E com alma escrevo, sem importância ou relevo, para ti e para os teus pensamentos que ora julgo ocupar ora me vejo a abandonar. Mas dou ênfase ao que não vejo, mal sinto, invento que apenas penso e descubro que não penso de forma alguma, simplesmente respondo. E que os trovões me iluminem o caminho e que a chuva me aqueça mais o coração solitário que espera arder e de fogo não tem nada senão engano. Que o batimento seja o seio da alma e o som dos trovões o pai de todas as lágrimas que largo das nuvens a teus pés. Venha então o nascer do Sol, o prelúdio do novo dia para vir, em que palavras de nada nos servirão que não ditas olhos nos olhos, coração para coração. E desvaneça ali, caia-me o corpo e voe-me a alma se lágrimas ou sorriso provocar em ti, se nem um abraço sufocante e sentido venha de ti. Ah, dona do meu ser e da minha domada revolta, porque não aceitas em ti o pouco que te tenho a oferecer, o meu esforço e a minha desolação? É por minha imutável adoração, a minha cega ambição e a minha recusa de desistir? Ou é por igual egoísmo de tua parte de mudar e aprender que há prazer na dor?
Escrito nos inícios de Janeiro...
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