiantava algum trabalho. E depois "destressava" com a nossas conversas xP Obrigado Inês

terça-feira, 1 de julho de 2008

Solina Vampira

Numa noite onde o nevoeiro estava baixo e a Lua estava cheia e descoberta, um vulto mexia-se na escuridão, olhos cintilantes que observavam e interiorizavam o ser, espinhos que se lançavam em todas as direcções, partindo corações e acabando vidas. O seu sorriso, uma máscara para toda a dor que causou no passado, atraia a atençao de todos. O pentagrama, pendurado no seu pescoço, revelando a sua verdadeira natureza, flutuando à medida que o vento o tocava, ardendo aos olhos daqueles que não o merecem ver.
Nas ruas, uma lenda, mito urbano que ninguém ousa testar, desmentido segredo da natureza sagrada do medo dos homens, mostrados agora como ratos e cobardes, aqueles que não ousavam entrar nas sombras. O nevoeiro caia agora sobre a cidade e o cemitério transformava-se o doce lar para todas as almas atormentadas que ainda não conseguiram partir. As suas palavras fazem eco à distância, proibindo as crianças de dormirem descansadas e de sonhar. Na obscuridade da noite, ela move-se em direcção do seu covil. E lá ela atrairá as almas imortais para alimentar a sua solidão.
Acerco-me da fonte do seu poder, sentindo uma estranha química entre nós, uma atracção imoral para nunca ser contada. Nos seus olhos, primeiro contacto, vejo primeiro a dor, depois vejo os pensamentos de jogos que levarão à dança erótica à volta do altar dedicado à Deusa. Perdida, com um sorriso programado na face, ela cai aos seus joelhos e jura fidelidade àquela que a salve do seu eterno tormento. Então eu, apenas mais um servo da Mãe, junto-me a ela numa jura de joelhos e juntos consagramos a vitória da alma sobre a solidão.

Criança desertada

Muitas palavras foram ditas por nós, em vão. Muitas foram as expressões e profecias que agora fogem da realidade, todas atiradas ao ar como objectos dispensáveis. Todos os nossos caminhos e ensinamentos, fardos da sociedade actual. As visões escassam por entre homens, mortais não merecedores de entrarem nas brumas. Rejeitaram a sua condição natural, são agora rejeitados a entrar em Avalon e sentar no trono do Corno. Sente a Natureza a remexer dentro de ti, criança desertada, o seu poder espalha-se pelo ar e todos os teus desejos são a realidade ao teu redor. E numa dança frenética, desmancha a mascará que se apresenta à frente da tua face e revela a alma que brilha nos teus olhos.
Deusa-Mãe, dona do meu destino e de minha vontade, razão pela qual ainda não vejo tudo a arder à minha frente. Sinto a verdade na minha frente, assim como o vento sopra e arrasta consigo as lágrimas para longe, formando um rio ao lado do qual me sentarei, vendo a corrente a ser arrastada para o precipício. Os sons que me chegam aos ouvidos são meros movimentos de ramos a dançarem à vontade do vento, o rio que desce a colina da montanha e as crianças que brincam felizes à beira do horizonte. O tempo parece parar aqui, nada é velho senão a Tua face da velha morte, sentada no trono ao lado do Corno, esperando em silêncio o dia em que sais da escuridão para revelares o teu poder à humanidade e iluminá-los até ao renascimento das almas.
Diz-me o que vês em teu redor? Deixaste-te cair no teu próprio terror? Ficaste sem palavras pelo fascínio da beleza que se apresenta sobre ti? Os teus olhos verdes percorrem as montanhas, cerrados à dor, tentando resistir à tentação de cair na terra e por lá ficar, esperando que eu regresse com um ramo de orquídeas, as tuas favoritas, numa mão e um anel noutra, pedindo-te que comprometas a tua alma imortal com a minha. A liberdade é o que te ofereço, uma mudança radical no teu pequeno mundo em que agradeces à Deusa a companhia de alguém, o calor do corpo de outro ser mortal que sempre fica pela terra, que abraça os pastos verdes de Avalon, caindo numa hipnose pelo sabor dos teus lábios. Então tu, criança pura e inocente, tornas-te em mais um donzela Dela.