sexta-feira, 18 de julho de 2008

Soldier of Fortune

Canta-se uma serenada à morte, em honra de todos aqueles que não vimos nem conhecemos mas que se mantêm entre nós. Os tambores de guerra dançam ao luar enquanto que o exército élfico dorme por detrás das muralhas douradas. Sombras avançam pelo campo verde, pisando muito levemente o chão, deixando as criaturas horrendas e pesadelos dormirem no sub-solo. Cada soldado cai no seu pedaço de terra, dedicado a uma nova nascença de uma alma velha e experiente nestas viagens. Todos cantam uma música fúnebre pela ganância de velhos que se sentam nos seus tronos de pó e pecado.
Um pássaro, tão simples quanto isso, apenas um pássaro é o que um soldado deseja ser, para poder voar para longe, fugir da morte, evitar sangrar e sonhar de um dia de Sol, num ramo em que possa chilrear livremente ao vento para que entregue a mensagem de vida ao seu amor. Enquanto a terra se move, tão lentamente, eles abraçam a noite para que a escuridão eterna venha noutro dia, para que a dor seja apenas psicológica e não física. Mas a sua sanidade parece fugir-lhes pelas mãos, à medida que rezam de joelhos para uma vida longa e cheia de alegrias, enquanto que fecham os olhos e sentem um vazio no lugar do coração.
Uma bomba cai e outro dia amanhece com o barulho das sirenes, os tambores de guerra a darem o ritmo de marcha, um agrupamento de almas perdidas segue em direcção à sua certa queda. Cada um não é mais do que um simples fantoche às mãos das suas fortunas, dados lançados pelo acaso pelas vidas de cada um que por aqui anda. Todas as palavras, risos, lágrimas e álcool não passam agora de corpos desgastos no chão do campo de guerra, outrora verde, agora cinzento. Então avanças tu, consequência da tua própria fortuna, para o sangue derramado no chão por uma bandeira que apenas tu sentes e não aqueles que se sentam nos tronos de pó e mentira...

1 comentário:

Carla Marques disse...

seranada ou serenata?