quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Amarië

Ouve o rufo distante dos tambores, o sinal de que os seres estão prontos para a batalha.
Observa o céu enquanto se pinta de preto anunciando o massacre que se vai suceder aqui.
Cheira o ar pútrido, outro anuncio da morte que assombra estes campos.
Sente o ar fresco que percorre todas as ervas negras, os fantasmas do passado vieram assistir à guerra.
Chora em vão o sangue derramado por ti, nesta terra dominada pela sombra.
Grita um som mudo para as montanhas, onde os seres se tornam senhores antes da sua morte.
Apercebe-te que a terra é opaca e que apenas um relance do teu sorriso é razão para partir para a guerra, que tu és o Sol que ilumina a vida de estes seres mortais, fracos e que nem mesmo a chuva disfarça a beleza que imanes apenas ao desviares o olhar a caminho do céu. Os anjos descem do paraíso para guardarem as árvores dos fogos infernais agora acendidos pelos pecadores, desconhecendo que o acto de proteger está a alterar a ordem do Universo e que eles próprios se tornam pecadores, mortais, morrendo também nesta batalha. E tu, Amarië, és a razão de tudo isto. Por tudo o que és, mereces o teu destino, seja ele qual for.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto da última frase.