Adorar as palavras como adorar a trovoada que rompe a noite e o sonho, perder-se na confusão de pensamentos e revolvendo sentimentos, testá-los ao máximo e nunca realmente ter a certeza de que é verdade, silenciar as almas decadentes que dançam na nossa mente, alimentando mentiras, espinhos encravados nas nossas costas, pesos nas costas, fardos nos nossos ombros. É isto que sinto e te vejo sentir nas indeléveis páginas brancas preenchidas por desenhos macabros que imaginas e te atormentam. Até as paredes preenches com os teus pesadelos que tanto desejei afastar.
Erros de vivência todos temos, viver apesar dos nossos erros é algo que nem sempre conseguimos fazer. Mas tu mostraste-me um novo mundo, abriste-me os olhos a uma nova perspectiva que recusei e voltei a fechar quando me abandonaste. E vivo, ainda que sem grande ânimo. Vivo com apatia nímia, tantas vezes desejo que voltes à (minha) vida para me voltares a mostrar do que sou capaz. Mas a dor é anonímia, por vezes periférica. E por isso visito o cemitério da memória onde enterrei a nossa história, um paradigma para futuras experiências e relembro-me do que me deste, metade daquilo que me tiraste. Continuo então afastado, olhando para o mar procurando o fundo e nunca percebendo que a água é demasiado turva, a descida incerta.
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