Vejo a evolução rítmica a ganhar posição, a revelar-se ao mundo, desnuda, acabada de cair dos céus para nos abençoar com a sua graça. Tambores que ribombam à distância e que chamam os jovens para a guerra com todas as suas balas, tanques e mecanismos. Ainda nem o sangue caiu no chão já uma alma abandona o corpo, a desgraça abate-se sobre famílias. Vejo a evolução a destruir o mundo, o que restava da paisagem começa a ruir sob mãos de ambição que ultrapassa o futuro. E então nada resta para a inspiração, não há viagens de comboio que façam a mente divagar para mundos de palavras sentidas e sentimentos por exprimir.
Jaz por terra um silêncio imperador, não são só as máquinas que são automáticas, carne e osso enfraqueceram e esqueceram-se das emoções, só saem de casa com objectivos, já não há parques ou jardins onde as crianças brinquem e as pessoas se sentam nos bancos a olhar para o nada e a imaginar tudo o que resta existir. Mancharam os céus da sua apatia, não resta cor a este mundo. Tudo uniforme, rectangular, não se reflecte um traço de humanidade nos olhos de alguém, nem das crianças. A noite vem com o silêncio e toda a vida parece deixar de existir enquanto alguma vez existiu neste planeta. A consciência escapa-se para tempos mais verdes, mais vivos, esta superfície não é suficiente para quem já viveu através de colinas e lagos, florestas com árvores que roçavam os céus. Dessa humanidade que resta? Uma vaga memória com um sorriso melancólico.
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