domingo, 28 de agosto de 2011

Sem conteúdo

Estou tão farto das pessoas a zumbir à minha volta. Diariamente, de uma ponta a outra do autocarro, pessoas a falarem demasiado alto, umas com as outras, ao telefone. Não sabem apreciar o silêncio? Todas as árvores lá fora parecem compreender-me, o seu verde que arde nos meus olhos, a manhã chegou demasiado depressa esta noite. Não há palavras interessantes ditas por outros, oiço as mesmas de sempre, com a melodia que me acompanha quilómetro após quilómetro para me acalmar o espírito. E talvez isso seja o suficiente, rapidamente esta viagem acabará e poderei continuar por corredores de embaraço e olhares.
Que é que eles deram a estas paredes? Memórias de inúmeras pessoas que por aqui passaram e deixaram a sua marca. Pilares que se erguem em domínio que os tectos que nos cobrem as cabeças da chuva e do Sol. São várias as caras, corpos presentes, mentes ausentes, aqui. A arrastarem-se como se não estivessem vivos, sem desejo nem vontade. Murmuram, é o melhor que conseguem fazer. Não consigo ter uma conversa decente com nenhum deles. Ninguém é interessante, apenas barulhos ambulantes que teimam em existir na minha visão.