quarta-feira, 4 de maio de 2011

Foge, foge amor

Esconde-te dentro das minhas veias, entranha-te no mais profundo do meu ser, traz à luz os meus segredos mais profundos. Revela o teu medo por mim que eu prometo-te esconder-te da minha raiva e violência. Não explores o meu lado psicopata, não está disponível para ser conhecido por ninguém. Deixa o meu sangue fluir, o meu coração palpitar, serás aquela que me faz morrer por instantes e lutar para voltar à vida. Liga-te à minha alma enquanto olho para as sombras à procura de refugio para toda a nossa situação. Deixa-me na minha misantropia que defino como conforto, sabes que não luto para mudar o que sou ou como lido a minha vida. Chora enquanto me conduzo por esta estrada de isolamento, apenas eu e a garrafa cheia. Abandonar-te-ei enquanto puder, tentarei não trazer mais dor.
Voltarei a virar-te as costas, vez e vez sem conta, se for necessário. Qualquer coisa para te tentar proteger de mim, do meu interior. Serás capaz de me trazer a felicidade que me mudará radicalmente a verdade? Não quero saber, não tenciono descobrir. Se algum dia viesse a tomar conhecimento do que me pudesses ser, diria que tinha nascido o dia mais vil que a minha vida poderia conhecer. E seria injusto. Para ti. Porque o que tu és para ti não corresponde ao que eu sou para mim e o que eu pudesse vir a ser nunca igualaria a diferença que farias em mim. Partir-te-ia, deixar-te-ia nos mil bocados que tantos falam sem sequer o sentirem. Talvez seja tudo apenas uma desculpa para fugir, para permanecer no meu estado de apatia e desdenho para com o mundo mas sei que uma parte de mim afasta-me de ti para te proteger de todo o mal que sei que te consigo trazer.
Foge, é tempo de correr para longe. Não há fronteiras no ódio e guerra, apenas mais razões para descriminar e matar. E no final isso é tudo aquilo que se precisa não é verdade? Simplesmente aceitar as diferenças ao ponto de as ver como uma coisa má e começar a tratar todos como inimigos. Deitamos tudo ao vento por um pedaço de sangue. Mas tu não, não pertences a nós. Somos uma matilha de lobos que se destrói por dentro, a sede de vingança e a falta de controlo sobre a nossa raiva toma conta de nós. Foge, foge meu amor, esta vida não é para ti. Este nós não te vai encontrar enquanto sair da sombra do ser nos assustar. Mas conto-te um segredo, a matilha sou eu e o sangue flui-me cheio de raiva e ódio por mim, descarregando-o depois sobre os outros. Um lobo com vergonha de viver, foge, é tempo de partires.

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