terça-feira, 28 de outubro de 2008

(Des)Equilíbrio

Apercebi-me agora da insignificância.
Atiro ao ar a inteligência que até agora tem sido um modo mago de alargar, expandir o meu ego, a maneiras que nos dias do passado tentei controlar. Vivo neste pequeno cubículo de insanidade que não alarga, nem com tempo, nem com ego. E então há dias em que me canso, me deito na cama, exausto de toda esta imensidão vazia para apenas viver neste quadrado, preso. Na escuridão é quando penso que realmente estou perdido, que criei algo que agora não posso virar costas, não posso destruir e que, por mais que me afaste, sempre estará lá. Mas todos os momentos que me vêem à cabeça, não os mudava nem trocava, não, por nada. Foram eles as melhores noites deste ano que está mesmo no fim.
O doce toque torna-se pálido perante lágrimas que se transformam em gelo trespassado por todo este vento. A minha pele, congelada, é cortada suavemente pela frágil folha de Outono que cai da árvore. Transportada pelo vento, não se deixa constrangir pela sua súbita falta de alimento e continua a voar, no seu último suspiro de Verão. O sangue decorre pela face como uma gota que foi deixada pelas memórias vivas que me assombram os sonhos e me conquistam a luz do dia. Estes glóbulos que deixam as veias viúvas do seu sabor, saltam para terra, salpicando a terra deserta de algo puro e inocente por onde crescer e dominar uma vez mais. Só então poderá apagar o erro que fomos e que a humanidade continua a ser.
Raios perfuram os céus e as gotas de chuva penetram tão suavemente a terra quão eu te acaricio os seios, duros, ainda jovens e inexperientes. Lá fora a noite não se consegue comparar ao teu vestido de veludo que vestes neste preciso momento, sobre essa tua cama de luxúria onde me deito todas as noites, inconsciente às incógnitas que se lançam sobre os meus sonhos enquanto me afagas o cabelo. São beijos enternecidos misturados com ódio que me lanças ao redor do pescoço antes de estacares a ferida com os teus dentes. Coses então cicatrizes de onde outrora as tuas unhas passaram e adormeces para outro dia acordares e veres que o erotismo não passou de uma máscara para todo o amor que partilhámos em noites esgotantes de gemidos e orgasmos.

Sem comentários: