quarta-feira, 9 de maio de 2007

Razões do Fim

Como chegamos a isto? Tal decisão não pode ter sido tomada num espaço de tempo tão curto. Um futuro que estragaste, uma vida que entristeceste, as memórias que profanaste. Neste momento, sozinho, desejo que estivesses comigo, que me confortasses da dor que sinto. Imagino mil e uma situações, apenas para me sentir melhor. Mas faz-me o inverso. Entristece-me ao ponto de ficar contente em apenas imaginar que estou contigo. Foste tu que trouxeste esta dor, estes sentimentos inspiradores a um poeta suicida de outros tempos. Ainda tenho o direito a exprimir-me da forma que eu quiser, dizer que ainda te amor, dizer que, das tuas memórias, só sai dor. Fazes-me questionar se alguma vez me amaste, se eu fui apenas algo temporário, um empurrão para sentimentos que tinhas ocultos por outra pessoa. Nada mais para te dizer para além do que aquelas dolorosas e odiosas palavras que estou farto de sentir por ti. Nunca consigo arranjar algo ou alguém que me puxe deste pesadelo, destes sentimentos sobrevalorizados e explorados.
Sentado ao ar livre, vejo as pessoas passar, pessoas que tão cegamente acreditam no verdadeiro amor. O verdadeiro amor morreu connosco. Pessoas que dizem que amam mas nunca o sentindo mesmo. Palavras e expressões gastas para nada, para nunca mais serem ouvidas, levadas pelo vento. Com tais intenções, nem imaginadas deveriam ter sido. Se existem apenas para magoar, as palavras nunca deveriam ter sido inventadas. Porque todas as tuas me magoam, fazem-me cortes profundos na alma, deitando aquele ser falso abaixo e trazendo o meu verdadeiro ser à superfície, controlando os meus pensamentos e acções. Aquele ser falso deixaste morrer porque era de ti que ele se alimentava, da tua doce voz, mas nunca mais ele vai voltar. Encontro-me fraco e emocionalmente desprotegido, desprovido daquilo a que chamo "verdadeiros sentimentos". Tenho uma fixação em achar que não foste tu, que fui eu, que acabou esta relação, que a deixou morrer. Os meus problemas pessoais tomaram conta de mim mas a minha preocupação por ti resistiu mas foi o que nos destruiu. tenho a estranha sensação de que continuas comigo, para todo o sempre.
Vejo todos os casais que passam por mim, contentes e abraçados. fazem-me lembrar daquela noite em que nós fomos contentes abraçados. Aquela noite for uma só e foi única em todos os aspectos. Desperto para a realidade dolorosa que me faz o coração parar. A realidade engana-me os olhos porque olho para o meu reflexo no vidro e vejo um sorriso na minha boca, uma expressão de felicidade na minha cara. Uma expressão falsa. Pareço contente. Mas não estou. Estou triste porque estou sozinho e com saudades tuas. Escrevo porque me sinto mais leve, mais desprovido da dor que me assalta mas continuo a pensar se irás ler isto. Se alguma vez saberás como me sinto agora. Pergunto-me se alguma vez te vou ver outra vez, se vou conseguir amar mais alguém, se vou voltar ao que sou. Viro-me para trás para esquecer o passado, tento perseguir um sonho mas caio de cara no chão. Para nunca mais me sentir assim, eu escrevo mas nunca choro.

Sem comentários: