Planícies verdes, mar azul, gaivotas que pairam no ar como papagaios. O vento que sopra forte, a trovoada que ameaça romper a noite e criar um novo dia, a chuva que cai sobre o meu corpo efervescente, acalmando a alma. Minha é a esperançada mente que tanto luta e sonha mas falha em alcançar. Tenho os pensamentos em círculos, os sentimentos fechados, aprisionados, desgraçados que engulo vezes sem conta e agradeço às estrelas pelo dia que os humanos decidiram destruir toda a Natureza. Criaram a distância, criaram a minha salvação. Foram apenas inerentes ao seu próprio destino, tão insignificantes na altura como o são agora para mim. E malditos, voltemos a mim, é a mim que amo e ninguém mais.
Penso que alcançámos o mais importante: o silêncio! O silêncio é essencial. E como é que o sabemos, como é que o temos? Deixamos o tempo passar, palavras são cuspidas e gastas, usadas ao acaso para preencher o embaraço. Não há tranquilidade, apenas desespero. E isso vê-se nos olhos da outra pessoa tal como são visualizados nos teus. Levamos a pessoa para o escuro, o desconhecido e aí já não há confronto. Há silêncio. Então podemos sentarmos-nos no escuro e não ver nada, nem saber se olhos estão abertos ou fechados, e passamos a saber que somos desiguais e duas peças do puzzle que encaixam perfeitamente juntas. Há tanta isolação no meu mundo mas há sempre espaço para ti se acreditares no silêncio.
Deixemos todas as histórias antigas para trás, são pequenos barcos que flutuam em direcção ao horizonte com velas nas bordas e um velho guerreiro deitado no meio com os olhos fechados e as mãos fechadas sobre o punho de uma espada. Abordemos toda esta destruição, todo este mundo de cimento. Finalmente, tudo o que vejo é cinzento. Nuvens, edifícios, pessoas. Até as minhas próprias memórias são em tons de cinzento, lentamente desvanecendo. É a verdade demonstrada perante os meus olhos que rejeito acreditar, é o meu fado que me canta à noite que não aceito. E então algures na minha mente alguém grita para mudar, acabar com esta tristeza e melancolia. Tento em vão virar a página, começar um novo capítulo no livro mas as páginas são demasiado pesadas. Pegas-me na mão e guias-me pela escuridão dos meus pensamentos, silenciosos, partimos...
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