Hoje vi-a passar por mim. Vestida com calças de ganga, camisola azul e um casaco branco, longo e fino, a esvoaçar com o vento como que asas a enaltecer o ser angelical que caminha nesta terra, banhado de inocência.
Perdi-me mais uma vez nos seus olhos, azuis de diamante, fortes mas tristes, revelando a tristeza e solidão que lhe preenche a alma. Os nossos olhos cruzaram-se durante um mero segundo, o suficiente para lhe ver o belo sorriso que ela me ofereceu por simpatia, ainda sem afastar o medo.
Os seus contornos foram-se encolhendo a medida que nos aproximávamos, os lábios comprimiam-se, batendo carne com carne; ela inalava mais rapidamente o ar à medida que o nervosismo aumentava e, consequentemente, os seus olhos piscavam mais rapidamente como um farol a iluminar o caminho a um barco na escuridão.
Pareceu uma eternidade, aquele momento. Senti carinho e afecto genuíno por aquela criatura nervosa e amedrontada. Por aqueles meros segundos em que nos encontrámos, revelámos mais de nós mesmos um ao outro do que dois amigos que passam a tarde juntos. Eu não estava sequer consciente da minha face e das minhas acções, deixei-me simplesmente hipnotizar pelo seu cabelo loiro e liso, os seus olhos azuis, os seus lábios com um sorriso tímido e a sua face de medo e inocência que fez penetrar em mim paixão e que fez o meu coração saltar umas palpitações.
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