sábado, 1 de dezembro de 2007

Decaimento (tudo arde)

Sinto-me um vírus. Infecto, destruo, ocupo, tento conquistar mas volto sempre a cair, a arder, a desaparecer. Indesejado ou simplesmente nunca adequado ao grupo ou às situações, afasto-me e fecho-me em mim próprio porque sei que sou o único que não vou magoar a minha alma, apenas o meu corpo. Destruo-me lentamente porque não desejo continuar com esta fragilidade de mente, com esta transparência de alma, procurando sempre aquele canto obscuro onde me sinto seguro e a que posso chamar casa. Guardo os meus segredos, aqueles que levarei para a campa. E são-me essenciais para continuar a sentir aquela razão para ser forte e ter os meus princípios, mais razões para lutar por algo mais, algo que parece que não mereço.
As imagens ardem na minha mão. Mesmo a chuva que cai das nuvens não apaga a chama, apenas continua a cair e nada mais. Tudo à minha volta parece falar e cair, desmoronando-se e ardendo. Tudo arde aos meus olhos. E a chuva continua sem afectar. Apenas os relâmpagos que caem é que começam mais fogos. Desisto de tentar compreender as razões para tantas destruições. Ninguém importa, ninguém sequer tenta importar-se com a decadência em que este mundo e esta humanidade se transformaram. Nunca fomos assim, ficámos assim devido à dor e esquecimento no passado. As imagens agora não passam de cinzas e juntam-se ao vento para desaparecerem, deixando-me sozinho mais uma vez. Sento-me no chão molhado e eu próprio começo a arder. A chuva ácida destruiu-nos.
Vagueei os espaços da tua mente. Tentei controlar todas essas essências negativas para que não viessem ao de cima e acabassem com isto. Mas foi tudo em vão. Acabei por te assustar, agravando o facto de que já não gostavas de mim, não terias interesse em continuar com esta mentira. Acabou por ser melhor assim, ninguém mais sofreu, não houve mais discussões desde então e ainda nos vemos nos corredores deste manicómio. Os caminhos que levo, todos esses levam ao mesmo lado. E a destruição que ocorre à minha volta deve-se à má energia que deixaste em mim. Desapontamento de algo mais que sempre desejei mas que nunca foi correspondido. Caminho em frente porque é o único caminho. Mas mantenho-me calado porque nada mais quero dizer. Apenas acabou.

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