O retrato pega fogo, todas as memórias, lembranças que foram dadas como herdança, matando a crença e o cepticismo, matando o raciocínio que faz o ser, que cria o poder interior. Pregado a uma parede, o retrato morre lentamente e a nossa imagem desaparece nas águas profundas onde as ondas submergiram para nos acompanhar lentamente para o fundo escuro, onde a solidão domina, onde o paraíso se torna realidade e mesmo lá eu vou agarrar-me a ti para que nunca tenhas medo e para que nunca me deixes.
Não sei se devo sorrir ou se devo ausentar-me mais um bocado, não tenho palavras que sirvam para descrever o que me por dentro. Isolas-te no teu casulo, não querendo libertar a borboleta no interior, porque o medo domina o cérebro e a dor conquistou o coração, esse tal que eu toquei uma vez mas que se está outra vez a congelar. Sinto o frio das tuas palavras direccionadas a mim e baixo a cabeça, apenas com o pensamento de que poderei ter-te perdido para sempre. Tudo isto devido a esta maldita insegurança que também cresceu com o tempo. E o negativismo apodera-se.
Mato o oxigénio com o doce respirar, contamino tudo à minha volta, matando a alegria, matando a felicidade. E deixo tudo ao cargo de palavras pois são apenas estas que podem melhorar algo. Sinto o vento mudar de direcção, de se elevar e a desaparecer, a deixar de me empurrar na tua direcção. E então penso, és tu quem controlas o vento. Melhor, és tu própria a vontade do vento. A rebelião desaparece para dar lugar à ausência, demasiado sentida e torno-me demasiado sentimental, demasiado carente para ti. Então voltas a desaparecer, para as sombras do teu casulo onde domina a isolação.
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