sexta-feira, 18 de julho de 2008

En brazos de la fiebre

Queres prender-me aqui, no teu mar de tentação, onde o meu barco de inocência anda à deriva, procurando uma ilha onde encontre o calor físico que emana do teu corpo quando estás longe de mim. Cantaria uma nota desbravada com destino ao acorde perdido lá no longe, no silêncio, enquanto encerras os olhos e esperas por um dia melhor, amanhã. As pedras perdem a sua cor e rumam em direcção ao vago céu azul, possuído pela luz do Sol enquanto que este encerra toda as suas actividades diurnas nesta terra maldita e nos ilumina com o seu derradeiro beijo, vermelho como a cor do sangue que nos corre nas veias e que cai ao chão em vez de lágrimas. E com o cair da noite te digo que estou num dia mau hoje, que tudo o que me disseste e eu aguentei por paixão e orgulho me perseguem hoje e não me largam a cabeça, sendo todos os pensamentos que consigo formular. Peço-te desculpa pelas palavras proferidas sob a luz da nossa Mãe.
Quero-te dizer que não tens de pedir desculpa, não tens de te sentir culpada pelo estado em que estou hoje, pelo espírito que me assombra a visão. Não te vou dizer que sou um erro ou a opção certa, apenas te vou dizer que estas coisas acontecem e que nenhum de nós poderia fazer o que fosse para evitar que isto viesse ao de cima. E tenho que admitir que não me sinto culpado de alguma forma, muito menos arrependido. Garanto-te que me fazes sentir bem, melhor do que em muitos dias nestes últimos meses. Mas se o vento vem e te leva aquilo que sentes por mim, então o meu medo concretiza-se. Uma vez mais sou acompanhado deste quarto escuro onde todos os meus demónios vêm brincar comigo, rebuscando o meu passado mas nunca vertendo uma lágrima. Congelo o meu coração por hoje, apenas para me sentir melhor, afasto a minha alma para lá longe para que ela não grite o que tantas vezes me apeteceu gritar ao azul do céu para que te levasse aos ouvidos e talvez, não sei, te fizesse sorrir.
"El paraíso deviene en infierno y luego se quema." - talvez estas palavras façam mais sentido do que quaisquer outras, talvez elas te façam perceber como eu estou hoje, talvez expliquem o meu medo já referido aqui e pintado de branco na minha memória. Foi a ideia de paraíso contigo que me trouxe aqui, foram as esperanças de algo belo a nascer que se arrastaram até este ponto tão demente da minha mente. Digo-te palavras que sei que nunca retirarei, actualmente desejo uma chuvazita que me venha animar o dia, mas hoje apenas vejo o calor do Inferno à minha frente. Faz com que sangre, afasta todos os sussurros da morte e do passado para que possa rever um sorriso verdadeiro nos meus lábios. Faz tudo e não faças nada, deixa-me sair deste dia por meu próprio pé. E se é um sorriso que quero, apenas tenho de me lembrar das tuas palavras "Nos teus olhos vejo a minha alma a sorrir".

1 comentário:

Rics disse...

Estou a ver que andas numa de Heroes :) Boa para ti miúdo!!