segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Lembraça

-"Mata-me agora ou devolve-me os teus braços, o teu saboroso cheiro que me faz adormecer nas noites de pesadelos e que me aconchega até a chegada da minha Mãe, no céu cinzento, morto, sem qualquer estrela."
-"E agora, nesta total escuridão, nesta total ignorância do meu ser perante todo este caos, és a única estrela. És a minha luz, guia-me por onde o sangue escorre com felicidade, leva-me onde a água seja limpa e pura para que nos possamos banhar em todo o nosso esplendor e consciência. Espalha os meus restos mortais pela tua alma para que sejamos um. Então, realizado, prosseguirei pela ponte dos sonhos até onde a tua mão me levar."
-"Deixo tudo para trás e atravesso este caminho solitário, agarro-me às brumas e perco-me na tua directoria, quero uma lágrima minha porque a minha única lembrança é um sorriso de despedida, seco, sem deixar nada para trás, nenhuma máscara que me revelasse diferença ou tristeza. E aqui me encontro eu, com os blues a cantarem aquilo que não consigo proferir. A guitarra chora por mim pois é o nada que me sai do canto dos olhos."
-"E que este comboio se despiste e caía da ponte, não quero viver mais sem ti. És o meu calor, és a minha vida. E talvez encontre tudo o que quero nos braços da morte, tudo o que deixaste escapar fui só eu e eu sou um humano com algo preso dentro de mim. Poder-me-ias salvar mas deixa estar, vou ser consumido pela escuridão e deixado à ignorância."

1 comentário:

Kath disse...

Parabéns, Holyzito.