sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Se eu soubesse

Se eu soubesse quão dura consegues ser às vezes, quão mais fria que a chuva que cai nesta noite, ter-me-ia deitado silencioso na escuridão muito antes. Se eu soubesse, se tivesse todas as informações do mundo, se este silêncio não fosse tão desprovido de conhecimento como eu, ter-me-ia fechado tão mais cedo. Podias ter-me avisado, olhos nos olhos, directamente para a alma. Mas até eu duvido que fosse ouvido o teu aviso. Apenas uma parede me pode parar, um desastroso acidente que liberta a alma para poder vaguear por outras paragens.
As palavras - a falta delas - motivam para que se siga em frente. Mesmo quando à nossa frente se encontra uma longa viagem cheia de chuva e turbulência e que o destino seja um quarto frio de quatros paredes brancas que ocupam o infinito e que deixam de existir no escuro para prender, deixar a alma claustrofóbica. Um quarto onde podemos gritar livremente e ninguém nos ouvir, deixar o tempo passar, os trovões, as chuvas, os ventos e ninguém nos perturbar. É um quarto que classifico como seguro, longe de ti.
Se eu soubesse todos os mitos, todas as histórias, todas as mentiras e verdades, seria perfeição. Seria refúgio de ti, seria prevenido para todo o tempo gasto contigo. Se eu soubesse, não me farto de repetir, hoje não estaria aqui assim. Estaria ainda aqui, provavelmente, talvez com um copo de whisky na mão mas um sorriso na cara. Estaria aqui a escrever contos de finais felizes e não tristezas que perduram na alma. Se eu soubesse não serias mais uma desilusão, mais uma para adicionar ao repertório vasto que se tem alargado recentemente. Em grandes quantidades ao tempo e à noite pergunto, se eu soubesse, que faria? Valia a pena, todas as interacções são parte do nosso crescimento... certo?

2 comentários:

Histeroneurastenia disse...

Como sempre, os teus textos tocam a alma.

Bruno Carvalho disse...

Muito obrigado, ainda bem que gostas :)