sábado, 14 de janeiro de 2012

Por vezes

Por vezes não conseguimos ver o que temos à nossa frente, por não haver espaço ou por simplesmente não querermos ver. Por vezes basta-nos um caminho, uma memória, uma companhia para nos fazer ver. Talvez o que chega é desesperar por algo, voltar a casa e não o ter. Penso que isto nos faz aperceber de que precisamos simplesmente de seguir em frente. Porque uma casa vazia por vontade é sempre melhor que uma casa cheia de estranhos a falar de tópicos vazios.
É preciso um compasso de espera até voltarmos a erguer-nos de manhã no frio do Inverno. Os lençóis estão quentes, em oposição ao ar do quarto. Mas na cama divagamos e imaginamos o impossível: quebrar aquela barreira da pessoa impassível. Sorrimos e sonhamos até voltarmos à consciência de que nada daquilo aconteceu, provavelmente nunca irá acontecer. Então rogamos ao frio e ao Inverno, sejam complacentes e permitam o retorno do Verão e do calor para podermos sair da cama, caminhar pelas ruas e sentir a brisa a aclamar a calma da alma. Mas é tudo um sonho. Por vezes querer não basta.
Por vezes basta um velho trilho, uma lembrança, uma chuva para nos abrir os olhos e permitir-nos ver o que existe ao nosso redor, uma mão cheia de nada para além da nossa luta vã contra um muro sólido. Invariavelmente somos derrotados. Existe um limite até onde podemos lutar antes de baixarmos os braços e resignarmos-nos à nossa condição permanente. Por vezes o silêncio chega-nos. A mim basta-me.

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