terça-feira, 13 de novembro de 2007

A morte do autor

Não existem palavras, não existem leis. Apenas consciências fechadas perante o medo de penetrar no prazer, de ver a luz no fim do túnel, onde a escuridão e a cegueira dominam, em união e concordância, escapando à redundância da realidade e mostrando apenas as fantasias. Protegendo a porta para a alma, onde a verdade se esconde, onde a morte é a certeza da existência, a razão e o próprio Universo concentrado em si e sempre envolto de penumbra, retirando as energias para centrar a leitura da mente na conversação.
As marés mudam de direcção conforme a Lua se esconde ao olhar, tímida ou temerosa de que algo venha a poder tirar-lhe a pureza que a faz brilhar, a força para esconder ou recolher os raios de Sol, deixando isolada a inocência e a solidão. Solta-se o véu da parede e revela-se o segredo, o arrependimento, a maldição que te fazes sentir. Os quadros pendurados caem e partem-se no chão, espalhando vidro que cicatrizam o chão, que fazem sangrar, que trazem dor nesta auto-degradação.
A inspiração morre e o autor deita-se no chão, sangrando, pensando no ontem e no que nunca vai ser o amanhã, apercebendo-se que a morte não é nada mais do que um fragmento da alma, essa que constitui a realidade, que constrói os sonhos, que amaldiçoa mas que também arranja forças para perdoar e deixar aproximar, apenas para voltar a afastar pouco tempo depois. Leve luz que brilhas no escuro, guias o morto para o vazio, para o nada, para a sua eterna jaula onde o aprisionas e lhe dás prazer. Tortura-o, revive-o mais uma vez para lhe sugar o que lhe falta, a esperança da ilusão.

1 comentário:

My little Moon disse...

Pah os teus textos arrasam comigo, tu ligas os sentimentos e as palavras de tal maneira que eu fico parva só de olhar para os textos. E chegam-me até a vir as lágrimas aos olhos ...