sábado, 5 de janeiro de 2013

Com ou sem a ajuda do FMI

26 Mil Milhões de euros foi a quantia acertada pelo Fundo Monetário Internacional, na altura dirigido pelo senhor Dominique Strauss-Khan, mais recentemente conhecido pelos escândalos sexuais que o precedem, e pelo governo Português, na altura liderado pelo engenheiro José Sócrates, actualmente algures em França, sem dúvida a satisfazer o pedido do actual primeiro-ministro Português, Pedro Passos Coelho, de forma a resgatar Portugal da crise económica que se abateu sobre o país em 2008 (ou antes) na forma de empréstimo feito a partir de tranches acordadas previamente e que dependem da avaliação de um equipa de especialistas (Troika). (este acordo pode ser lido na integra no website do FMI: Acordo de Empréstimo a Portugal do FMI)

Esta quantia pode ser vista de uma maneira assustadora visto que é um empréstimo a longo prazo e pago com juros que nos vai custar um valor bastante superior ao que nos é facultado. Comparativamente à Grécia (30 Mil Milhões no primeiro empréstimo) e à Irlanda (22,5 Mil Milhões) podemos dizer que estamos bem colocados e não em tão maus lençóis quanto isso. Uma maneira da população mais leiga e mais preguiçosa (falo de mim) de ter alguma noção de como estas coisas de empréstimos e pagamentos está a correr é ver as notícias. Se houverem muitas notícias então país está mal (Grécia), se não houver notícia alguma o país está no bom caminho (Irlanda). Portugal, muito como o valor do seu empréstimo, está no meio destas duas definições. Para nós, Portugueses, vemos notícias constantes de dinheiro e investimentos e cortes (esta muito mais que as outras). Mas o que passa para fora das nossas fronteiras é muito mais raro que aqui em Portugal. Procurando jornais internacionais vê-se que o panorama europeu é muito semelhante ao Português o que faz com que o nosso caso não seja muito reportado. Mas isto não significa que as coisas não estejam más. Apenas significa que não somos os únicos com problemas. Mas que pensará o povo português disto?

Têm sido imensas, e cada vez mais violentas, as manifestações em Portugal. A revolta do povo faz-se sentir com grande força. Pedras são lançadas, abraços são dados, não falta muito até levarem os cravos para a rua. Mas isto são os dias em que o país pára e se concentra no Marquês de Pombal, desce a Avenida da Liberdade, passa pelo Rossio e caminho até ao parlamento onde é parado pela muralha de polícia. É caso para dizer que o povo está a ajudar a polícia a manter os ladrões presos dentro de um edifício.

Mas fora destes dias, o povo continua a ser o povo. O desempregado aproveita do fundo de desemprego, os filhos vão trabalhar mais cedo para ajudarem a sustentar os pais, os trabalhadores trabalham mais por menos, os amigos arranjam cunha aos amigos para trabalhar e assim continua. Exemplo disto foi a minha visita recente ao dentista num hospital lisboeta em que um filho de uma mãe... enfermeira que lá trabalhava chegou depois de mim e após ter mentido descaradamente... relatado a sua situação injusta escolar à mãe, foi atendido primeiro. Não me revolta imenso esta situação pois já é algo que estou habituado (apesar de, a meu ver, ser algo errado) e que até eu já beneficiei de certos conhecimentos para me adiantar no dia. O que isto criou em mim foi tristeza. Tristeza pois o povo revolta-se e grita e sangra mas depois volta ao mesmo, não muda. Somos os mesmos ladrões e trafulhas que tentam despachar-se na vida para enriquecer, que tomamos o caminho mais curto e mais fácil e acabamos por nos complicar ainda mais. Depois chegamos à situação em que estamos e que, com ou sem a ajuda do FMI e de todo o seu dinheiro, não vamos sair antes de sairmos desta mentalidade preguiçosa e, termo cheio de segundos significados, precoce.

U2 - With Or Without You

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