quinta-feira, 5 de maio de 2011

Confronto

Quem nos diz que a verdade é de facto verdadeira? Quem sabe dizer o que há atrás da cortina, tempo e espaço envolvidos num romance secreto? Digam-me que alguém se importa, que há alguém capaz de conduzir uma conversa honesta, sem me mentir à cara para ocultar o facto que preferiam estar noutro lado sozinhos do que aqui comigo. Mas a mim não me importa. É apenas a forma como sobrevivo. Quem não tem a coragem para me falar directamente, de não me mentir, não tem espaço na minha vida. Cretinos! Quem são eles para pensar que podem simplesmente entrar e sair conforme desejam? Não são ninguém. Não têm sequer forças para dizer o que pensam. Que fiquem por terras malditas onde o Sol não brilha, incompletos e ignorantes.
Impossível. Aqui é impossível passar a barreira da paranóia, conseguir ver para além do ódio que me enevoa a visão. Talvez apenas procure uma razão para me isolar, sinto-me melhor sozinho, sem mais ninguém a dizer-me o que fazer ou a quebrar o meu expediente de preguiça que defini como a minha vida. Mas isso não interessa, somos todos hipócritas e mentirosos, diariamente são-me dadas mais razões para me afastar, até eu próprio as ofereço. Se virmos a vida como um ramo de flores, eu pego nelas e pego-lhes fogo, chorando pela perda mas seguindo em frente no segundo seguinte, congelado no Inverno, esperando a Primavera para voltar a colher novas flores. No Verão tudo desaparecerá. Recomponho-me, rei da apatia, coroado em terras secas e vazias, produtos da minha imaginação fértil e prematura, sempre impedido de crescer, de descer à terra e enfrentar a realidade de frente: não sou ninguém neste mundo. Mas sigo em frente, esta aldeia vai arder e eu não quero estar aqui para ver o fogo de artifício.
Noventa por cento do meu dia é ficção. Porquê? Simples, passo mais tempo a imaginar a minha vida diferente do que a ver o que se passa à minha volta. Talvez porque a percepção do que me rodeia me venha facilmente, talvez esteja simplesmente infeliz pelas minhas voltas na vida, isso interessa mesmo? Mas na minha cabeça tudo é mais agradável, lá conquistei mais do que aqui. Lá tudo é mais simples, mais directo, honesto. Essa é a forma como eu vejo, não chega aos meus ouvidos o que os outros acham. Um simples jogo, é tudo o que é. Uma distracção de toda a merda que se passa pela vida fora, do que recebo diariamente dos que me rodeiam. E é um bom. Mantém-me vivo, desperto. Até porque tudo o resto faz com que a minha raiva seja justificada, qual é a vossa desculpa seus parasitas? Não me venham bater à porta quando as vossas lágrimas vos dominarem os olhos, não quero saber das vossas desculpas.

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