Oiço os teus gritos nocturnos que iluminam os céus como que uma lanterna à procura da sua estrela de sorte, sinto as lágrimas que te caem na face, gotas de água que agitam os mares e que fazem chover nesta terra seca e amarga, um país de areia e mortes. O sangue que te corre nas veias não é teu, é daqueles que amaldiçoaste, daqueles que torturaste, daqueles que mordeste condenado-os a uma vida eterna de desgraça e dor. Mas a tua mágoa e sede por vingança acaba por te tornar mais poderosa que qualquer um deles, não criando um receado interior de perseguição ou tentativa de vingança.
A Lua ilumina o caminho para os condenados e tu mesma persegues esse caminho, recebendo o calor da tristeza que se vê na tua cara. Sento-me algures entre casas para disfarçar a minha vergonha, tapo-me para que o calor me torture porque nada mais mereço do que a tortura da vida depois do que te fiz, depois daquilo a que te transformei e da mágoa que te fiz sentir. Escrevo no vento as palavras que sempre te disse e que agora necessito cada vez mais dizer pois sinto-as cada vez mais fortes à medida que fujo para mais longe de ti. E a areia mantém congeladas as gotas que me caem da cara para ti apenas para tu veres por onde passei, um rasto de miséria.
Fujo por entre sombras, deixo para trás bocadinhos de mim porque, por dentro, ainda tenho esperanças de que me vás encontrar e amar uma vez mais em vez de satisfazer essa vontade de vingança que te possuí. Ou mesmo talvez porque ainda quero ver a tua face uma vez mais. Continuo a fugir.
2 comentários:
Ai rapaz tu dás cabo de mim com estes textos...
escreves tão bem pah!
caramba , muito bom gostei muito das palavras meus parabéns, é muito romântico.
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