Tenho de confessar que passei algum tempo à procura de um tema para falar na "crónica" deste mês. Cheguei à conclusão que seria conveniente abordar alguns assuntos que ocasionalmente me saltam pela mente, visto que me "baldei" ao mês passado. Tendo isto em mente comecemos.
As autárticas portuguesas aproximam-se e também as decisões "polémicas" que sempre acompanham qualquer acto político português. É já uma característica latina, creio, ceder a pressões e subornos. Temos exemplos disso no nosso belo país, nos nosso vizinhos espanhóis e nos primos distantes italianos. Mas será uma luz de esperança o chumbo da candidatura de Fernando Seabra à Câmara de Lisboa da parte do Tribunal Cível de Lisboa? Será o início da mudança ou até um incentivo à revolução do nosso sistema político? O meu pessimismo leva-me a dizer que não. Acredito solenemente que há por aí pessoas que queiram mudar as coisas como estão, acredito ainda mais piamente que são caladas à força ou por vontade própria. Está-nos nos genes, sabem? A vontade de meter ao bolso dinheiro alheio.
Bom, agora que referi do nosso primeiro-ministro, vou aproveitar para assinalar e comentar o nosso recente comentário sobre o aumento do salário mínimo. O salário mínimo nacional actualmente é de 485€, número que o Sr. Pedro Passos Coelho disse nas últimas semanas considerar diminuir. A verdade é que, com a crise política eterna em Portugal, agravada pela contínua crise económica que arrasta consigo o estado social português, os Portugueses pouco ou nenhum poder de compra têm. Todos os dias há despejos, bancos a ficarem com as casas de pessoas por estas não cumprirem pagamentos, mais e mais pedidos de ajuda que são ignorados para que bancos como o Banif recebam mais dinheiro. Tudo isto fez com que a oposição fale mais constantemente de um aumento do salário mínimo. Seria a primeira vez que o governo faria realmente algo para ajudar o seu povo. Como resposta, o primeiro-ministro veio dizer que esse aumento seria "presente envenenado" aos portugueses e que as empresas com o poder de aumentarem, que o fizessem, isolando-se assim de qualquer intenção de o fazer. Pessoalmente, rio-me destas afirmações, sendo isto tudo o que posso fazer para não chorar cada vez que vejo as portas do metro a abrirem quando chego à estação da minha faculdade para estudar, comentando comigo próprio todos os dias que caminho para o desemprego e pobreza e que nada que farei nesse dia me ajudará a mudar isso. Continuo sem saber o que é pior, se um governo que decide por si próprio para si próprio ou se uma oposição oca e sem ideias, liderada por um homem cujo nome é um antónimo de si próprio.
Mudando para um tema mais leve, a triste e fraca exibição da seleção de Portugal. Com um início que já não via há algum tempo da nossa seleção, criaram uma nova expectativa de uma boa exibição e ainda maior resultado. O resultado final foi, na verdade, 3-3 e a exibição ainda pior. A jogar com uma defesa baixa e com medo de arriscar, um meio campo passivo tanto ofensiva como defensivamente, jogo lento, passes falhados atrás de passos falhados e uma finalização terrível a que o Helder Postiga nos tem habituado, não foi de admirar a reviravolta no resultado. A única exibição positiva que se viu desde o início foi a de Coentrão que mostrou que ainda sabe o que aprendeu na sua passagem pelo Benfica. Apenas com a entrada de Carlos Martins e Vieirinha é que Portugal pareceu ganhar vida e conseguiu, ainda a muito custo, empatar. É um resultado muito insatisfatório e que não nos deixa nada confortáveis no apuramento. Mais importante que isto, deixa, espero eu, sérias questões na mente de Paulo Bento sobre quem está realmente a 100%, tanto física como mentalmente, e quem não está. Vamos esperar ver algo de melhor na quarta-feira.
A Perfect Circle - Passive
sábado, 23 de março de 2013
Da Idade de Ouro
Aqui deitado em nenhum terreno que importa ao povo humano observo o tempo passar através de nuvens brancas e céus azuis. Lentamente passam pelos meus olhos tal como o vento suavemente acaricia a minha pele nua. Aqui observo as estações e as idades. Observo como a folhagem de cor verde primaveral já começa a conhecer a sua variante outonal. Absorvo todo o conhecimento pois todo o conhecimento me é revelado. O Universo é infinitamente claro. Tão claro que me esqueço de o abraçar e aceitar como irmão. Fomos criados da mesma forma, pequenos átomos que lentamente se foram expandindo. A diferença é que a minha expansão física terminou e deu lugar à expansão mental enquanto que o Universo se mantém em expansão física até implodir e, quem sabe, levar-me com ele. Já a sua expansão mental todas as criaturas para tal contribuem. E idades vão passando, do ouro ao bronze, começando pela bravura das donzelas e a coragem dos heróis e acabando com a decadência e corrupção dos nossos dias. Mas será mesmo este o fim? Seremos nós o último tempo? Não o desejo ver a acontecer pois vejo potencial em cada árvore e em cada pássaro que canta, cada manhã solarenga que nasce e que me cumprimenta com um sorriso. Vejo potencial em cada chuva que cai e neve que decora as ruas, dando cor e vida à sua noite invernal. Há mais nesta decadência do que o declínio da nossa existência. Basta olhar à volta e inspirar o oxigénio, deixar o nosso génio criativo funcionar.
Epica - Chasing the Dragon
Epica - Chasing the Dragon
Mergulhar
Consegues ver se o céu é estrelado ou nublado, nesta noite em que me despeço novamente de ti, mais vazio agora que não estás comigo? Consegues vê-lo e declará-lo pintado ou construído, talvez até escrito? O certo é que foi criado. Está acima de nós e dentro de nós. Pois se dentro de mim reside declaro que tu és o meu céu pois em mim vives infinitamente. Expandes-te. Nunca páras de te expandir. Por caminhos sinuosos, com a luz escondida atrás de nuvens e trilhos de espinhos, ou por caminhos de terra, abatidos antes da tua passagem para facilitar a leveza do teu caminhar, fazes a tua viagem até a mim. Encontras-me desnudo diante de um precipício, contemplando a hipótese de me atirar.
Estou sentado na beira da rocha, olhando para o infinito e confundindo-o com o vazio, subconscientemente sabendo que és tu. Vejo o horizonte nocturno tão bem como vejo as pequenas ondas que nadam no oceano tão amplo, iluminadas pelo luar que se pousa lentamente. Parece que a Lua vai cair no mar e não se erguer mais, disseste-me uma vez. Fugiríamos para o bosque e lá nos refugiávamos, disse-te eu em resposta. Lembras-te? Deverias. Pois foi na escuridão desse mesmo bosque que te escondeste de mim. E é de lá que emerges outra vez. Desse bosque que deixei para trás, que viro as costas, que nunca voltei a pisar. Será como solo sagrado para nós, terminei o nosso plano de fuga. Mas ignoraste o nós. Importaste-te apenas pelo teu eu. E para a escuridão dessas árvores fugiste. De mim? De nós? Não importa. Tentei agarrar-te e chamar-te à atenção mas não ouviste. Continuaste a correr e deixaste-me. Pois fica lá. Livremente as minhas pernas fora da rocha baloiçam, ao ritmo do vento. Deixaste o tempo passar, deixa o meu corpo na água mergulhar.
Linda Martini - Lição de Voo nº1
Estou sentado na beira da rocha, olhando para o infinito e confundindo-o com o vazio, subconscientemente sabendo que és tu. Vejo o horizonte nocturno tão bem como vejo as pequenas ondas que nadam no oceano tão amplo, iluminadas pelo luar que se pousa lentamente. Parece que a Lua vai cair no mar e não se erguer mais, disseste-me uma vez. Fugiríamos para o bosque e lá nos refugiávamos, disse-te eu em resposta. Lembras-te? Deverias. Pois foi na escuridão desse mesmo bosque que te escondeste de mim. E é de lá que emerges outra vez. Desse bosque que deixei para trás, que viro as costas, que nunca voltei a pisar. Será como solo sagrado para nós, terminei o nosso plano de fuga. Mas ignoraste o nós. Importaste-te apenas pelo teu eu. E para a escuridão dessas árvores fugiste. De mim? De nós? Não importa. Tentei agarrar-te e chamar-te à atenção mas não ouviste. Continuaste a correr e deixaste-me. Pois fica lá. Livremente as minhas pernas fora da rocha baloiçam, ao ritmo do vento. Deixaste o tempo passar, deixa o meu corpo na água mergulhar.
Linda Martini - Lição de Voo nº1
terça-feira, 5 de março de 2013
Sleep
Why do shadows keep stalking me
When the night has long started
And sleep is bereft of my eyes.
The night has grow tired
Of waiting for me to cease
My thinking and torture of self.
So outside the Moon rises and falls
And I feel my brain failing
To take everything in and breathe.
Silent is my scream, my desperation,
When sleep I want numbers I count,
When sleep is forbidden bed isn't found.
So, what to do but wait,
Sitting in some unknown corner,
Staring at strange people, brethren of my fight.
My sleep untamed, uncontroled,
Request denied and sentenced announced,
Sleep is given to no rest,
Rest is sought but not mine to own.
Pain of Salvation - Sleeping Under the Stars
When the night has long started
And sleep is bereft of my eyes.
The night has grow tired
Of waiting for me to cease
My thinking and torture of self.
So outside the Moon rises and falls
And I feel my brain failing
To take everything in and breathe.
Silent is my scream, my desperation,
When sleep I want numbers I count,
When sleep is forbidden bed isn't found.
So, what to do but wait,
Sitting in some unknown corner,
Staring at strange people, brethren of my fight.
My sleep untamed, uncontroled,
Request denied and sentenced announced,
Sleep is given to no rest,
Rest is sought but not mine to own.
Pain of Salvation - Sleeping Under the Stars
segunda-feira, 4 de março de 2013
Luz no horizonte
Há luz no horizonte. O Sol pôs-se, fugiu da noite mas ainda o céu se mantém claro e as pessoas caminham na rua. À volta das árvores vêm-se as sombras dos pássaros a circundar, a rodopiar no ar para encontrar algum sítio onde pousar e descansar. Não há verdadeiramente descanso nesta cidade. É um povo de lutadores que aqui vive, descendentes de Virgílio e Afonso. Este é um povo que procura estabilidade para repousarem uma noite descansados.
Mais uma vez a noite se põe mas não se encontra descanso para os desgraçados sobre os quais ela cai. A Lua observa isolada esta desgraça, misericordiosa mas impotente. Sossegadamente é mostrado o lado mais negro da vida. Injustiça cometida após fraude, são os oprimidos que ainda sofrem. O pouco que lhes resta é-lhes retirado e tudo o que lhes resta é vida na rua e espírito derrotado.
Já não vejo luz no horizonte. Esta noite é igual a tantas outras. O nosso silêncio é o nosso pesar porque na rua há a violência da nossa frustração e o sangue derramado leva ao nosso desespero ser arremessado. Suam e sangram as pedras da nossa calçada enquanto nós, descalços, caminhamos contra os canhões e pela nação que nos roubaram e que outrora, tal como agora, aclamámos.
Soulfly - Rise of the Fallen
Mais uma vez a noite se põe mas não se encontra descanso para os desgraçados sobre os quais ela cai. A Lua observa isolada esta desgraça, misericordiosa mas impotente. Sossegadamente é mostrado o lado mais negro da vida. Injustiça cometida após fraude, são os oprimidos que ainda sofrem. O pouco que lhes resta é-lhes retirado e tudo o que lhes resta é vida na rua e espírito derrotado.
Já não vejo luz no horizonte. Esta noite é igual a tantas outras. O nosso silêncio é o nosso pesar porque na rua há a violência da nossa frustração e o sangue derramado leva ao nosso desespero ser arremessado. Suam e sangram as pedras da nossa calçada enquanto nós, descalços, caminhamos contra os canhões e pela nação que nos roubaram e que outrora, tal como agora, aclamámos.
Soulfly - Rise of the Fallen
Subscrever:
Mensagens (Atom)