segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Voltage

Passa-se um dia e outro, o Sol mantém-se quente e a anomalia no ar faz-se sentir. Enquanto acompanhado pela doce melodia que me preenche os ouvidos, é a tua visão que me preenche a mente. Mas não passa disso. Então mantenho-me sentado a ouvir a melodia porque sei que agora não é a hora que me vais ver. Espero ansiosamente pelo passar do tempo pois sei que, com ele, a tua visão tornar-se-à realidade. E parece que não penso em nada mais. Até parece errado.
O tempo passa, a melodia morre dando lugar à surdez monótona e o silêncio amaldiçoado com a eterna interiorização da alma. E então procuro-te, como já o fiz tanta vez antes, porque sei que, se não te procurar, tu também não me encontrarás. Odeio-me por isso. Por ser o fraco que não sabe resistir à tentação de ver a tua face sem que sejas tu a demonstrar o mínimo de afecto por mim. E já te disse mais que uma vez, a minha insegurança não me deixa ficar quieto. Quando finalmente te encontro, olhares de ódio ou de inveja voltam-se para mim. As tuas sombras desprezam-me como tu o pareces fazer tantas vezes. Mas fico indiferente e sentado num canto à espera que tu venhas até mim e me tires as gotas da cara.
Vejo que te aproximas e que a expressão nos teus olhos é vidrada, vazia. Bates-me pelos pecados de outros contra a tua alma, deitas em mim aquela morte do ser, aquele peso que carregas e a vontade de aleijar, de deixar marcas. E, por mais palavras que te diga, a tua mente mantém o mesmo pensamento. Apenas tempo te posso dar para veres que há mais que isso, que eu não sou o teu passado. Apenas tempo e espaço que precisares, que nunca me pediste directamente mas que o desejas tão profundamente. Morre triste fraqueza da emoção.

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