segunda-feira, 23 de abril de 2007

Deixem-me morrer

Voltei mas até quanto tempo ficar? Distanciei-me apenas um pouco. Fiquei com os pensamentos vagos, não obstante, em ti. Distanciei-me para por os meus pensamentos em dia, para limpar a minha cabeça de tudo o que me perturba neste momento. Mas quando tentei apanhar uma lufada de ar fresco mais pensamentos perturbantes me vieram à cabeça, mais imagens aterradoras me assombraram, mais factos me caem aos ombros. Mais peso tenho na consciência.
Aterrei de um voo atribulado onde toda a gente morreu excepto eu. Eu não morri pelo simples facto de já estar morto. Este corpo é apenas uma prisão para a minha alma que quer libertar-se para fugir para longe, para longe de toda esta dor que me assombra. O peso nos meus ombros enterra-me na terra, afunda-me quando nado, impede-me de voar mais longe ou de chegar aos meus próprios objectivos. Não importa o quanto eu lute, o quanto eu resista, irei para todo o sempre afundar-me.
Para quem importa este corpo oco? Quem é louco ao ponto de tentar manter à superfície esta alma com cortes e cicatrizes de uma adolescência mal vivida? Nem eu próprio luto para me manter à superfície. Deixem-me cair, deixem-me deixar de existir, deixem-me pura e simplesmente. Porque todos os sorrisos, todos os cumprimentos e palavras amigáveis que de mim saem são falsos. Viro-me para o espelho e não vejo o meu reflexo. Vejo algo deficiente e distorcido. Nunca mais quero olhar aquele espelho. Quero-me esconder na mentira para nunca mais viver na verdade. Mas não consigo viver na mentira e ignorar a verdade agonizante que aleija pessoas próximas. Lutarei para me enterrar noutro dia.
Nunca antes precisei tanto da ajuda dos meus amigos. Daqueles dois que são loucos o suficiente para lutarem por mim. Daqueles que na escuridão da noite caminham sem hesitar apenas para poderem esticar aquela mão amigável e tocarem-me no ombro. Mas peço-vos, pois as minhas dores e necessidades já vos magoaram demasiado, deixem-me enterrar, deixem-me afundar, deixem-me cair, deixem-me simplesmente morrer.

Estou a cair,
com as mãos atadas,
deste pesadelo não consigo sair,
deste problema não consigo sair de mãos lavadas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu não te deixarei enterrar, não te deixarei afundar, não te deixarei cair, muito menos deixarei que o teu VERDADEIRO E GRANDE EU morra!! Não desistas de viver e deixa-te Amar! E aí serás livre e poderás viver na Verdade, porque venha o que vier tu serás FELIZ, não insensível, FELIZ!!!

Mesmo quando me afastares de ti e da tua vida, eu estarei sempre contigo e aqui por ti!

Um ABRAÇO de alguém que se importa com esse corpo mesmo quando te parece oco, de alguém que é louco ao ponto de tentar manter, não à superfície, mas nas alturas a tua alma mesmo que tenha cortes e cicatrizes de uma adolescência cheia de sofrimento! Um ABRAÇO de alguém que te ama, assim, como és!