sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma nova Terra

Vejo a evolução rítmica a ganhar posição, a revelar-se ao mundo, desnuda, acabada de cair dos céus para nos abençoar com a sua graça. Tambores que ribombam à distância e que chamam os jovens para a guerra com todas as suas balas, tanques e mecanismos. Ainda nem o sangue caiu no chão já uma alma abandona o corpo, a desgraça abate-se sobre famílias. Vejo a evolução a destruir o mundo, o que restava da paisagem começa a ruir sob mãos de ambição que ultrapassa o futuro. E então nada resta para a inspiração, não há viagens de comboio que façam a mente divagar para mundos de palavras sentidas e sentimentos por exprimir.
Jaz por terra um silêncio imperador, não são só as máquinas que são automáticas, carne e osso enfraqueceram e esqueceram-se das emoções, só saem de casa com objectivos, já não há parques ou jardins onde as crianças brinquem e as pessoas se sentam nos bancos a olhar para o nada e a imaginar tudo o que resta existir. Mancharam os céus da sua apatia, não resta cor a este mundo. Tudo uniforme, rectangular, não se reflecte um traço de humanidade nos olhos de alguém, nem das crianças. A noite vem com o silêncio e toda a vida parece deixar de existir enquanto alguma vez existiu neste planeta. A consciência escapa-se para tempos mais verdes, mais vivos, esta superfície não é suficiente para quem já viveu através de colinas e lagos, florestas com árvores que roçavam os céus. Dessa humanidade que resta? Uma vaga memória com um sorriso melancólico.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Partido

Oiçam as crianças a brincar lá fora, ao cessar do vento, ao Sol escaldante. Pronúncio de uma noite quente que se aproxima lentamente, as horas definham aqui dentro em pedaços de movimentos esporádicos. Uma sombra atravessa a sala, nada mais que isso, aqui o silêncio é rei. Uma demagogia de apatia, um tirano que se mantém no poder através de mais sacrifícios até não deixar nada e ninguém, o seu reino nada mais que um trono e uma velha sala suja onde já ninguém festeja. E então submissão. Submissão do ser à sua realidade, enfadonho, triste, simplesmente nada a encontrar aqui que vale a pena recordar. Partido. Tudo à volta partido, um caos que assumiu a mente por instantes, apenas uma palavra e todas as cores do mundo voltam a correr. E como o que rodeia o sujeito, ele próprio está, sempre o foi, partido.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pilares que cedem

Há uma guerra no interior, uma indecisão que se faz notar e que se espalha pela noite, acordando aqueles que adormeceram a acreditar que amanhã seria melhor. Há uma luta que jaz por terra todas as esperanças que foram outrora possíveis encontrar nos sonhos e inocências das crianças. Deita-se tudo por terra à procura de uma resposta a um espaço deixado por preencher, a vergonha conquista a pessoa e a frustração enraivece a mente. E esse espaço define-nos, completa-nos, ironicamente, caminhamos perdidos, desejando sempre mais e mais, traindo quem tiver de ser traído, pisando aqueles que se recusam a trair, ambicionando mais e mais, nunca parando e olhando para o lado, ver os campos largos e verdejantes que nos convidam a descansar a mente. Continuamos sempre em frente naquela estrada solitária que não nos leva a lado nenhum, parando sempre na mesma cidade, descansando sempre na mesma cama, com o mesmo grupo de iguais a nós de sempre.
Mas afinal que somos nós? Meros espectáculos temporários perante um largo grupo de sadistas iguais a nós que observam e julgam, divertem-se com o nosso sofrimento. Sofrimento esse que eventualmente se torna prazer, masoquistas somos nós num jogo sexual que continua a linhagem de ignorantes da nossa espécie. E tal como nós são os outros, os que pensam que vêem tudo do lado de fora, que pensam que se destacam. Rebeldes sem causa, generalizam sem quererem ser generalizados, estereotipados, tiranos de hipocrisia, não conseguem compreender que o que tanto procuram defender é apenas a ponta do icebergue, não é o início dos nossos problemas mas sim o fim dos nossos erros. E tentam acreditar em diferença, criá-la, fazê-la mas envelhecem e como um fruto podre que não foi colheito a tempo caem da árvore até ao chão e encontram-se no meio de uma multidão de frutos podres. No final sempre foram iguais, simplesmente não tinham olhos para ver.
Generais desta indústria, monstros que se recusam a ver o reflexo em espelhos ou poças de água, dizem eles, mas a verdade revela a sua vaidade, o seu sorriso arrogante, o olhar expectante querendo mais um elogio, mais um abraço, mais um beijo para aumentar o ego. E amanhã? Amanhã mostram a sua verdadeira pele, as presas cheias de veneno que corrói as suas vítimas por dentro, tornando-as mais um deles. Amanhã eles caminharão pelas ruas gloriosos, mais uma vitória, mais alguém que pertence ao rebanho. E mais uma inocência perdida, deitada fora como se nada fosse. A glória é falsa, entregue à criança que chora no interior por quem nunca foi. Esperança que existes em vão, quem te vai agarrar? Os heróis há muito morreram deixando nada para trás. E agora trememos, a humanidade está no seu final. Muito em breve as crianças nascem na ignorância e na ignorância morrem, a curiosidade morreu e a inocência nunca existiu para começar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um lado do espelho

Já não me lembro como era o beijo dela. Mas preservo ainda o seu toque, a sua pele suave, os seus olhos a implorar descanso, a sua miséria. Olho para baixo, vejo os segundos a passar no relógio, as cartas na minha mão mostram-me uma vitória garantida, com apenas quatro espectadores à volta da mesa para admirarem o meu triunfo e me consagrarem um alvo a abater. As horas são tardias mas a noite ainda agora começou para nós. O ambiente é transcendente a um mero jogo de poker. Um olhar furioso, um leve sorriso cheio de arrogância, a minha mente afoga-se no prazer da vitória. Breve, no entanto. Deixamos a mesa e as cartas, vamos caminhar na escuridão, sob as estrelas e contra o vento. Daqui a uns breves minutos estará ela connosco e o whisky percorrerá a garganta com maior velocidade. O sorriso morreu.
Tinha-me esquecido do quão doce era sua voz, o prazer que era aproximar-me dela e cheirá-la. Ah, a brisa de Verão. Nesta noite quente em que o sono nos abandona e  tudo o que nos rodeia é-nos garantido no dia-a-dia. Inocentemente caminhamos, culpados apenas de sorrir e viver. Ainda que essa vivência não seja sempre tão agradável como este momento. Mantenho a distância. Ainda que a felicidade me percorra por a ver aqui, voltar a tê-la tão perto de mim, forço-me a não esquecer que aquilo que fomos já não voltaremos a ser. E por isso não há palavras que me escorram do pensamento para a boca, não faz sentido verbalizar o que me vai na alma. Há espectadores que não são personagens do nosso livro. Esta expressão dura mantém-se e vê-se como vantagem física e emocional para o jogo.
Como vi escrito numa parede qualquer, realidade cruel. A noite passa e o silêncio mantém-se. Como se houvesse uma parede de tijolos entre nós em que apenas os tijolos nos conseguissem perceber e admirar na nossa perseverança e determinação, por outros interpretados como estupidez e teimosia. O nosso escopo? Nenhum. Talvez algum. Não voltar a cometer os erros do passado, mesmo que tenham sido noites de Inverno mais quentes do que esta de Verão, com companhia mais agradável do que a que possuímos agora. Mas este é apenas um lado do espelho, nunca realmente soube o que se passava naquele lado.

sábado, 23 de julho de 2011

Closure 600

Pára-me o coração quando te vejo, alegra-me a alma ver-te sorrir. Ainda que à distância, o teu sorriso vale mais que todas as palavras ditas ou escritas. E por isso não te falarei mais. Porque o nosso tempo foi altura de melancolia e tristeza. Partiste para algures onde achaste felicidade. E eu conforto-me um pouco sabendo isso. Ainda que não te veja mais, sabendo que vives feliz, eu consigo viver por e para mim próprio. Uma vez de mãos dadas, agora almas separadas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Even in the darkness

Even in the darkness there's a light, even in the darkness there's hope. There's a vast space to conquer, there's something to behold, someone to hold and never let go. May be late but there will be Sun in the darkness, enlightening that earth and opening eyes. May be in vain but there will be inspiration to make worlds of wonder into hearts of fire. Even if hardly conquered, there will be a conclusion here. And then a new start. Even in the darkness there's something to cherish.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Casa ao lado do lago

Há uma casa no final deste longo caminho. Há um sítio para ficar, quatro paredes que conciliam o calor e me abrigam do tirano vento. Vento inesperado na minha existência, neste trilho que caminho diariamente, por entre árvores e folhas caídas, pedras que contam uma história aos que se aventuram aqui. Vento inimigo que continua a cortar a pele e a assustar a alma, vento que, mesmo a soprar lá fora, me afecta cá dentro. Vento que me acompanha até às noites mais solitárias de Verão, em que me deito ao relento e espero pela manhã.
À beira do lago acordo e caminho, água a cobrir-me os pés, minúsculas pedras que se juntam à areia. O Sol de madrugada lentamente a penetrar pelo nevoeiro da manhã, a mesma bruma que me confunde a mente, que me prende aqui. As árvores, altas, agora reflectidas no lago, deixam uma melodia lenta e triste passar e conquistar a minha mente. É tempo de voltar, passar por aquele trilho, descalço, por onde sempre tenho passado e, por mais vezes que lá passe, não me parece banal. Fixa-se na alma, interioriza-se na primeira visita e nunca mais solta, é parte dela agora.
Há aqui uma mente para crescer, uma mentalidade para desenvolver. Há espaço para tudo aqui. Apenas falta alguém que mostre novos trilhos, que também caminhe pela floresta, à beira do lago, que ultrapasse o medo de lá nadar e de se juntar a tudo o que a Natureza tem para oferecer. Entretanto há os cantos obscuros cheios de violência, memórias reprimidas que lutam pela liberdade. Há prateleiras de livros escritos mas nunca publicados para serem limpas, há coragem a ser revelada, há sangue a ser guardado por uma vida mais longa e iluminada. Há aqui um ser para se proteger na casa ao lado do lago.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Avidez

Ninguém nos mostra o quão ávida é esta vida. Descobrimos por nós próprios, com todos os altos e baixos. Então tornamos-nos pessoas vingativas, cheias de fúria, intolerantes. Anonimamente vamos destruindo tudo o que nos foi dado, o nosso corpo, as nossas relações, o nosso habitat normal. Apenas antes do fechar de olhos nos apercebemos que fomos sempre tão cegos, tão maldosos. Híbridos, mudamos e mudamos, insaciáveis como a vida, adaptamos-nos até ao final da nossa vida. E no final que temos para nos lembrar? Vergonha, tudo o que somos.

Ao longe o rio

Por onde passa o futuro? Do que consiste o passado, a que podemos chamar o presente? Sou mais questões que respostas, sou mais promessas quebradas e lançadas ao vento que um furacão que arrasta cidades atrás de si para cumprir o seu caminho. E tu, de que és feita? Para mim és mais que uma imagem, és a nobreza de coração e beleza esculpida por anos que vieram misteriosamente e anos pelos quais caminharemos rodeados de mistério. Ainda assim és todas as imperfeições que odeio, o culminar de tudo o que desejo. Ao relento deixo o meu desejo de te voltar a tocar na pele, de beijar esses lábios que sinto terem sido feitos para me conquistar. Em vão. Porque não podemos esquecer o desejo que arde sempre à superfície invisível ao olho nu. Então não te posso chamar amiga e agarrar-te para te consolar sem que deixe um pouco de mim por terra.
Não há afinidade ao que te digo, não é que se possa realmente chamar de diálogo aos desabafos desordenados de quem não sabe de si, da sua alma. Apenas agora me apercebo que sou um monólogo, um relato extenso de uma vida isolada que se preenche com paranóia, arrogância e busca de genialidade que creio me ter escapado há muito. Como tu. Tal como tu que numa manhã te afastaste e aceitaste a passagem pelo nevoeiro cerrado para a outra margem, deixando-me no cais, desolado. Como uma pintura, o teu sorriso vai desvanecendo da minha mente. E eu pergunto, como recuperar esse sorriso? Como guardar eternamente essa terna memória? A resposta é névoa envolta de raiva e frustração. E mantém-se o ciclo, tal como tu te manténs afastada de mim. Que vejo eu agora? Ao longe o rio, entre nós _____________

sábado, 16 de julho de 2011

Summer nights

It's never easy to open up the shell and let the sunshine in. Because sunny days come, summer days will be gone. And with it the silence of the night, that roaring sound of nothing, only grasshoppers singing a serenade and cars passing in the distance. No wind or rain. Only tranquillity and dark skies, clear of clouds and full of stars to look upon. Bellow this infinity, lay your head in the grass and close your eyes. You think so clearly. And relaxed you go back to the blue skies of summer that are passing by so fast that you despair for some more. Close your eyes once again. Drink a little wine and let the night go by...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fomos alguém, algures, por alguma razão. Estivemos lá, fizemos algo, vivemos, respirámos, injustamente fomos colados nesta terra e observámos o que nos rodeia mudar. E agora? Passamos de manchas do passado, sombras de dias passados. Se tanto.

Um momento de silêncio

Um momento de silêncio por aqueles que partiram meu amor,
Viste-me na tua realidade distorcida no meio de comprimidos e químicos,
Viste-me incompleto, rendido à tua totalidade quebrada,
Falando sem saber, escrevendo inebriado em ti, querendo afastar os teus demónios,
Mas a história é contada de outra cor, o vento por nós soprou sem vontade ou favor,
Levando-me à loucura, cego por sentimentos tão singelos,
Jurando vingança a estranhos e amigos, tanta emoção e imaginação levada
Para o nada, fotografias e memórias que se juntaram à lista de ódios.
E o sangue escorre pela mão e pela parede,
Tolo foi eu em pensar que um dia poderia toldar uma vida conjunta
Contigo e com tudo o que pudesse vir no nosso caminho,
Longo, duradouro, pensei eu, em tempos de inocência maior que a felicidade,
E que felicidade foi essa! As memórias escorrem e a alma pede
Por mais mas o coração pesa pela dor que a mente não carrega, então muda!
Muda o que vejo, o que me revolve na mente, o que sinto,
Ainda que saiba que no final, tal como no início, o que me fizeste não foi maldade,
Foi uma realidade que ainda não aprendi a lidar, memórias tão agradáveis que passo noites acordado a recordar.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um beijo

- Um beijo deve ser algo real, algo que conservas sempre na mente. É mais que a intimidade entre duas pessoas, é a sua conecção a revelar-se verdadeira.
- E se perdermos o tempo certo para o beijo? Existe tal coisa?
- Há tempo para tudo nesta vida. Para o que não existe tempo ou leis da física favoráveis, nós sonhamos.
- E se caminharmos por desertos e montes, os sonhos tornam-se de liberdade conquistada e isolação incontornável, onde haverá espaço para um beijo aí?
- Há sempre espaço para se sonhar um beijo, o que não há é tempo suficiente no mundo para o saborear na totalidade. Até mesmo nesta época de austeridade sobre todas as coisas do mundo, um beijo sentido será sempre mais valioso para uma pessoa do que uma casa com piscina.

Demagogia do sentimento

E se tudo desvanecesse um dia? Tão facilmente como nos foi dado? Uma mão dócil que se aproxima de um ombro encolhido em dor. E se alguém tentasse compreender o que sentes no seio da tua desolação? Se alguém te envolvesse e absorvesse todo o caos e confusão pela qual estivesses a passar? Tudo o que perdemos é em demasia para contar. Tudo o que demos, nos esforçámos para que fossem aceites, tudo espalhado pelo manto de terra e sangue que cobre o mundo. E no silêncio? No silêncio depositamos os nossos sonhos de um dia mais risonho e iluminado que este.

domingo, 10 de julho de 2011

Manhã de sono

Estou cansado e não estou. A mente esgota os seus devaneios, repete imagens e tenta criar alternativas que vão sempre cair no mesmo resultado.
Cansado. De adormecer mas não sonhar, de sonhar sem adormecer, de ver quem já não entra na minha vida mas que ainda assim caminha os mesmo trilhos que eu. Caras do passado. Vêm certamente assombrar. Lembrar aqueles tempos cobertos por uma névoa, incertos.
Cansado por fechar os olhos e relutantemente voltar a abri-los, curtas noites que cedem o espaço à manhã, trazendo a luz que dificulta o meu sono.
Não existe manhã. A luz do meio dia é a que me desperta o dia. E eventualmente será a quem me despedirei antes de adormecer.
Cansado. A mente é um redemoinho que abandonou todas as imagens pelo caminho, causando devastação na sua passagem. Cansado me despeço, a algo e ao nada que me acompanha pela manhã de sono.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mudança não é sempre algo agradável mas não só é inevitável como necessário

Carência de alma

Digo à minha alma em noites perdidas em nada,
"Não te preocupes que eu encontro-te",
Verdade seja dita ainda nada fiz para encontrar-la.

Sendo que sou o rei deste monte
Preenchido de vazio e palavras ditas em vão,
Tenho direito a oferecer a alma a quem a encontre.

E então resta a palpitação do coração
Que tão corajosa e sobriamente palpita
No peito cerrado pela minha maldição

De me a recusar amar, de me entregar a quem convida,
De ser simplesmente demasiado ignóbil neste mundo,
A ser aquele que caminhar essa estrada evita.

E então silêncio, esse que me preenche o ser,
Misteriosamente caminhando pelos confins da alma
Perdida, onde quer que seja, esperando algum dia me reaver.

Over the bridge and far away

Over the bridge and far away, there is a place where I want to be, a place that calls for me. Where the grass is greener and the children are happy. A place to lie down and close my eyes, relax my mind and free my soul. There the air is clean to breath, there the water is crystal clear. Over the bridge and far away, a refuge from this industry, the modern type of tyranny. From this sovereign skies that have no reflection of the blood that we shed in our melancholy and emptiness. From this society with eyes on the ground and jaws grinding with hate, spite and prejudice. Over the bridge I'll be far away, somewhere I want to be, free, able to breath and walk at late ours of the night without a dictator sky, only a bohemian heart willing to be satisfied.
In this side of the bridge I feel shackled, pressured, unable to go to sleep or to walk through the streets with my guard down. Here I have no home, no body, the mind floating from nightmare to nightmare, endlessly. This side is a spiral, a hill too hard to climb and with winds that blow you back and forth until you have no more strength. The sky has a hole where, everyday, millions of souls fly through. It leaves fear in your heart in despair in your mind. Here the grey clouds are all you see in the horizon, above you. They are with you every minute of your day, you spend your life wishing them away. And soon the dream turns to hate, you can't look at the sky anymore, the ground is your best friend and a stranger the enemy. Here the bridge is a dream that you can quickly forget. Far away is a shadow of doubt amidst the tears.
Over the bridge and far away, the wind blows, the sun shines, (someone) retrieve me from this dystopia, help me find all I'm meant to be.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Perfeição

Quero ver o mundo com os olhos do novo
Abismo, carniceiro dos meus sonhos,
Executor da verdade, ocultador do povo
Utópico, aquele que vê os mundos prontos
Para a complicação da merecida
Destruição, fruto de ignorantes e víboras,
Num céu vazio pela missão cumprida,
Perfeição, o seu sentido alterado na conformidade...

...de nós, o seu povo, caminhantes do abismo, construtores do conceito da utopia, agricultores da semente da destruição, apenas com todo este mundo em bocados chegamos à perfeição.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tempo áureo

Tempo áureo que por mim passaste,
Olhaste e reconheceste mas não acenaste
A este rapaz com pressa de crescer
Ainda sem sabendo ao certo o que é viver.

Ódio de saber quem sou e nada fazer
Para mudar, acreditar, gostava de entender
A vida como ela é, aceitar que fantasias
Não trazem à minha existência alegrias.

Ainda hoje em mim pegaste, saudaste
E prometeste amar, logo de seguida duvidaste
Se essas palavras tinham razão de ser,
Se eram vontades momentâneas que irão desaparecer.

Não, errado, pensar e desabafar, imediatamente desaparecer
Sem justificação, coerência, coordenação com o ser haver,
Desta vida que tem algo teu que desconhecias,
Algo que existia mas que tu não sabias.

Convida a ficar, não é justo simplesmente passar
A correr e deitar abaixo, a enfraquecer
O que ainda não nasceu, não lhe deste asas para voar.

A walk through the undefined

A doubtful summer night, walking through the mist, under the warmth left by the day and the cold of the rain that fell with the fog, wondering about life conjectures and conjurations, left between the gap of existence, I discovered myself on the other world where I found a man dressed like a knight that said to me:
"In life I served my king, in death I serve my King."
- "You're a fool then." - I answered the knight. No sight of life in his eyes, no motion did his face make, only this he said to me:
"In life I served my king, in death I serve my King."
- "Who is your king then?" - I asked, intrigued by this knight passion for his king.
"My king has no name nor kingdom, he is but a master of his own self."
- "Yet you serve him."
"Without any second thought."
- "Then what does this King have to conquer you loyalty so?"
"Everything... and nothing."
- "Then even here, in the land of the forsaken, he has land and army? Power and influence? The right to act as judge and servant to God?"
"No."
- "Then what does he have?"
"Everything... and nothing."
- "Take me to your king then, I wish to know him."
We wondered through dark paths that I wouldn't ever venture by myself. Through ruptures and forest of dead trees, burnt flowers that sadden the soul and animals rotting before my eyes, an image of desolation and devastation was presented to me. All that to take in one time and to seal inside forever. Long was the time we walked, though we found perils that would scare to death the most fragile mortal and bring out the courage of the most noble knight we did not stop until we found a hill.
"There..." - The knight stopped and gazed. At the time I thought I saw a sparkle in his eyes but whatever was there was gone as fast as it came.
The hill was dark with a silhouette of a man on the top, sitting on the floor side by side with a flag that flew with the blow of no wind. The skies were red and he was a mere shadow.
" My lord, I present to you a stranger that fell into our side" - The knight was near the king when I saw him again. I wondered how much time did I gaze at the king.
- "Come mortal, sit with me and watch immortality at it's decadence" - I walked to the top of the hill and sat besides the king, looking back at the dead forest.
- "Everything you see, everything you saw in your passage here is mere illusion. You will fall back to your own world. Take your time here, stars and Moon don't grace us with their presence so no time is wasted on your side. Watch and absorb wisdom and fear." - the king was an old man with a tired expression and grey eyes that watched the unknown like it had nothing new to present to him. Even his clothes were worn out. In life this king would pass by a common street beggar.
- "Your knight speaks of great respect and loyalty for you."
- "My knight you say." - the king smiles - "He's neither my knight, servant nor friend." - then he showed a face of so much sadness and solitude that no world could contain it.
- "Then who is he?"
- "He is me. Part of my soul, part of what I was, something that as a child I wished to be and as an old man I remembered I was. Something that now eludes my knowledge as well as it completes it." - At this time the knight had disappeared. - "He is off again to find some new lost soul to guide here."
- "And what is this place?" - the king looked directly at me, anger burning in his eyes.
- "YOU ASK TOO MANY QUESTIONS YET YOU DO NOT BELONG HERE!" - scared and only thinking of retreat I distanced myself from him. Then I stopped and answered:
- "Nor do I have somewhere where I belong nor do I know what this place is to know if I belong or not here" - The king calmed down and looked at me like a father looks his son when he is born. He smiled and answered:
- "This is no place for you yet. One day, one dark and sad day, everyone will mourn, the whole living and dead world will mourn. In that day you will belong here and I will guide you back to this place, where you'll sit besides me as you do now and rule this place by my side. But now... now you're destined to enlighten people with your words and smile. Give them worlds that they never knew existed. Accomplish your fate and return here. I'll be waiting." - I got up and left, in a last glimpse I saw him smile.
Back in the mist I recognized my town, enlightened by the brink of dawn. I walked home and rested, wisdom was yet to be earned and conquered. In time, I'll see his smile again...