terça-feira, 11 de outubro de 2011

Leõa (continuação)

Já várias noites tinham passado desde aquele beijo. Esse ainda arde na minha mente como uma floresta que se recusa a morrer, a ser recordada como cinzas. A sua textura, a carne dos seus lábios, o brilho nos seus olhos castanhos, tudo o que ainda não me esqueci. Perguntei-lhe pela sua história mas tudo o que recebi foi silêncio. O dia nasceu, deixei num táxi para casa e eu fui dormir. Ficou apenas a promessa de um novo passeio noutro dia. E esse dia veio, desgraça minha! Um breve passeio pelo parque em que ela me confessou todos os sonhos e segredos, pecados e virtudes. E tudo nisto veio a sua história, década e meia nos braços de um companheiro para uma noite o perder tão rapidamente quanto o teve. E enquanto as lágrimas lhe escorreram dos olhos segurei-a. A tarde passou, não houve problema, todos os dias voltávamos ao bar onde nos conhecemos, bebíamos um pouco, voltávamos para a minha casa e apaixonámos-nos um pouco mais. Até que ela apanhou o avião para o outro lado do mundo e eu a perdi tão rapidamente como ela perdeu o seu amor. Agora que penso nisso... o seu olhar sempre foi opaco, o seu sorriso vazio, as suas palavras sem significado.

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