Em ti encontro algo novo, um brilho que traduz todas as minhas esperanças num picar de olhos. Em mim tu encontras algo usado, algo que já tiveste e que te arrependeste de o possuir pois trouxe-te mais problemas do que felicidades e sorrisos. As palavras desaparecem na vastidão da manhã mas os olhares permanecem, mesmo que à distância, parece-me haver algo entre tu e eu, algo que ainda existe para ti e mim. Enquanto a música se desenrola no ar por nós, a distracção é substituída pela dor das recordações.
Relembro-me da melancolia que sentia antes de ti, da dor causada por alguém que desconhecias na altura, talvez até a tenhas cegado a odiar, e que agora continuas a desconhecer, talvez agora a compreendas. Depois veio a indiferença perante o nosso fim, a dor que acabei por não sentir pois eu próprio já me começava a sentir frustrado com a tua frieza. Sei que na altura culpei-me por ainda achar que não tinha esquecido a borboleta que voou antes de ti, mas agora venho a aperceber-me que a dor estava lá, só que ainda era superada pela outra melancolia. Só agora a melancolia foi sobreposta pela dor e tu não estás a ajudar minimamente.
Neste momento reconheço a tua beleza, mas a mudança é apenas exterior. Dentro de ti continuo a ver a criança pela qual, percebo agora, me apaixonei. Podem até serem apenas as hormonas de adolescente dentro de mim ao saltos, visto que estamos uma vez mais na Primavera, mas que tens algo em ti que ainda reside também em mim, isso tenho a certeza. Apenas o orgulho não mo permite demonstrá-lo.
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