terça-feira, 1 de julho de 2008

Solina Vampira

Numa noite onde o nevoeiro estava baixo e a Lua estava cheia e descoberta, um vulto mexia-se na escuridão, olhos cintilantes que observavam e interiorizavam o ser, espinhos que se lançavam em todas as direcções, partindo corações e acabando vidas. O seu sorriso, uma máscara para toda a dor que causou no passado, atraia a atençao de todos. O pentagrama, pendurado no seu pescoço, revelando a sua verdadeira natureza, flutuando à medida que o vento o tocava, ardendo aos olhos daqueles que não o merecem ver.
Nas ruas, uma lenda, mito urbano que ninguém ousa testar, desmentido segredo da natureza sagrada do medo dos homens, mostrados agora como ratos e cobardes, aqueles que não ousavam entrar nas sombras. O nevoeiro caia agora sobre a cidade e o cemitério transformava-se o doce lar para todas as almas atormentadas que ainda não conseguiram partir. As suas palavras fazem eco à distância, proibindo as crianças de dormirem descansadas e de sonhar. Na obscuridade da noite, ela move-se em direcção do seu covil. E lá ela atrairá as almas imortais para alimentar a sua solidão.
Acerco-me da fonte do seu poder, sentindo uma estranha química entre nós, uma atracção imoral para nunca ser contada. Nos seus olhos, primeiro contacto, vejo primeiro a dor, depois vejo os pensamentos de jogos que levarão à dança erótica à volta do altar dedicado à Deusa. Perdida, com um sorriso programado na face, ela cai aos seus joelhos e jura fidelidade àquela que a salve do seu eterno tormento. Então eu, apenas mais um servo da Mãe, junto-me a ela numa jura de joelhos e juntos consagramos a vitória da alma sobre a solidão.

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