domingo, 16 de dezembro de 2007

Silêncio

Como duas flores a crescerem lado a lado, alimentando-se do Sol e das águas das chuvas, sempre permanecendo erectas e frágeis ao toque de um estranho, dois jovens, com os destinos entrelaçados, seguiam a sua vida desconhecendo o toque do destino, transformando tudo aquilo que eles acreditavam e toda a realidade que demoraram anos e formar em algo único e com apenas um caminho, uma saída. Toda a felicidade se tornava relativa e fútil, uma coisa passageira e de pouco significado, pois estavam incompletos sem a permanência um de o outro na vida de cada um. As palavras ficavam com pouco significado e apenas o vento lhe tocava, empurrando-os, cada vez mais aproximados um do outro, encontros subtis mas que teriam mais significado quando tudo acabasse.
O planeta continuava a girar, apenas as rochas não se mexiam, os continentes não se aproximavam mas os seus toques pareciam mais do que profundo, eram como que picos que tocavam e se enfiavam na alma, por baixo da pele e da carne, constituindo o esqueleto da acção e o significado do amor. O sangue brotava de todos os canais, esmorecendo no chão, fazendo mais flores aparecerem, crescerem do nada, das terras inférteis que existiam para ocupar espaço, constituir um planeta fútil. O tempo passava, os jovens crescem e começam os contactos, os olhares, as palavras, os sorrisos. Todo o jogo começa, os dados são rolados e a vida transforma-se num acaso, numa sorte ou azar momentâneo. Tudo à volta é relativo e desfocado, tudo à volta é inútil e consegue desaparecer apenas no primeiro contacto.
Os jogos terminam, o prazer passou e o rapaz que deixou de ser rapaz fala com uma voz terminal, consumindo o desejo do fim de tudo, revelando a sua podridão e solidão no interior. A sua alma, mostrando a sua real ausência de cor, assustando e afastando brutalmente a rapariga, libertando-se para o espaço aberto, encontrando a tão desejada escuridão e vastidão do Universo, a morte aguardada por tanto tempo. Agora não resta mais nada se não fragmentos do silêncio audivel da sua voz interior que ainda reside na rapariga.

1 comentário:

My little Moon disse...

Pah porra já me fizeste chorar :'(