domingo, 1 de maio de 2011

A verdade ao Sol

Somos alvos de uma canção, somos balas da alvorada. Uma terrível chamada, uma escolha errada, aqui permanecemos, cegos e inúteis. Inconscientes, para dizer a verdade. Mas já ninguém diz a verdade, seremos então perfeitos. Não temos que revelar quem somos, escondidos na noite, afastados do dia. Mas escolhemos fazê-lo, porquê, não sei. Ainda assim, por entre terras metálicas e montanhas mais altas do que conseguiríamos alguma vez escalar sozinhos, damos as faces ao Sol e cumprimentamos todos os desgostos, crimes e dores que nós no temos a oferecer.
Uma doce melancolia traz a lembrança das sombras das nuvens, percorrendo o vasto céu azul. Somos tiranos!, lembramos-nos e gritamos em uníssono às montanhas. Sussurraria-mos tal verdade escondida às árvores mas elas são testemunhas caídas da nossa maldade. Caem e ardem, uma a uma, sem voz. E nós viajamos para longe. Para nos escondermos do sangue nas nossas mãos, para nos esquecermos de tudo o que fizemos. Quem sabe, talvez o vento nos persiga até ao nosso leito de morte e nos lembre de tudo isto, de tudo o que fomos.
Sentes o poder dentro de ti, a fluir, a dominar? É tudo mentira. A partir do momento em que olhas de cima para baixo nas pessoas, a única coisa que poderás alguma vez encontrar é o teu reflexo no fundo, o hediondo, odiável, repulsivo ser que criaste a partir de um ego que nunca foi merecido. Depois de queimares toda esta terra, de nunca a teres adorado como ela merece, de seguires as tuas próprias vontades sem te preocupares com os outros, achas que podes emendar todos os erros? Errado! Num único ritual espero que te encontres na chama e que vejas tudo à tua volta como deveria ter sido e tudo aquilo que nunca tiveste nem vais ter. Felicidade

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