domingo, 21 de outubro de 2012

She'll return

She saw me cry for the last time. The windows were open, fresh air coming through the window and we were sitting on the bed, staring at each other, trying to find something to speak. Someone had to go first or no one would go at all. I had a reason to be crying, something that made me sad. She was crying too. She was sad before me. Actually, she was the one who found the reason to cry. She found a place to be, somewhere where it always rained, that gloomy weather that she likes. She'd be happy but she'd leave me. 'I'll come back', she told me. And then there was silence again.
Silence is the key. It's the indicator of the crime. It was crushing us. I could feel it in me and I could see it in her eyes. But there were no words to be said. We stared at each other until one couldn't bear the look of the other person and would look down or to the side. I was done with crying, I had enough of tears. She came closer, enough for me to pull her and hug her, to hold her in my arms as we laid down on the bed. We spent the whole night like that. It could've been winter, I don't think either of us would move to close the window. It was just warm enough. It'd be cold before soon, she'd leave. That just wouldn't leave my mind.
The world was grey. It seemed like the world knew the grief within me. The night had passed and the day was as gloomy as she wished it to be. Just before dinner time I looked out the window and saw all the grey clouds passing by. A slow procession of rain to fill my mind, the tears of the long forgotten gods telling me that they knew. I held my left hand towards the window, hoping something would take me from there. But then I realized how stupid the idea was and got up to close the window. The air inside the room was cold enough and the rain didn't bring any consolation to the mind.
She bought me a lighthouse to guide herself when she came back. From out there, somewhere in the middle of the sea, vicious by nature, she'll return from wherever she went to. I planted the lighthouse on top of the highest cliff I found and prayed to the gods that she found out where I've put it. Not too high, not too low, maybe hidden by trees or clouds, the only thing important is that she returns, that she doesn't get lost, that she doesn't find new passions and forgets all about the light she left here. I sit and wait, I'm sure she'll return. Then the silence won't be disturbing, the words won't be knifes stabbing the back. She'll return and I'll hold her again, this time without the waiting, without the sadness, without the weight of the future coming in between us.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Imaginar-te como quiseres

Posso imaginar-te como quiseres,
Como as ondas do mar,
Como as águias a voar,
Eu não me interesso se não te interessares,
Eu amo-te se me amares,
Silencio os teus medos se me reconheceres as inseguranças,
Cesso qualquer guerra, agarro toda a paz, acabo as ameaças,
Respiro finalmente o livre e puro ar,
Imagino que me queiras,
Agarra-me como o canto das sereias,
Larga-me se me quiseres ver morrer,
Deixa-me silencioso e verás toda a minha imaginação esmorecer.


Queen - Las palabras De Amor

Escritos de Fernando

Já não há realmente tragédia. Há uma mistura de almas confusas e tristes, talvez perdidas, que choram nos cantos da amargura sobre os seus pequenos nós que têm demasiada preguiça em desembaraçar. É decepcionante, talvez triste, ver estas pessoas a passar pelas ruas tão desajeitadas, tão perdidas nos seus pensamentos de nada. Alegra-me muito mais olhar para cima e ver o azul do céu e o cinzento das nuvens. Alegra-me ainda mais, talvez me deixe eufórico, chegar a casa e ver paredes pintadas de branco à espera que eu as preencha novamente. Dia após dia, noite após noite elas suplicam. E eu, piedoso senhor, concedo-lhes misericórdia às cordas vocais e satisfaço-lhes o desejo. Elas ordenam-me o seu preenchimento com palavras e desenhos. Eu, bom servo, obedeço-lhes. E hoje vou voltar a ouvi-las. Vou ouvi-las e contar-lhes as histórias de todas estas pessoas. Histórias, dramas, falsas tristezas e mágoas. Prefiro os meus céus azuis ou nuvens cinzentas e paredes brancas qualquer dia da semana.
Já não há tragédias, deixaram-nas todas para o William. Deslumbram-se com essas palavras e desejam senti-las, desejam segui-las rigorosamente na sua vida para lhes atribuir algum significado. Então que aconteceu realmente à tragédia? Não sei. Não a tenho comigo. Certamente não têm estas pessoas. Gostava de dizer que a levou o corvo do Edgar ou que se calhar bebeu o veneno do William mas quem sabe, talvez a própria tragédia esteja numa rua qualquer a agarrar-se ao seu próprio veneno. Penso que o nome da tragédia se mancha em livros populares para adolescentes e crianças, fantasias femininas do que deveria ser romance, o vai não vai a que foram mal habituadas na sua adolescência. Ora aí está um belo exemplo de tragédia, a mente dos jovens corrompida pelas suas fantasias infantis. Façam-me o obséquio de silenciarem as vossas revoltas contra os meus pensamentos, estes pertencem-me e, tal como tudo o que me pertence, apenas eu posso revoltar-me e censurar.
Já não há tragédias, há iniquidades. Há pessoas más que fazem as coisas por mal. Há pessoas que fazem coisas más por necessidade. Mas não há tragédias. Tal como pergaminhos, as tragédias deixaram-se ir para as páginas da História para voltarem a ser referidas apenas ocasional para dar um sensação de hipérbole a uma história e não apenas a uma frase. Pois chamo-vos a todos lítotes. Chamo-vos a morte do potencial. Deixo, naturalmente, o assassínio das tragédias para depois ou para outra pessoa. Chamo-vos malditos, estragados. Vou pela minha eforia. Pelas minhas paredes, os meus céus e as minhas nuvens. Deitar-me na areia das paredes e ver tudo passar e em nada pensar. Relaxo muito melhor assim, invés de vos observar que nem mortos a pensar em vidas que nunca tiveram.

Audioslave - Like A Stone

Se o povo não deixar... faço o mesmo mas de outra forma

Tenho a certeza que a maioria de vocês sabe o estado político-económico vivido em Portugal nestes dias.A Proposta Social Única foi grandemente contestada pelo povo português e o actual governo decidiu voltar atrás e tomar novas medidas para manter os portugueses pobres, simplesmente lhes deram outro nome. Tenho também a certeza de que estão com política até aos cabelos e é por isso que vou pegar neste assunto e falar de outra coisa relacionada: greves.
A definição de greve segundo o dicionário da página Priberam é a seguinte:

greve
(do francês grève)


s. f.
Interrupção voluntária e colectiva de actividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação.

Nas últimas duas semanas houve duas greves, ambas à quinta-feira, de metro. Na última greve também se pode contar com a participação da CP e a Rodoviária de Lisboa. Isto, como qualquer outra greve, fez com que os trabalhadores tirassem os carros das garagens, os alunos acordassem mais cedo ou mais tarde e os autocarros andassem mais cheios.
O meu caso pessoal foi o do aluno exemplar, como sempre fui, que acorda mais cedo para apanhar o autocarro. E isso é óptimo, a sério, adoro acordar mais cedo para estar na faculdade mais de um terço do meu dia! Adiante. 
A modificação do meu trajecto passou pela troca do metro, livre de trânsito mas fechado devido à greve, por um autocarro que existe no dia-a-dia e que pára à frente da minha faculdade. Isto levou a que chegasse meia hora antes da aula com tempo para o meu pequeno-almoço. Considerei, naturalmente, o que aconteceria se tivesse apanhado o autocarro seguinte. Bom, segundo o relato de uma colega minha que o apanhou teria não só chegado mesmo em cima da hora da aula como teria passado a viagem dentro do que parecia ser uma lata de atum com pessoas que cheiravam, bom, a atum. Talvez chegar meia hora mais cedo não seja assim tão mau.
O primeiro efeito que se repara numa faculdade num dia de greve é que os corredores são percorridos por ocasionais sombras de alguém que ainda se dignou ao esforço de ir às aulas de manhã. Não me interpretem mal, é uma vista maravilhosa a dos corredores vazios e o silêncio a dominá-los. Uma vista já não tão maravilhosa é a de a sala estar tão vazia que uma pessoa não tem outra opção senão participar na aula das 8 da manhã! Os habituais "cromos" que se costumam sentar na fila da frente e praticamente acabam as frases dos professores decidiram ficar na cama. Este é o segundo efeito. Mas o dia, tal como a vida, prossegue.
A greve continua e a segunda aula, apesar de já estar mais "composta", continua a mostrar as verdadeiras consequências de uma greve. Os funcionários das respectivas empresas param durante umas horas do seu expediente para mostrar a sua revolta contra cortes nos salários, horas extra e despedimentos mas quem na realidade sofre com estas revoltas são as outras pessoas trabalhadoras e estudantes, já que são estes que realmente ouvem o que está a ser dito e não a quem a mensagem é destinada, os actuais governantes do país. Sofrem, entenda-se, não por ouvirem a mensagem mas pelo meio pela qual a mensagem é entregue. A paralisação de serviços públicos, abertos todos os dias, obrigam as pessoas a procurar soluções alternativas e a alterarem o seu horário em concordância.
Não querendo correr o risco de ser mal-interpretado eu esclareço o que aqui digo: eu sou completamente a favor de greves. Qualquer forma de manifesto do qual surjam resultados práticos são positivos. Simplesmente estou a tentar transmitir que estas greves não afectam ministros nem deputados pois todos estes viajam nos seus carros privados, o serviço público parado não os afecta. Talvez os faça chegar atrasados para o habitual almoço de luxo que vem com a profissão (leia-se dinheiro e posição). Longe de mim repudiar uma expressão de liberdade que é uma greve.
Então o povo pára. O povo "sai" para a rua e manifesta-se contra o corte nos seus direitos básicos e fazem entender a sua posição. A quem incomoda realmente isto? Faculdades vazias, filas enormes nas autoestradas, os consequentes atrasos para trabalhos e aulas (e pequeno-almoços). Essencialmente, ao povo trabalhador (não os do pequeno-almoço)! O povo não quer deixar que os planos prossigam. Pois faz-se o mesmo de outra forma. Mais do que isto se aplicar a mim e à minha situação de trocar o metro pelo autocarro, aplica-se aos cortes e à austeridade que mais faz parar o país e que causa novas greves. Greves essas que caem em ouvidos moucos e ouvidos impotentes para mudar a situação. Não peço o cessar das greves, longe disso. Apenas uma alternativa, a garantia de serviços mínimos. Isso e que as marquem com alguma mais separação ou outro dia da semana, um mais conveniente. Revoltem-se, levantem-se e gritem, imponham-se contra a mão invisível da tirania mas deixem os outros desgraçados seguirem os seus caminhos!

Já que já era esta música que eu estava a ouvir e não me lembrei nenhuma outra mais adequada, aqui está: Queen - White Man