A areia continua a cair. O tempo esgota-se ao seu próprio ritmo, inerente a tudo o resto mas desconectado ao mundo e a tudo o que o habita. A alma fecha-se em si próprio enquanto olhos estranhos a observam com atenção, tentando descodificar as palavras que não saem mas se fazem sentir no ar. E tudo parece um sonho vivido que nunca ninguém chegou sonhar. Mas também ninguém chegou a adormecer porque a noite não chegou e não trouxe a escuridão consigo. O calor também abandona o corpo mas a morte não vem compensar a sua despedida. A alma mantém-se.
Húmida. Tudo perdido numa vastidão de espaço, cego no vazio do tempo, tudo escuro, uma prisão infernal invisível e não palpável. A alma não mereceu que tal acontecesse, nem mesmo que a sua libertação estivesse no contrato, no julgamento final. Os gritos são inaudíveis e as outras almas são cegas à sua presença, à sua dor. Continuam-se os caminhos de todas as presenças na vida. Tudo é fútil, tudo é desnecessário porque nada acontece nem está para acontecer. Os sinais morrem. Tudo é a vastidão, tudo é perdido e alma fecha-se mais uma vez porque a dor já é demasiada para que continue aberta.
1 comentário:
miúdo, vou dar-te a minha opinião sincera sobre os teus textos:
1- acho que tens uma escrita bastante fluida e já dominas muito bem certos artificios.
2- tens uma grande tendência para quereres ser erudito, mas isso pode ser um problema para ti. Não te esqueças de verificar sempre (!!) se as tuas frases, com as palvras que por vezes incluis, fazem sentido no contexto do que escreveste anteriormente.
3- Acho, muito sinceramente, que deverias acabar esse curso e enveredar por um que te permita fazeres isso que te parece dar tanto prazer: escrever!! :D:D
Um abração miudo. Continua a escrever que eu continuo a ler. Sempre!
Ricardo
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