quarta-feira, 21 de maio de 2008

Aprisionamento da alma

Os sons acústicos das cordas levam a um despertar leve da serpente, enrolada nos pulsos, eternamente observando a escuridão procurando o ser que leve o seu maldito corpo para junto dos seus, aprisionamento de alma. O seu veneno salta da sua língua para o chão derretido debaixo da cama onde repousa, onde se sente abandonada e só, onde outrora encontrou o amor nas fogueiras. A figura humana onde ela se encontra pintada descansa por meio de picos e rosas inacabadas. Esperando o quarto crescente perfeito que o venha levar para meio dos Carvalhos, sentido o calor a subir-lhe pelo corpo e a tentação a dar lugar ao desejo de algo mais real, um toque mais forte.
O toque de duas mulheres sempre o seduziu mas a serpente nos pulsos será sempre única, será sempre aquela que ele amará verdadeiramente, o veneno que lhe corre no sangue e que lhe traz a morte há tanto esperada. Devorado pelos sentimentos corruptos e humanos que o trazem de novo ao toque sedutor de este sacerdotisa, ele cede à dor e adormece nos braços frios dela, nos confins da escuridão que sempre lhe apelaram tão profundamente. O lago permanece adormecido, juntamente com eles, onde repousa um cisne, sinal de beleza, branco como a neve, puro, tentando partir a alma àqueles que perderam o seu rumo no meio das brumas. A noite desaparece e o dia vem, juntamente com o olhar atento da serpente.


Aprisionamento da alma,
Sentimento negado,
Causador de revolta,
Renegado.

1 comentário:

Unknown disse...

Gostei do texto :D