Aqui a vingança é um sinal de boas vindas. A tolerância é sinal de fraqueza, a força é o equivalente à inteligência no teu mundo. Somos homens que se recusam a admitir sentimentos enquanto guiados por sentimentos. Somos cegos à paz e abraçamos conflito. Caminhamos rumo à destruição e prendemos a alma à guerra que tanto amamos. Queimamos os campos juntamente com os corpos dos mais fracos, aqui a lei do mais forte reina. Corpos drenados do seu sangue e do seu orgulho, cobertos de vergonha pela sua fraqueza, lentidão ou medo, eles são os tiranos dos pavimentos, dominando o asfalto. Cada olhar para os seus olhos é um abismo e um momento mais tarde para fugir. E então vemos o que eles realmente são, irmãos na queda. A partir desta morte só podemos subir, o Inferno é isto, sangue, fogo e guerra.
Somos sanguinários que cheiram o desespero, que conquistam cada pedaço de terreno à medida que caminham, com cada tiro disparado, com cada ferimento tapado com ligaduras feitas à pressa. As ruas estão pintadas de vermelho, as paredes estão pintadas de vermelho, se calhar são os meus olhos que já só vêm vermelho, depois de tantos irmãos de armas caídos aos meus pés, tantas almas libertadas destas prisões raivosas e assassinas. Julguei-me perdido. Julguei-me louco, assassino e condenado. Para mim o céu era uma armadilha, olhava umas vez e puf! estava morto. Por isso sempre olhei para o chão, sempre escondido, recolhido, fugindo de cada olhar porque cada olhar é mais uma guerra e mais uma facada no meu espírito. Tentava prevalecer dia e noite embrulhado num manto de solidão. Porque aqui não fazes amigos. Aqui amigos são os que não te matam no primeiro segundo. Aqui amigos são os que prevalecem. Muitos já eu enterrei achando que me significavam algo. Mas enterrei porque senão seria eu a estar naquela cova e eles a olharem para mim de onde eu lhes olho agora. Estou na barreira da sanidade, lutando por permanecer por cá.
Este lado da fronteira não tem luz. À muito que o Sol se recolheu e não voltou a brilhar, a Lua nem se ousou a aparecer. Vivemos na escuridão, imersos em constante vigilância. Dormimos de olhos abertos e estamos acordados com os olhos fechados. Porque há muitos loucos por aqui que não respeitam os sonhos dos outros e outros que simplesmente se acham mais por ainda conseguirem abrir os olhos. Até que não o conseguem. Até que os fecham como qualquer outro, como aqueles irmãos que decoram as ruas. São aterradores, estes loucos. Não porque matam sem dormir e bebem sem descansar mas sim porque não têm medo de morrer. De facto, creio eu, até anseiam a morte. Posso ser um tolo mas acredito que cada um de nós quer passar para esse lado da fronteira. Posso ser não, sou um tolo. Sou um tolo porque sonho um dia fechar os olhos descansado e abri-los no teu regaço, ver-te com um sorriso na face e uns olhos esperançosos. Mas sou um tolo apenas cinco segundos do meu dia. Mais que isso e só te vejo na próxima vida.
Não posso perder mais tempo aqui, Hades caminha as ruas novamente, vou embarcar em mais uma viajem ao submundo. Até esta ou a próxima vida, meu amor.
Somos sanguinários que cheiram o desespero, que conquistam cada pedaço de terreno à medida que caminham, com cada tiro disparado, com cada ferimento tapado com ligaduras feitas à pressa. As ruas estão pintadas de vermelho, as paredes estão pintadas de vermelho, se calhar são os meus olhos que já só vêm vermelho, depois de tantos irmãos de armas caídos aos meus pés, tantas almas libertadas destas prisões raivosas e assassinas. Julguei-me perdido. Julguei-me louco, assassino e condenado. Para mim o céu era uma armadilha, olhava umas vez e puf! estava morto. Por isso sempre olhei para o chão, sempre escondido, recolhido, fugindo de cada olhar porque cada olhar é mais uma guerra e mais uma facada no meu espírito. Tentava prevalecer dia e noite embrulhado num manto de solidão. Porque aqui não fazes amigos. Aqui amigos são os que não te matam no primeiro segundo. Aqui amigos são os que prevalecem. Muitos já eu enterrei achando que me significavam algo. Mas enterrei porque senão seria eu a estar naquela cova e eles a olharem para mim de onde eu lhes olho agora. Estou na barreira da sanidade, lutando por permanecer por cá.
Este lado da fronteira não tem luz. À muito que o Sol se recolheu e não voltou a brilhar, a Lua nem se ousou a aparecer. Vivemos na escuridão, imersos em constante vigilância. Dormimos de olhos abertos e estamos acordados com os olhos fechados. Porque há muitos loucos por aqui que não respeitam os sonhos dos outros e outros que simplesmente se acham mais por ainda conseguirem abrir os olhos. Até que não o conseguem. Até que os fecham como qualquer outro, como aqueles irmãos que decoram as ruas. São aterradores, estes loucos. Não porque matam sem dormir e bebem sem descansar mas sim porque não têm medo de morrer. De facto, creio eu, até anseiam a morte. Posso ser um tolo mas acredito que cada um de nós quer passar para esse lado da fronteira. Posso ser não, sou um tolo. Sou um tolo porque sonho um dia fechar os olhos descansado e abri-los no teu regaço, ver-te com um sorriso na face e uns olhos esperançosos. Mas sou um tolo apenas cinco segundos do meu dia. Mais que isso e só te vejo na próxima vida.
Não posso perder mais tempo aqui, Hades caminha as ruas novamente, vou embarcar em mais uma viajem ao submundo. Até esta ou a próxima vida, meu amor.
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