Há uma guerra no interior, uma indecisão que se faz notar e que se espalha pela noite, acordando aqueles que adormeceram a acreditar que amanhã seria melhor. Há uma luta que jaz por terra todas as esperanças que foram outrora possíveis encontrar nos sonhos e inocências das crianças. Deita-se tudo por terra à procura de uma resposta a um espaço deixado por preencher, a vergonha conquista a pessoa e a frustração enraivece a mente. E esse espaço define-nos, completa-nos, ironicamente, caminhamos perdidos, desejando sempre mais e mais, traindo quem tiver de ser traído, pisando aqueles que se recusam a trair, ambicionando mais e mais, nunca parando e olhando para o lado, ver os campos largos e verdejantes que nos convidam a descansar a mente. Continuamos sempre em frente naquela estrada solitária que não nos leva a lado nenhum, parando sempre na mesma cidade, descansando sempre na mesma cama, com o mesmo grupo de iguais a nós de sempre.
Mas afinal que somos nós? Meros espectáculos temporários perante um largo grupo de sadistas iguais a nós que observam e julgam, divertem-se com o nosso sofrimento. Sofrimento esse que eventualmente se torna prazer, masoquistas somos nós num jogo sexual que continua a linhagem de ignorantes da nossa espécie. E tal como nós são os outros, os que pensam que vêem tudo do lado de fora, que pensam que se destacam. Rebeldes sem causa, generalizam sem quererem ser generalizados, estereotipados, tiranos de hipocrisia, não conseguem compreender que o que tanto procuram defender é apenas a ponta do icebergue, não é o início dos nossos problemas mas sim o fim dos nossos erros. E tentam acreditar em diferença, criá-la, fazê-la mas envelhecem e como um fruto podre que não foi colheito a tempo caem da árvore até ao chão e encontram-se no meio de uma multidão de frutos podres. No final sempre foram iguais, simplesmente não tinham olhos para ver.
Generais desta indústria, monstros que se recusam a ver o reflexo em espelhos ou poças de água, dizem eles, mas a verdade revela a sua vaidade, o seu sorriso arrogante, o olhar expectante querendo mais um elogio, mais um abraço, mais um beijo para aumentar o ego. E amanhã? Amanhã mostram a sua verdadeira pele, as presas cheias de veneno que corrói as suas vítimas por dentro, tornando-as mais um deles. Amanhã eles caminharão pelas ruas gloriosos, mais uma vitória, mais alguém que pertence ao rebanho. E mais uma inocência perdida, deitada fora como se nada fosse. A glória é falsa, entregue à criança que chora no interior por quem nunca foi. Esperança que existes em vão, quem te vai agarrar? Os heróis há muito morreram deixando nada para trás. E agora trememos, a humanidade está no seu final. Muito em breve as crianças nascem na ignorância e na ignorância morrem, a curiosidade morreu e a inocência nunca existiu para começar.
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