domingo, 21 de outubro de 2007

Não é um adeus, é um até logo

Escrevo esta carta para descontentamento geral, para dizer todas as coisas que te queria dizer mas não posso porque partiste para longe, deixando para trás imensas, talvez mesmo demasiadas, coisa, pessoas, sentimentos, projectos, sentimentos e memórias. Digo-te isto por aqui porque não te consegui dizer isto pessoalmente sem chorar, sendo que ambos sabemos que chorar nos torna mais fracos. Cresci como me ensinaste e agradeço todas as lições que me ensinaste, a bem ou a mal, mesmo quando o tempo estava pior e a tua cabeça não estava realmente lá. Sei que não pude, não sou nem nunca vou poder ser um dos teus grandes amigos pois eles estavam lá naquela noite e eles cresceram contigo. Não faço parte da tua infância, apenas da tua fase adulta. E sou mais o irmão de alguém que realmente amas, o que é raro, do que propriamente um dos melhores amigos que esteve lá com a mão no ombro quando choravas porque te doía o coração. Não compreendo as tuas motivações para certas coisas que fazes mas também é porque nunca cheguei à fase de ter a maturidade que tu tens. Simplesmente porque tenho menos doze anos que tu. Ainda posso não a ter, embora a deseje para ser algo mais para outros do que sou neste momento.
Estou em dor psicológica porque olho para a foto que tirámos o ano passado, no dia do meu aniversário e sei que não vais estar cá este ano para o repetirmos. Estou em dor psicológica porque sei que partiste e que só vais voltar daqui a muito, muito tempo. E não quero encarar a possibilidade de lá ficares porque sei que é uma muito forte e demasiado dolorosa para a aguentar agora. Talvez com o tempo. E talvez encontre mais alguém que me ajude a superar tudo isto, visto que a Sónia também está em dor apesar de não querer admitir. Orgulho maldito, ambos o temos. Concentro os meus esforços em acabar esta carta maldita sem te dizer na cara que preferia que ficasses cá mas isso seria uma atitude de criança e é isso que estou a tentar não ser, é isso que estou a tentar mudar em mim. Mas nada ajuda agora, o choro, o falar, o dizer para mim mesmo que isto é temporário. E toda a gente se cala quando digo que estou em dor com a tua partida. Ninguém sabe o que dizer, ninguém consegue ajudar. Ninguém além de eu próprio. E penso, quando verás tu esta mensagem, esta carta egoísta que te escrevo? Certamente não estarás cá, já estarás nesse lugar longínquo que nos traz dor a todos que deixaste para trás. Até ao mínimo ser ainda por nascer.
Neste momento caem-me gotas de água dos olhos mas não choro, porque chorar é para os fracos e eu não quero ser mais um desistente. A vista torna-se distorcida e tudo o que vejo à frente é uma grande fonte de luz que não se assemelha nada a ti. Procuro desesperadamente por uma forma de parar com esta queda de lágrimas que só atrapalham. E nada que diga, por mais longo que seja o texto, por mais palavras que saiam e sejam escritas, vão ser suficientes para te comunicar toda a rebelião e tristeza que vai dentro de mim. Hoje não estou para ninguém a não ser para mim próprio porque preciso do escuro e da solidão para me sentir melhor. Mas há sempre alguém que insiste em voltar à memória e matar-me o estado de indiferença em que estou. Esse alguém és tu, como já deves ter calculado. Porque deixaste uma marca muito grande na minha vida para não chorar a tua ida e não sentir a tua falta desde que nos abraçámos na tua despedida. Mas mantenho a esperança, como sempre o faço, que isto não seja um adeus mas sim um até logo, Ricardo.

2 comentários:

sónia fernandes disse...

Está giro o texto, puto! Agora vou ser egoista. Não devias querer que alguem de quem gostas muito fique sempre a pe de ti, pq, se o melhor para a pessoa é ter assas e vooar, deixa vooar. Um dia, tambem vais ser tu a vooar!!!!!!!!!!!!claro se eu deixar.

My little Moon disse...

E um até logo será...vais ver ;)