A tua pele suave, pálida, afastada. Um objectivo que encaminha os meus pensamentos e define o que me distraí à luz do Sol no meio desta tarde de Outono. O translúcido de uma folha de uma árvore desvia a minha atenção para o infinito onde o idolatro morre. Deixar para trás todas as recordações, noites de pura estupidez e melancolia, não consigo ultrapassar o que sinto agora. Quero expulsar estas palavras de mim mas são proibidas pelo próprio vómito de estômago vazio. Doí, oh como doí.Não o estômago vazio, não os joelhos sobre os quais me encontro neste momento, não a mente que vagueia para o branco, é mesmo esta proibição interior de gritar "ERRO!" no meio da praça pública.
Erro... erro esse pareço eu. Tão fragilizado, tão carente e ao mesmo tempo tão frio, tão sozinho, procurando a solidão. Não me encontro nos meus melhores tempos para te poder oferecer o conforto que precisas esta noite. Deixa-me! Deixa-me vaguear por esta noite de Inverno onde os azevinhos foram trocados pelo ópio, onde a chuva foi trocada pelo fictício da humidade, onde eu sou a doença e não os vírus que por aí andam. Deixa-me andar por estas estradas pois um homem nunca é feliz enquanto tiver esta impotência de sentir, enquanto não resistir à tentação carnal que nos leva à loucura.
É no fio desta madrugada que as palavras já trepam pelas palavras, os teus desenhos já são queimaduras na minha pele. São o nosso modo de nos expressarmos, tu fazes-o melhor que eu. Naturalmente que sim, não faço por exprimir-me. Se não, porque teria eu construído tantas máscaras? Difícil difícil é ver por detrás delas. Para ti, para ela, para todos. Não encontrarás aqui o que procuras. Ok, talvez um pouco mas não o suficiente para me conheceres. Acho que nunca me vais conhecer. Mesmo que eu tente, no escuro que é o interior da minha alma, não há botão off para baixar as máscaras e me entregar todo a ti. Então magoo-te. Perdoa-me, não o queria. Nunca o quis, continuo sem o querer fazer. Vamos apagar este tempo. Vamos retirar estas palavras. Vamos esquecer os nossos seres e transformarmos-nos num outro rio.
Rio é mais uma coisa que nos separa. Rio esse que é mais uma sedução. A ele já escrevi eu a minha vida. A ele já não tenho nada mais a dar do que fragmentos do que me resta. Tirano sedutor. É ele que me impede de te ver todos os dias. E ao ver-te, consigo tocar-te na tua pele. Essa pele. Ah essa pele orgasmática, à qual escrevo poemas eróticos que queimam as folhas de papel para desaparecer. É um sentimento gordo que tenho tendência em sentir. E por isso pouco como, talvez um dia desapareça. Por enquanto calo-me, acho que é isso que queres certo? Que o seja, todas as palavras que podem sair daqui são as "demais". Vamos apagar esta noite. Vamos esquecer a pele, o rio, a sedução, a perdição. Vamos apenas agarrar na minha confusão e desaparecer. As colinas verdes esperam-nos.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
By your will
Catch me if I get to high,
For I will loose sense,
Hit me in the weak point again,
That black hole in my chest.
Insert spikes into my brain,
Awake me from this numb state of mind,
A masquerade, a fake,
Nothing worthy of my time.
I'm feeling the night into the bone,
Running trough the path of deception,
And confusion strikes again,
Tears like rain drops of silver.
Like a crystal corpse on the ground,
I brake into a thousand years,
And all the particles are nothing more than grains of sand,
Disposed by your will.
So if you could leave me here,
Give me a light to follow into death,
Forever more quiet, forever more silent,
By your will, I crush myself into little atoms.
For I will loose sense,
Hit me in the weak point again,
That black hole in my chest.
Insert spikes into my brain,
Awake me from this numb state of mind,
A masquerade, a fake,
Nothing worthy of my time.
I'm feeling the night into the bone,
Running trough the path of deception,
And confusion strikes again,
Tears like rain drops of silver.
Like a crystal corpse on the ground,
I brake into a thousand years,
And all the particles are nothing more than grains of sand,
Disposed by your will.
So if you could leave me here,
Give me a light to follow into death,
Forever more quiet, forever more silent,
By your will, I crush myself into little atoms.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
The most truthful
A malice in the air, a black smoke that corrupts the perfect innocence of the Earth. A grey path among the purity of the rain clouds, destroying, uncaring inhuman beings that desecrate our ways to the illness, creating the sickness and then removing the rebellion of the youth. Our skins are contamination of this prison of murderess meat and forged from wind of corruption. Our words are the pollution sent to the atmosphere but we can't write more than love letters, stricken by falsity and evil. Our ways are toxic, is there a tomorrow to end it?
We construct romances from nights of sex and conversations filled with eroticism. It's obvious that it always comes naturally. We're so superficial that we deny the most truth in the carnal desire. And then the charades of waterfalls take over and the mind games make a new couple full of sin. Re-fill the glass with wine, let us celebrate the death of another wave. As if the lack of touch combines with the need of some comfort, we generate the empty shells in our heart. Bodies built from the basics of rock, the basis of emptiness. Compelled to give up, a saint becomes a ghost of it's former self, not belonging, erased from the humanity's core. And so we continue to an uncertain lie that we call "salvation", in the supposed "future".
Deflowered at the solstice of our life, the river struggles to maintain it's course and stream. Towards the nothing, the desire to live is delivered to the clouds above and then passed to the trees as they fall in all their grace and splendour. Possession died in the hands of humans where blood has run dry and only toxic skin composes the melody of destruction. Ending another cicle of futility, we hang our souls in a closet of treason and darkness, by the clichés of words. To the worms, we feed them with past happiness and pieces of joy. To the crows, we can give nothing more for nothing more lives inside us. An empty ending, long awaited.
We construct romances from nights of sex and conversations filled with eroticism. It's obvious that it always comes naturally. We're so superficial that we deny the most truth in the carnal desire. And then the charades of waterfalls take over and the mind games make a new couple full of sin. Re-fill the glass with wine, let us celebrate the death of another wave. As if the lack of touch combines with the need of some comfort, we generate the empty shells in our heart. Bodies built from the basics of rock, the basis of emptiness. Compelled to give up, a saint becomes a ghost of it's former self, not belonging, erased from the humanity's core. And so we continue to an uncertain lie that we call "salvation", in the supposed "future".
Deflowered at the solstice of our life, the river struggles to maintain it's course and stream. Towards the nothing, the desire to live is delivered to the clouds above and then passed to the trees as they fall in all their grace and splendour. Possession died in the hands of humans where blood has run dry and only toxic skin composes the melody of destruction. Ending another cicle of futility, we hang our souls in a closet of treason and darkness, by the clichés of words. To the worms, we feed them with past happiness and pieces of joy. To the crows, we can give nothing more for nothing more lives inside us. An empty ending, long awaited.
Awaiting your end, may I go with you?
domingo, 21 de setembro de 2008
Quadro Vazio
Não te quero esconder o sorriso, não quero criar um ambiente rodeado de vultos que apenas nos podemos livrar quando cairmos na água que é sobrevoada pelo nevoeiro. Estamos nas terras altas, sobrevivemos do desconhecido. Desconhecidos somos nós aos outros e a nós próprios. Solidão entregue a labirintos que preenchem mapas de vinho e sangue. Difícil acaba por ser distinguir o amor do ódio. Assim chegam as tuas palavras a mim, assim vagueio por entre espaços vazios de ruas escurecidas pela queda do Sol.
Coloco-te no topo da estátua mais alta das antigas civilizações, representas para mim a Deusa mais alta e mais bela que poderá alguma vez ter existido. Coloco-te aí só para ter a honra de observar a tua sombra desde o nascer do Sol e escrevendo poemas e textos de amor desesperado e cegueira causada pelo fracasso humano do corpo até ao pôr do Sol. Atiro-me à selva, mais que uma presa, sou predador pela tua atenção, persigo silhuetas daquilo que és e não me queres mostrar. Manda-me palavras afiadas à cabeça, expulsa-me de ti e proíbe-me a alma de tocar na tua. Ainda aí continuarei aqui, não quero que desapareças.
São pensamentos venenosos, corroem-me a mente e perseguem-me a serpente da sabedoria para um quarto fechado onde apenas revela os seus olhos, inexpressivos, brilhando no escuro, elevada, pronta a atacar-te. És alguém a conquistar, um coração com um muro à volta para derrubar, uma convicção de isolação a derrotar. Dou-te os meus sons acústicos pois nada mais te posso. Tantas foram as vezes que os dei a alguém e que os atiraram para o lixo com que um pedaço de publicidade barata para a qual nem sequer se olha. Papel mal gasto. Nesse caso a minha convicção é mal gasta. Mas não desisto, não tão facilmente.
Quero ver o teu corpo delineado no pôr do Sol, só assim posso pintar o teu retrato...
Coloco-te no topo da estátua mais alta das antigas civilizações, representas para mim a Deusa mais alta e mais bela que poderá alguma vez ter existido. Coloco-te aí só para ter a honra de observar a tua sombra desde o nascer do Sol e escrevendo poemas e textos de amor desesperado e cegueira causada pelo fracasso humano do corpo até ao pôr do Sol. Atiro-me à selva, mais que uma presa, sou predador pela tua atenção, persigo silhuetas daquilo que és e não me queres mostrar. Manda-me palavras afiadas à cabeça, expulsa-me de ti e proíbe-me a alma de tocar na tua. Ainda aí continuarei aqui, não quero que desapareças.
São pensamentos venenosos, corroem-me a mente e perseguem-me a serpente da sabedoria para um quarto fechado onde apenas revela os seus olhos, inexpressivos, brilhando no escuro, elevada, pronta a atacar-te. És alguém a conquistar, um coração com um muro à volta para derrubar, uma convicção de isolação a derrotar. Dou-te os meus sons acústicos pois nada mais te posso. Tantas foram as vezes que os dei a alguém e que os atiraram para o lixo com que um pedaço de publicidade barata para a qual nem sequer se olha. Papel mal gasto. Nesse caso a minha convicção é mal gasta. Mas não desisto, não tão facilmente.
Quero ver o teu corpo delineado no pôr do Sol, só assim posso pintar o teu retrato...
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Slightest twitch
Bloody hope, it hunts me. It's your lips I want to taste, it's to comfort you at night the reason why I struggle so much, it's to scare your monsters and ghosts away I persist on bleeding for you. Let us travel together, far away, let us find the life long awaited for us. Let me hold you hand, take you to safety, bring a smile into your face, take you out of that pit where you've stayed for far too long now. Don't ever cry, not for me, not in front of me, not at all. Don't ever change, I've waited for you to come as you are now. Don't ever modify the correspondent soul that you are to me.
You're my little beast, you're a little piece of sin that I like to call pleasure, you're here to stay and I promise not to leave or break your heart. Don't ever hurt, you won't get hurt. Continuously I take the words from me and give them to you but my feelings you won't know now. Maybe you already do but I didn't told you. I won't deny. And I admit, I didn't struggle to keep this down, ignored. I don't know best, all I try to do is to comfort you in your times of need. Don't try to push me away, don't take me out of your life, I want to be yours for a lifetime.
Drain my hope, whisper your feelings away with the wind, disposable creature. I've become the darkness in your life, am I the shadow that follows you everywhere? All I wanted to be was a final embrace in the night before the nightmares come. Sorry to invade your mind, excuse me for becoming more human than I was before. I shall not fall for that mistake again for I won't ever surpass you. You've became everything, you've completed my nothing. Awaiting departure of this final stand, your expressionless face occupies my dreams. More than dreams, more than words, I compose a melody to your sanity. It burns in me, it won't ever go away... ever.
You're my little beast, you're a little piece of sin that I like to call pleasure, you're here to stay and I promise not to leave or break your heart. Don't ever hurt, you won't get hurt. Continuously I take the words from me and give them to you but my feelings you won't know now. Maybe you already do but I didn't told you. I won't deny. And I admit, I didn't struggle to keep this down, ignored. I don't know best, all I try to do is to comfort you in your times of need. Don't try to push me away, don't take me out of your life, I want to be yours for a lifetime.
Drain my hope, whisper your feelings away with the wind, disposable creature. I've become the darkness in your life, am I the shadow that follows you everywhere? All I wanted to be was a final embrace in the night before the nightmares come. Sorry to invade your mind, excuse me for becoming more human than I was before. I shall not fall for that mistake again for I won't ever surpass you. You've became everything, you've completed my nothing. Awaiting departure of this final stand, your expressionless face occupies my dreams. More than dreams, more than words, I compose a melody to your sanity. It burns in me, it won't ever go away... ever.
Escondo-me em palavras bonitas e várias máscaras, nunca to disse mesmo mas estás a crescer dentro de mim, pequena Mariposa...
Toque subtil, mensagem subliminar
Um encanto divinal, a última palavra dos lobos aos humanos, um sopro final de energia, um folgo a que a morte sucede, levando a alma para a escuridão e o corpo para o esquecimento, restando apenas o nome, trocado pela referência do desconhecido. Uma voz melódica que me ultrapassa tão veloz que posso apenas dar por ela através do calor que sinto dentro de mim, estas chamas que me consomem, pelo nervosismo que se assola sobre mim e a minha mente fica branca. Tudo pela voz, beleza, destreza felina reconhecível nos olhos. Tudo poderia partir, tudo poderia ficar, poderíamos congelar aqueles pequenos momentos para sempre, os toques leves e súbitos que me levam à loucura, a facilidade na passividade do tempo que não mostra em tirar-nos desta felicidade. É um reunião de metáforas para exprimir o esforço em deixar-te, o sofrimento de te ver partir e a atracção que sinto nas tuas redondezas.
É a dádiva de Plutão, a frieza com que trato o mundo, o desencanto que encontro na sociedade. Se alguma vez achei que algo poderia mudar, se alguma vez tive tal esperança sei agora que me encontro errado. Não sei, talvez seja eu a caminhar no lado errado da estrada, talvez seja eu a remar contra a maré mas nesse caso não me deixarei ir, não cairei, não serei o fútil pecador que cai nas suas mais leves e pequenas tentações e que se dedica a uma obra errada. Nós Homens, somos uma obra errada. Não uma obra prima, nenhuma construção para povoar e agir segundo a sua própria mente. Andamos por aí com a nossa pele vazia, sacos de mentiras e falsidades, insistindo na derrota da pureza e da inocência. E como desejei tanta vez viver para ver o mundo ver mais uma vez. Agora a única esperança de ver verde neste mundo encontro-a nos teus olhos. E neles me perco. Repetidamente um tolo, repetidamente perdido, algures...
Não me vou calar mas também não me apetece gritar. Tento manter a calma, os nossos caminhos afastam-nos um do outro mas sei que um dia, juntando a chuva, sentido o teu cheiro no vento, não resistindo à alquimia que se forma dentro de mim, vou ver-te outra vez. É o toque frio e distante, raro acontecimento, que me proporciona o momento alto da tarde, que me faz efervescer de desejo e que aquece as minhas veias, escaldando o meu sangue. Controlas todos os meus pensamentos, sentas-te debaixo da árvore na noite de Outono, chamas-me e eu vou até ti. Submeto-me à mais leve tortura do tempo mas a guerra está longe de terminada. Porque um dia eu sei, simplesmente sei, não me peças para te explicar porquê, sei que te vou ter nos meus braços. E aí vou puxar-te para mim com tanta força que nunca mais de mim poderás sair.
É a dádiva de Plutão, a frieza com que trato o mundo, o desencanto que encontro na sociedade. Se alguma vez achei que algo poderia mudar, se alguma vez tive tal esperança sei agora que me encontro errado. Não sei, talvez seja eu a caminhar no lado errado da estrada, talvez seja eu a remar contra a maré mas nesse caso não me deixarei ir, não cairei, não serei o fútil pecador que cai nas suas mais leves e pequenas tentações e que se dedica a uma obra errada. Nós Homens, somos uma obra errada. Não uma obra prima, nenhuma construção para povoar e agir segundo a sua própria mente. Andamos por aí com a nossa pele vazia, sacos de mentiras e falsidades, insistindo na derrota da pureza e da inocência. E como desejei tanta vez viver para ver o mundo ver mais uma vez. Agora a única esperança de ver verde neste mundo encontro-a nos teus olhos. E neles me perco. Repetidamente um tolo, repetidamente perdido, algures...
Não me vou calar mas também não me apetece gritar. Tento manter a calma, os nossos caminhos afastam-nos um do outro mas sei que um dia, juntando a chuva, sentido o teu cheiro no vento, não resistindo à alquimia que se forma dentro de mim, vou ver-te outra vez. É o toque frio e distante, raro acontecimento, que me proporciona o momento alto da tarde, que me faz efervescer de desejo e que aquece as minhas veias, escaldando o meu sangue. Controlas todos os meus pensamentos, sentas-te debaixo da árvore na noite de Outono, chamas-me e eu vou até ti. Submeto-me à mais leve tortura do tempo mas a guerra está longe de terminada. Porque um dia eu sei, simplesmente sei, não me peças para te explicar porquê, sei que te vou ter nos meus braços. E aí vou puxar-te para mim com tanta força que nunca mais de mim poderás sair.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Cravos
É na monogamia do ar que te encontro,
No desdenho da noite que te afasto,
No enfadonho fado que te recuso,
Na verdadeira negação dos sentimentos que te reprimo.
No oblíquo ser que te cravo com espinhos,
No assassinato dos remorsos que te concluo,
Na estranheza dos estranhos a nós que me entrego,
À única morte do teu pequeno corpo, comemoro.
É nas brasas escaldantes do centro da terra que te transformo em pó,
É ao vento que te entrego para que te afastes de vez,
É nos teus lábios que te entrego a tua morte,
É preenchendo esse vazio que faço com que acabes de soltar palavras, blasfémias,
É largando a sanidade que consigo encontrar conforto em mim, apenas,
É em sonhos que me sinto em casa,
É na palavra final que cravo mais um buraco pelo meu coração adentro,
Ao silêncio da teu ignorância sobre mim, ofereço-me à solidão.
Sou a continuação das ondas,
Sou um filho da Deusa,
Sou algo perdido,
Sou um tesouro achado,
Sou palavras perdidas,
Sou suspiros lançados ao vento,
Sou o Escorpião que bebe do sangue da vingança e permanece da sede do ódio.
No desdenho da noite que te afasto,
No enfadonho fado que te recuso,
Na verdadeira negação dos sentimentos que te reprimo.
No oblíquo ser que te cravo com espinhos,
No assassinato dos remorsos que te concluo,
Na estranheza dos estranhos a nós que me entrego,
À única morte do teu pequeno corpo, comemoro.
É nas brasas escaldantes do centro da terra que te transformo em pó,
É ao vento que te entrego para que te afastes de vez,
É nos teus lábios que te entrego a tua morte,
É preenchendo esse vazio que faço com que acabes de soltar palavras, blasfémias,
É largando a sanidade que consigo encontrar conforto em mim, apenas,
É em sonhos que me sinto em casa,
É na palavra final que cravo mais um buraco pelo meu coração adentro,
Ao silêncio da teu ignorância sobre mim, ofereço-me à solidão.
Sou a continuação das ondas,
Sou um filho da Deusa,
Sou algo perdido,
Sou um tesouro achado,
Sou palavras perdidas,
Sou suspiros lançados ao vento,
Sou o Escorpião que bebe do sangue da vingança e permanece da sede do ódio.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Ventos solares
A noite deixa uma orgia de cores, um vómito de sentimentos livres pelo ar. A ruptura dos ventos solares que brilham tão originalmente na cópia do arco-íris distorcido pela visão humana. Torcendo-se, retorcendo-se, partindo-se em partículas de pó, brilhando no chão branco, neve caída de nuvens que outrora cá passaram. A lógica é perdida algures entre palavras e os teus murmúrios. A voz é uma serenata de violinos que trespassam a atmosfera e viajam eternamente por entre o Universo para o etéreo obscuro.
Ah, o amor perdido pela razão, o relacionamento que se fez numa simples noite de destruição e traição. Como poderias tu imaginar que encontrarias em mim segurança? Foi uma realidade distorcida, uma vez mais. Esta foi para me sentir bem. Peço-te, rogo-te, pinta-me o sorriso, nem que seja com uma chapada na cara. Cria-me mais uma pequena sala na minha mente para gravar memórias de nós. Já te disse, estou a começar a esquecer-me dos teus olhos. Perco essa visão agradável. Nem mesmo a doce música em que nos conhecemos serve para me relembrar deles. Suplico-te, deixa-me ver-te uma vez mais.
Os oceanos sobem pelas terras, consomem o pó sujo que contamina a neve. Neve, essa, que vai derretendo ao passo do ser humano. Não pode evitar a sua derrota para um estado líquido de profunda inutilidade e futilidade. Mas não se pode matar um coração cego, que rema em direcção ao precipício. Nem se pode travar uma alma de se enrolar na total escuridão e egoísmo e esquecer tudo o resto. É simplesmente a monotonia do ser que acaba por se distrair e ultrapassar tudo o resto sem notar o rasto de destruição que deixa para trás.
Posso dedicar-te este texto?...
Ah, o amor perdido pela razão, o relacionamento que se fez numa simples noite de destruição e traição. Como poderias tu imaginar que encontrarias em mim segurança? Foi uma realidade distorcida, uma vez mais. Esta foi para me sentir bem. Peço-te, rogo-te, pinta-me o sorriso, nem que seja com uma chapada na cara. Cria-me mais uma pequena sala na minha mente para gravar memórias de nós. Já te disse, estou a começar a esquecer-me dos teus olhos. Perco essa visão agradável. Nem mesmo a doce música em que nos conhecemos serve para me relembrar deles. Suplico-te, deixa-me ver-te uma vez mais.
Os oceanos sobem pelas terras, consomem o pó sujo que contamina a neve. Neve, essa, que vai derretendo ao passo do ser humano. Não pode evitar a sua derrota para um estado líquido de profunda inutilidade e futilidade. Mas não se pode matar um coração cego, que rema em direcção ao precipício. Nem se pode travar uma alma de se enrolar na total escuridão e egoísmo e esquecer tudo o resto. É simplesmente a monotonia do ser que acaba por se distrair e ultrapassar tudo o resto sem notar o rasto de destruição que deixa para trás.
Posso dedicar-te este texto?...
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Mais uma despedida
Os risos são dispensados para os uivos do vento que se dispersam por entre a negra e silenciosa noite. O papel está em branco e chama pela tinta da caneta para o preencher. A caneta move-se por entre linhas de desdenho e indiferença. Não me sinto completo por todas as palavras antes escritas, então procuro encontrar-me nos risos. Risos à luz da Lua, risos à luz das velas na mesa, cera que derrete para afastar os medos e os fantasmas do passado. E aí fico, inerte, fascinado pela pequena luz que brilha em cima da mesa, a bebida numa mão, caneta noutra, a mesa rodeada de amigos de longa data. Peço um desejo à estrela que este momento dure para sempre.
As histórias de antigamente. Não mais elas me desejam, não mais elas me perseguem. São palavras chaves esquecidas, deitadas para o recanto da memória de boa vontade enquanto que a felicidade dorme no regaço da juventude. Alimentamos-nos deste momento que congelámos no tempo e gravámos numa moldura para ficar num quarto da nossa memória para todo o sempre. Todo o sangue é secundário, todo o cenário é uma distracção àquilo que nos parece ser a noite. A Lua brilha, cheia, lá no cimo, juntamente com as estrelas. Engolimos um último suspiro de tristeza, não queremos sair daqui. Eu, pelo menos, sei que não quero. Paro o relógio, congelo os minutos, apago os segundos. Tudo o que me resta é desfrutar a curto prazo de uma companhia rara mas apreciada. O mais triste é ver os amigos partir.
No final recolhemos tudo o que nos resta, felicidade, riso, a dor ignorada, o desejo, a Lua Cheia lá no céu, distante, as estrelas que brilham sem significado, o vento e os seus uivos. Recolhemos isso e misturamos para formular uma perfeita despedida. É dor que vem ao cima e tudo o que me resta são pedaços de papéis rasgados e sentar-me nos degraus da porta a saborear o vento e a observar a Lua com o fascínio de uma criança que se perdeu no caminho para algures. Foi tempo que nos foi roubado, meu amigo. Foi tempo que foi enganado para que tudo se realizasse bastante lentamente, demasiado lentamente. Fomos tão brevemente próximos que o tempo de uma vida parece a distância dos oceanos que nos separam. Mas vamos ver-nos outra vez, nem que tenha de nadar no meio de tubarões e baleias durante um mês para ir ter contigo. Mais uma despedida, mais um bocado de ti que cá deixas.
As histórias de antigamente. Não mais elas me desejam, não mais elas me perseguem. São palavras chaves esquecidas, deitadas para o recanto da memória de boa vontade enquanto que a felicidade dorme no regaço da juventude. Alimentamos-nos deste momento que congelámos no tempo e gravámos numa moldura para ficar num quarto da nossa memória para todo o sempre. Todo o sangue é secundário, todo o cenário é uma distracção àquilo que nos parece ser a noite. A Lua brilha, cheia, lá no cimo, juntamente com as estrelas. Engolimos um último suspiro de tristeza, não queremos sair daqui. Eu, pelo menos, sei que não quero. Paro o relógio, congelo os minutos, apago os segundos. Tudo o que me resta é desfrutar a curto prazo de uma companhia rara mas apreciada. O mais triste é ver os amigos partir.
No final recolhemos tudo o que nos resta, felicidade, riso, a dor ignorada, o desejo, a Lua Cheia lá no céu, distante, as estrelas que brilham sem significado, o vento e os seus uivos. Recolhemos isso e misturamos para formular uma perfeita despedida. É dor que vem ao cima e tudo o que me resta são pedaços de papéis rasgados e sentar-me nos degraus da porta a saborear o vento e a observar a Lua com o fascínio de uma criança que se perdeu no caminho para algures. Foi tempo que nos foi roubado, meu amigo. Foi tempo que foi enganado para que tudo se realizasse bastante lentamente, demasiado lentamente. Fomos tão brevemente próximos que o tempo de uma vida parece a distância dos oceanos que nos separam. Mas vamos ver-nos outra vez, nem que tenha de nadar no meio de tubarões e baleias durante um mês para ir ter contigo. Mais uma despedida, mais um bocado de ti que cá deixas.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Tirano de fogo perdido numa tempestade
Quem és tu que ousas desflorar esta fauna? Terrível vilão, ser perdido na perseverança da escuridão que te conquista mais o coração. Pede-se destruição no teu país sem razão nem ordem, expandindo as fronteiras do teu reino, onde tu e mais ninguém reside. Tudo arde, tua vontade de ser, por tua esperança numa salvação noutra pessoa e não na tua força de vontade interior. Dizes que tudo perdeste, eu digo que tudo destruíste por pura idiotice. Não consegues vencer uma mosca na janela porque até essa mesma mosca tem uma vontade, um sentido de vida.
Mudas as cores ao teu mundo, fonte do teu egoísmo. Não nadas mais num mar de palavras pois até essas secaram, tudo o que te resta agora é uma miragem de um oásis num deserto em que a própria areia te rejeita dar calor ou frio ou abrigo. Não és rodeado pelo que construíste, és amaldiçoado pelo que deitaste abaixo no seio da tua loucura. Foi um amor perdido para as árvores, uma cegueira que te iluminou a mente por momentos antes de caíres à escuridão do teu poço mais fundo uma vez mais. Afunda-te no teu trono de cinzas, nada mais te resta.
Foi na floresta dos meus sonhos em que te queimas-te e finalmente ficaste reduzido a pedaços do teu ser, feitos de arrependimento por erros teus. Dou-te o oceano para que possas esconder todas as tuas lágrimas lá. Forja uma arca de ouro e enterra-a por debaixo do teu caixão, no fundo do mais negro mar, leva contigo os teus terrores, deixa em paz o verde do meu Universo. És a criança que queima lentamente por entre tempos contínuos que não param de chorar a sua perda. Continuas a tua tirania numa futura ocasião...
Mudas as cores ao teu mundo, fonte do teu egoísmo. Não nadas mais num mar de palavras pois até essas secaram, tudo o que te resta agora é uma miragem de um oásis num deserto em que a própria areia te rejeita dar calor ou frio ou abrigo. Não és rodeado pelo que construíste, és amaldiçoado pelo que deitaste abaixo no seio da tua loucura. Foi um amor perdido para as árvores, uma cegueira que te iluminou a mente por momentos antes de caíres à escuridão do teu poço mais fundo uma vez mais. Afunda-te no teu trono de cinzas, nada mais te resta.
Foi na floresta dos meus sonhos em que te queimas-te e finalmente ficaste reduzido a pedaços do teu ser, feitos de arrependimento por erros teus. Dou-te o oceano para que possas esconder todas as tuas lágrimas lá. Forja uma arca de ouro e enterra-a por debaixo do teu caixão, no fundo do mais negro mar, leva contigo os teus terrores, deixa em paz o verde do meu Universo. És a criança que queima lentamente por entre tempos contínuos que não param de chorar a sua perda. Continuas a tua tirania numa futura ocasião...
Viagem de mudança
Correntes são o que me prendem aqui,
Num caminho deturpado por folhas,
Epopeias de antigas sementes dadas como sacrifícios,
Relançando o fascínio nos contos há tanto tempo esquecidos.
São palavras que vos escrevo,
Sentimentos de que me esqueço,
Talvez até os ignore,
Ignóbil, inútil, paralisado com medo, alimentado com calor.
Não preencho remorsos em folhas de papel,
Desligo-me de todas essas coisas fúteis,
Encontro na bebida o meu melhor companheiro de viagem,
Substituindo as lágrima em que não encontro vantagem.
A minha voz, cordas de guitarras partidas,
Lanço um grito por entre civilizações esquecidas,
Perco-me no ser de ouro residente em ti,
E ganho novamente esperança em mim.
Preservo a minha sanidade, esquecida,
Por entre árvores e arbustos,
Dou-me de alimento a abutres,
Para recuperares a tua alma perdida.
Construo uma nova palavra épica,
Para descrever esta minha vida boémia,
E encontro em ti não o que não quero ser,
Mas sim uma nova vontade de viver.
Num caminho deturpado por folhas,
Epopeias de antigas sementes dadas como sacrifícios,
Relançando o fascínio nos contos há tanto tempo esquecidos.
São palavras que vos escrevo,
Sentimentos de que me esqueço,
Talvez até os ignore,
Ignóbil, inútil, paralisado com medo, alimentado com calor.
Não preencho remorsos em folhas de papel,
Desligo-me de todas essas coisas fúteis,
Encontro na bebida o meu melhor companheiro de viagem,
Substituindo as lágrima em que não encontro vantagem.
A minha voz, cordas de guitarras partidas,
Lanço um grito por entre civilizações esquecidas,
Perco-me no ser de ouro residente em ti,
E ganho novamente esperança em mim.
Preservo a minha sanidade, esquecida,
Por entre árvores e arbustos,
Dou-me de alimento a abutres,
Para recuperares a tua alma perdida.
Construo uma nova palavra épica,
Para descrever esta minha vida boémia,
E encontro em ti não o que não quero ser,
Mas sim uma nova vontade de viver.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Burning trees in my eyes
It's hard to see the light when I'm surrounded by the darkness of my own being. I absorb every inch of you and lay it on my soul so I can see you as a burden and not as a future salvation. Erase all my errors in the past to carry on, to be punished by someone else. I cannot continue to save this life you made, I can't take you to the garden of happiness that you see in your dreams. I won't bring you nothing by rain clouds, my own. It's the burning trees in my eyes.
I haven't seen this dust for a while, I can't keep the shadows from closing in, still I remember you as tear, I consider you my blessing, a gift which I cannot take. Bound to this world, devotion turned obsession in so little time. I became the faceless expression in your dreams, I became the toxic rain drops that slowly devour who you are and your perfect garden. For that reason, the most important one, I must stand back, be a viewer of my own show of self-destruction. I can't be burning in those trees of my eyes.
I hide myself behind these enigmatic eyes, a refugee for my own sorrow. I don't even know myself, my true and extensive capacities. I cannot explore my inner self, why should you care? I won't mix with that dust that the Summer has brought, I'll always be the rain, toxic if you wish to. But my real distance will be on the inside, where you can't touch, no one can. I won't allow another burning leaf to be the cause of my thoughts and the consequence of my actions. Let my regrets be a lesson to you. Let my life be your journey. Let my body be your time. Let me take that happiness and make my own for I need a little more fire for the forest that never comes to an end. I'll consume myself to the core while you are around me.
I haven't seen this dust for a while, I can't keep the shadows from closing in, still I remember you as tear, I consider you my blessing, a gift which I cannot take. Bound to this world, devotion turned obsession in so little time. I became the faceless expression in your dreams, I became the toxic rain drops that slowly devour who you are and your perfect garden. For that reason, the most important one, I must stand back, be a viewer of my own show of self-destruction. I can't be burning in those trees of my eyes.
I hide myself behind these enigmatic eyes, a refugee for my own sorrow. I don't even know myself, my true and extensive capacities. I cannot explore my inner self, why should you care? I won't mix with that dust that the Summer has brought, I'll always be the rain, toxic if you wish to. But my real distance will be on the inside, where you can't touch, no one can. I won't allow another burning leaf to be the cause of my thoughts and the consequence of my actions. Let my regrets be a lesson to you. Let my life be your journey. Let my body be your time. Let me take that happiness and make my own for I need a little more fire for the forest that never comes to an end. I'll consume myself to the core while you are around me.
Devoção ao Jazz
Trompetes... pedem-se trompetes depois de um pouco de whisky. O ar está contaminado de sorrisos e gargalhadas. Tudo se mexe e o mundo pára por instantes para oferecer à chuva mais uma melodia de jazz. O som das baquetes a bater nos pratos, das trompetes a chorar novas escalas, o baixo a soar por cima de todos os outros instrumentos e a conduzi-los para inconfundível atmosfera de bem estar e conforto. É o que nos contém por dentro presos por linhas de pautas. Controla-nos e nós caminhamos de boa vontade atrás dele.
Deixa-me levar-te ao clube, mostrar-te à malta, deixar-te conhecer o teu interior, levar-te numa viagem de reconhecimento espiritual. Não és nada mais que eu e é tudo o que precisamos enquanto a trompete nos ilude com o doce sabor de liberdade. Continua sentada, evita a dança, é hipnotizante, eu sei. Difícil de resistir, como tu. Não cedas, não me leves contigo. Não hesitarei em cair no posso frenético em que tu caires só para te segurar a mão. Mas isso que fique para outra altura. Neste momento apenas o Jazz importa, é ele quem manda aqui.
Peço mais um wisky, estou mais uma vez sozinho nesta mesa mas no palco ainda é o Jazz que manda. E de aqui não saio a menos que venha uma tempestade e me leve no meio de um tornado. E mesmo aí agarrar-me-ei ao trompete com toda a minha força para não esquecer que foi na sua melodia que descobri a minha alma, que foi na sua chuva que os meus ouvidos aqueceram e a minha mente apagou. Caio então num sono profundo e relembro de que o mundo não é sempre assim tão azul. Às vezes preciso dele mas tenho sempre a preferência do cinzento. A única coisa que prevalece é a chuva. Eu.
Deixa-me levar-te ao clube, mostrar-te à malta, deixar-te conhecer o teu interior, levar-te numa viagem de reconhecimento espiritual. Não és nada mais que eu e é tudo o que precisamos enquanto a trompete nos ilude com o doce sabor de liberdade. Continua sentada, evita a dança, é hipnotizante, eu sei. Difícil de resistir, como tu. Não cedas, não me leves contigo. Não hesitarei em cair no posso frenético em que tu caires só para te segurar a mão. Mas isso que fique para outra altura. Neste momento apenas o Jazz importa, é ele quem manda aqui.
Peço mais um wisky, estou mais uma vez sozinho nesta mesa mas no palco ainda é o Jazz que manda. E de aqui não saio a menos que venha uma tempestade e me leve no meio de um tornado. E mesmo aí agarrar-me-ei ao trompete com toda a minha força para não esquecer que foi na sua melodia que descobri a minha alma, que foi na sua chuva que os meus ouvidos aqueceram e a minha mente apagou. Caio então num sono profundo e relembro de que o mundo não é sempre assim tão azul. Às vezes preciso dele mas tenho sempre a preferência do cinzento. A única coisa que prevalece é a chuva. Eu.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Espada caída
Responde-me com desdenho, sei que as palavras já se esvaziaram de significado. Já não podes fingir mais, já não podes fugir para o teu recanto assombrado de memórias de sorrisos e choros, desmaios e melodias vindas das nossas almas inter-ligadas. É uma verdade feia que tens de encarar todas as noites em que fechas os olhos e te deixas adormecer. Os poemas já de nada valem, todas aquelas palavras bonitas, todas aquelas histórias de luta e sangue, amor infinito mas no final foste tu que as acabaste. Mataste as minhas personagens e então pinto uma inova imagem de preto, cinzento e castanho, para que tu possas aprender que o mundo é mais que um interminável branco de dúvidas e dor.
Responde-me de alguma forma, eu sinto que algo está mal. Atira palavras ao acaso, deixa-me ler o teu espírito. Não repeles a dor que sentes nem a solidão que completa o teu coração. Entrega-te a mim, corpo e alma, rende-te sobre o oásis da tua mente, pois lá me encontrarás, uma miragem no teu caminho para a felicidade. Põe-te de joelhos, desiste neste preciso momento se achas que já não há nada que possamos fazer, se já não a estrela mais brilhante ao lado da Lua. Entrega-te ao infinito e torna-te vazia, opaca, feita de sonhos distorcidos e verdades partidas. As minhas palavras já não te consolam, nada mais te posso fazer. Os meus braços estão atados atrás das minhas costas e as minhas lágrimas são tudo o que te posso oferecer. Mas já não choro mais.
E são flores que jazem sobre a tua campa. És tu que as posas lá com uma vida passada com sorrisos e alegrias, sangue e choro, tristezas e infortunas do passado. Foste o anjo da morte para tantos, com a tua inocência e contagiante felicidade. Se era isto que estava para ser, que eu me pinte já de preto e que nunca mais volte a ver, que todas as cores escorram da tela e que todas as letras se tornem carvão ardido na minha sepultura. Eu não te consigo dar mais uma safira para brilhar nos teus olhos, tu partiste. Eu não te consigo oferecer mais uma noite abraçados, tu negaste. Eu consigo apenas deixar em ti memórias do meu ser pois agora jazo espalhado pelas águas do mundo, numa procura interna pelas Brumas que me vão levar a casa.
Responde-me de alguma forma, eu sinto que algo está mal. Atira palavras ao acaso, deixa-me ler o teu espírito. Não repeles a dor que sentes nem a solidão que completa o teu coração. Entrega-te a mim, corpo e alma, rende-te sobre o oásis da tua mente, pois lá me encontrarás, uma miragem no teu caminho para a felicidade. Põe-te de joelhos, desiste neste preciso momento se achas que já não há nada que possamos fazer, se já não a estrela mais brilhante ao lado da Lua. Entrega-te ao infinito e torna-te vazia, opaca, feita de sonhos distorcidos e verdades partidas. As minhas palavras já não te consolam, nada mais te posso fazer. Os meus braços estão atados atrás das minhas costas e as minhas lágrimas são tudo o que te posso oferecer. Mas já não choro mais.
E são flores que jazem sobre a tua campa. És tu que as posas lá com uma vida passada com sorrisos e alegrias, sangue e choro, tristezas e infortunas do passado. Foste o anjo da morte para tantos, com a tua inocência e contagiante felicidade. Se era isto que estava para ser, que eu me pinte já de preto e que nunca mais volte a ver, que todas as cores escorram da tela e que todas as letras se tornem carvão ardido na minha sepultura. Eu não te consigo dar mais uma safira para brilhar nos teus olhos, tu partiste. Eu não te consigo oferecer mais uma noite abraçados, tu negaste. Eu consigo apenas deixar em ti memórias do meu ser pois agora jazo espalhado pelas águas do mundo, numa procura interna pelas Brumas que me vão levar a casa.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
O que vejo
Vejo montanhas verdes, rochas, seres mortos, seres vivos, almas que nos passam e não nos apercebemos, o vento que suspira as boas vindas ao esquecimento, o fogo que nos aquece a alma e destrói o corpo, a água que nos salva a alma para ela continuar para um outro lado. Vejo que palavras que se tornam nulas, vãs, que não entregam a mensagem correctamente, que se esquecem de quem somos, que as criámos. Elas viajam livremente lá fora. Transformam-se em nada mas na realidade são tudo. Então prendo-as em mim porque a mim pertencem e a mais ninguém as vou dedicar.
Vejo a música que percorre o ar, enchendo esta sala e o meu espírito. E agora não encontro a música certa para o meu estado. Continuo a minha pesquisa pelos Blues de Chicago, vagueando para o metal progressivo de Opeth. Encontro a janela de pano que arde tão levemente nos meus ouvidos e me preenche finalmente a mente com imagens daquele quarto desolado onde outrora vim uma sombra morrer. Relembro o que disse nessas alturas onde o desespero era grande e a chuva era absorvida pelo mero acaso do descanso. O quarto era escuro nessa altura, compreendendo a minha solidão. O quarto não é meu agora, não passa apenas de uma lembrança de então.
Vejo o riso nos olhos de uma criança, tão vagos, tão inocentes, tanto que precisam da defesa de outrém. Ainda não independente, irás voar um dia pequena andorinha. A tua cortina agora é verde, trazendo esperança a essa tua pequena cabeça mas um dia verás o mundo a cores, pintarás essa mesma cortina que te ofereço de várias cores, branco, amarelo, azul, cinzento, preto. Simboliza-la-às com palavras e sorrisos, mas então será o teu olhar o profundo, o que contém dor por detrás de mil máscaras, o que progrediu para alguém real e não um sonho de outros. Vai dormir por agora pequena criança, eu vejo-te enquanto posso.
Termino então as palavras no interior de mim para compôr mais uma melodia aos mortos que não vêm nada senão terra e luz, presos num nevoeiro tão denso que nem a sua própria liberdade encontram. Que lhes resta senão ouvirem o que lhes tenho para dizer, o que lhes resta então senão verem a densidade desse mesmo nevoeiro que não se modifica, não sai do seu cinzento permanente. Ficam pelo fascínio das minhas palavras, imobilizados. E será uma mariposa a levá-los daqui, deixando este velho lincantropo descansar antes da sua última batalha.
Perguntam-me então os sonhos, as sombras, as cores, as músicas e os obejectos, que vejo eu? O que vejo... vejo nada. Perdi tudo e tudo ganhei. Quando? Não sei, algum dia talvez. Talvez até seja a minha Mãe, a Lua, a trazer-me o que o negro não pode dizer. Mas até lá, que outro som preenche a noite de Lua Cheia senão os meus uivos, a queda das minhas lágrimas ao solo infertil? Profanado ser pela esperança da vastidão de Avalon, onde os pastos são verde e a junventude é o mero acaso da imortalidade. Fico-me pelos sonhos enquanto estou acordado, à beira da ribeira da minha imaginação que seca à medida que os dias passam. Obrigado pelas palavras, escuridão, mas agora nada vejo senão pó sem qualquer significado...
Vejo a música que percorre o ar, enchendo esta sala e o meu espírito. E agora não encontro a música certa para o meu estado. Continuo a minha pesquisa pelos Blues de Chicago, vagueando para o metal progressivo de Opeth. Encontro a janela de pano que arde tão levemente nos meus ouvidos e me preenche finalmente a mente com imagens daquele quarto desolado onde outrora vim uma sombra morrer. Relembro o que disse nessas alturas onde o desespero era grande e a chuva era absorvida pelo mero acaso do descanso. O quarto era escuro nessa altura, compreendendo a minha solidão. O quarto não é meu agora, não passa apenas de uma lembrança de então.
Vejo o riso nos olhos de uma criança, tão vagos, tão inocentes, tanto que precisam da defesa de outrém. Ainda não independente, irás voar um dia pequena andorinha. A tua cortina agora é verde, trazendo esperança a essa tua pequena cabeça mas um dia verás o mundo a cores, pintarás essa mesma cortina que te ofereço de várias cores, branco, amarelo, azul, cinzento, preto. Simboliza-la-às com palavras e sorrisos, mas então será o teu olhar o profundo, o que contém dor por detrás de mil máscaras, o que progrediu para alguém real e não um sonho de outros. Vai dormir por agora pequena criança, eu vejo-te enquanto posso.
Termino então as palavras no interior de mim para compôr mais uma melodia aos mortos que não vêm nada senão terra e luz, presos num nevoeiro tão denso que nem a sua própria liberdade encontram. Que lhes resta senão ouvirem o que lhes tenho para dizer, o que lhes resta então senão verem a densidade desse mesmo nevoeiro que não se modifica, não sai do seu cinzento permanente. Ficam pelo fascínio das minhas palavras, imobilizados. E será uma mariposa a levá-los daqui, deixando este velho lincantropo descansar antes da sua última batalha.
Perguntam-me então os sonhos, as sombras, as cores, as músicas e os obejectos, que vejo eu? O que vejo... vejo nada. Perdi tudo e tudo ganhei. Quando? Não sei, algum dia talvez. Talvez até seja a minha Mãe, a Lua, a trazer-me o que o negro não pode dizer. Mas até lá, que outro som preenche a noite de Lua Cheia senão os meus uivos, a queda das minhas lágrimas ao solo infertil? Profanado ser pela esperança da vastidão de Avalon, onde os pastos são verde e a junventude é o mero acaso da imortalidade. Fico-me pelos sonhos enquanto estou acordado, à beira da ribeira da minha imaginação que seca à medida que os dias passam. Obrigado pelas palavras, escuridão, mas agora nada vejo senão pó sem qualquer significado...
sábado, 6 de setembro de 2008
Coração meu
Arde arde coração, esquece a antiga canção, aquela que te aquecia nas noites de Inverno. Arde para sonhar um outro dia. Arde porque o sonho do próximo dia são mentiras. Respira a neblina que desce do céu cinzento, enquanto repousas nessa rocha que dizes que se formou à tua volta. É no segredo das montanhas que guardas o teu silêncio e afastas todas as nuvens negras que flutuam na tua direcção. Como te disse, arde coração, arde que és meu e nunca hás-de sentir enquanto eu não sentir um momento de fraqueza em que o orgulho se afunde na mais profunda solidão.
Oculta-te coração, não tens nada mais pelo que esperar. És feito do mais puro pedaço de alma imortal mas morres aos poucos e poucos no teu caixão de rosas e cravos, sangrando através de túneis de marfim e safira. És o brilho que ilumina o quarto à noite mas tão facilmente te apagas, com um simples sopro. És meu objecto, aquele que atiro directamente para o poço da luxuria para cumprir os desejos carnais que fazem de mim um homem mortal. Oculta-te porque não há nada aqui para ti. Esconde-te onde quer que seja, foge talvez, para longe, para onde encontrares paz e felicidade porque a minha alma vai separar-se de ti, vai para as Brumas. Não serás completo nunca, esse é o meu desejo.
Afunda-te uma última vez. Concedo-te essa vontade. Afinal de contas não sou tão tirano quanto faço parecer. Dou-te uma última oportunidade de te aleijares antes de te obrigar a veres a luz. Espero que sejas feliz nos poucos dias que para mim vão parecer séculos. Espero sinceramente que consigas re-direccionar o teu sangue para os sítios certos e que brilhes de tal forma que nem todo o vento do mundo te consiga apagar. Aí só mesmo o sopro dela te poderá apagar. Mas digo-te já, coração meu, tu o que fazes, tudo o que sentes, tudo o que procuras, é inútil e fútil. Tanto eu como tu não somos nada mais que objectos que somos colocados numa montra duma loja de livre vontade. Estamos velhos meu amigo. Vamos deitar-nos para noutro dia termos uma ideia completamente diferente. Tudo depende da alma, a minha alma imortal que se fecha nela própria.
Oculta-te coração, não tens nada mais pelo que esperar. És feito do mais puro pedaço de alma imortal mas morres aos poucos e poucos no teu caixão de rosas e cravos, sangrando através de túneis de marfim e safira. És o brilho que ilumina o quarto à noite mas tão facilmente te apagas, com um simples sopro. És meu objecto, aquele que atiro directamente para o poço da luxuria para cumprir os desejos carnais que fazem de mim um homem mortal. Oculta-te porque não há nada aqui para ti. Esconde-te onde quer que seja, foge talvez, para longe, para onde encontrares paz e felicidade porque a minha alma vai separar-se de ti, vai para as Brumas. Não serás completo nunca, esse é o meu desejo.
Afunda-te uma última vez. Concedo-te essa vontade. Afinal de contas não sou tão tirano quanto faço parecer. Dou-te uma última oportunidade de te aleijares antes de te obrigar a veres a luz. Espero que sejas feliz nos poucos dias que para mim vão parecer séculos. Espero sinceramente que consigas re-direccionar o teu sangue para os sítios certos e que brilhes de tal forma que nem todo o vento do mundo te consiga apagar. Aí só mesmo o sopro dela te poderá apagar. Mas digo-te já, coração meu, tu o que fazes, tudo o que sentes, tudo o que procuras, é inútil e fútil. Tanto eu como tu não somos nada mais que objectos que somos colocados numa montra duma loja de livre vontade. Estamos velhos meu amigo. Vamos deitar-nos para noutro dia termos uma ideia completamente diferente. Tudo depende da alma, a minha alma imortal que se fecha nela própria.
Vestido negro de veludo
Volta-te para o negro do cetim que se encontra sobre a nossa cama, chega-te junto a mim, deixa-me afastar-te todos os medos. Absorvo todo o teu ser e transformo esta cama em água, sentimos-nos em casa. És cada molécula, cada célula, formas uma veia inteira, és uma teia de sedução, és um abismo de prazer para o qual me atiro de livre vontade e deixo-te devorar tudo o que sou e tudo o que não te posso dar.
Não faço parte da tua vida. Sou apenas um trovão solitário que cai atrás das montanhas cinzentas enquanto que te sentas na tua casa, deixando a chuva cair lá fora, sem a ouvires. As nuvens estão vermelhas do sangue que derramei por ti e a chuva são gotas de suor, o esforço que fiz por te conquistar e que de nada valeu. É o som de novas tempestades para vir que me despertam do sonho em que um dia fomos dois a viver na floresta das minhas visões.
É o som do piano que provém dos cantos da minha mente e que me ilude para pensar que alguma vez dançámos juntos aquela música que ambos compusemos com as nossas almas e os nossos corações. E se alguma vez sonhei que estarias tu no teu vestido negro de veludo a ondular no quadro que pintei com o meu sangue e com as minhas lágrimas. Afinal eram tudo cordas de guitarras que tocavam na escuridão enquanto que a música passava-me ao lado e o seu significado era enigmático, transmitido para outro que não eu.
Já vi estas palavras antes, talvez na tela dos teus sonhos, talvez até no meu imenso mar de solidão...
Não faço parte da tua vida. Sou apenas um trovão solitário que cai atrás das montanhas cinzentas enquanto que te sentas na tua casa, deixando a chuva cair lá fora, sem a ouvires. As nuvens estão vermelhas do sangue que derramei por ti e a chuva são gotas de suor, o esforço que fiz por te conquistar e que de nada valeu. É o som de novas tempestades para vir que me despertam do sonho em que um dia fomos dois a viver na floresta das minhas visões.
É o som do piano que provém dos cantos da minha mente e que me ilude para pensar que alguma vez dançámos juntos aquela música que ambos compusemos com as nossas almas e os nossos corações. E se alguma vez sonhei que estarias tu no teu vestido negro de veludo a ondular no quadro que pintei com o meu sangue e com as minhas lágrimas. Afinal eram tudo cordas de guitarras que tocavam na escuridão enquanto que a música passava-me ao lado e o seu significado era enigmático, transmitido para outro que não eu.
Já vi estas palavras antes, talvez na tela dos teus sonhos, talvez até no meu imenso mar de solidão...
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Criação de lágrima
Poderia dar-te o coração, poderia conceder-te o desejo. Poderia dar-te tudo. Mas com tudo iria o ódio de um dia de areia, onde o vidro não é criado devido à morte do fogo, afogado no meio da luz do Sol. Deixar-te-ia o mundo mas esse mesmo mundo viria a destruir-te porque és feita de cristal, cristal que saiu das minhas lágrimas. És semente do meu trabalho árduo. E então preservarás por aí. Ofereço-te então uma última guarda, uma última lágrima. Que ela te traga felicidade, companhia e segurança.
Crio o mar para fazer concorrência à areia que trouxe o fim da chuva e dos dias de nuvens cinzentas. Sabes que adoro a água, sabes que caio em mim próprio quando as águas caem dos céus. São imagens apagadas, estas minhas velhas recordações que eu me farto de esquecer e cair em transe para voltar a relembrá-las. É uma forma de enlouquecer de vez. Talvez até seja uma forma de cair à Terra e por lá ficar, fazendo novas árvores crescer, voltar a fazer esta terra verde. Deixo passar um instante de luz e acordo para o som.
Talvez seja o vento que se esteja a ocultar mas de facto algo de negro isolou-me de toda a felicidade que me causava ver-te a sorrir, na minha nuvem. Sentias-te viva? Rias, sorrias, choraste e magoaste-te. Então criança, minha filha, minha criação, que aconteceu? Quando paraste tu de afastar a dor da tua vida? Quando desististe de viver? Agarra-te à minha última lágrima, germina um novo ser dentro de ti, continua o nosso sangue real e imortal. O tempo escasseia e tu não podes deixar tudo cair no nada, não queres que seja tudo em vão. Levanta-te das tuas lágrimas secas e luta, continua este caminho. No meu último suspiro ofereço-te então algo...
Ofereço-te então uma flor...
Crio o mar para fazer concorrência à areia que trouxe o fim da chuva e dos dias de nuvens cinzentas. Sabes que adoro a água, sabes que caio em mim próprio quando as águas caem dos céus. São imagens apagadas, estas minhas velhas recordações que eu me farto de esquecer e cair em transe para voltar a relembrá-las. É uma forma de enlouquecer de vez. Talvez até seja uma forma de cair à Terra e por lá ficar, fazendo novas árvores crescer, voltar a fazer esta terra verde. Deixo passar um instante de luz e acordo para o som.
Talvez seja o vento que se esteja a ocultar mas de facto algo de negro isolou-me de toda a felicidade que me causava ver-te a sorrir, na minha nuvem. Sentias-te viva? Rias, sorrias, choraste e magoaste-te. Então criança, minha filha, minha criação, que aconteceu? Quando paraste tu de afastar a dor da tua vida? Quando desististe de viver? Agarra-te à minha última lágrima, germina um novo ser dentro de ti, continua o nosso sangue real e imortal. O tempo escasseia e tu não podes deixar tudo cair no nada, não queres que seja tudo em vão. Levanta-te das tuas lágrimas secas e luta, continua este caminho. No meu último suspiro ofereço-te então algo...
Ofereço-te então uma flor...
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Palavras de romance
És a noite do meu passado, trazes contigo o ar fresco do luar, a brisa marítima de onde saímos ambos, enrolados numa desculpa de laço fino, sempre prestes a partir mas a nunca desistir, nunca a ceder à pressão.
Não te vi cair, não te vi desistir, mas este romance é tão recente que é apenas uma linha branca no horizonte. Talvez veja também lá verde, para dizer que ainda há esperança, mas entretanto é tudo tão vago, tão vago. E enquanto desvaneço ao sabor das ondas, vejo-te desaparecer. Vejo-te desistir tudo a que tentei que agarrasses. Não me faz mais forte, não me faz levantar e batalhar mais, mas não sei desistir. Talvez me sacrifique para que te mantenhas cá. Talvez ofereça ao buraco negro um último som de agonia para saciar a sua fome, para te salvar. Mas não vejo nenhum agora. És tu. E eu preciso de ti. Como te tirar de ti própria?
Diz-me, faço-te sorrir? Faço-te rir? Sai-te alguma gargalhada depois das imensas horas que passamos a falar? Talvez esteja enganado e tudo em ti seja uma ilusão, algo que eu quero que seja. Sabes, procuro, há imenso tempo, alguém para mim. Não alguém perfeito, alguém que aguente o meu feitio sem partir um mês depois. Quero encontrar esse alguém em ti mas tu fechas os olhos e voas de volta a uma folha frágil que se recusa voar até meus pés. Talvez sejam estes textos tristes que estejam errados. Ainda hei de te escrever mil e um textos de felicidade. Não é que não ma dês já, é que eu procuro em ti não um ser para mim ou feito por mim, quero um ser feliz. E aí serei mais feliz. Já o sou agora. Apenas tens de fechar o último buraco no meu coração.
Não te vi cair, não te vi desistir, mas este romance é tão recente que é apenas uma linha branca no horizonte. Talvez veja também lá verde, para dizer que ainda há esperança, mas entretanto é tudo tão vago, tão vago. E enquanto desvaneço ao sabor das ondas, vejo-te desaparecer. Vejo-te desistir tudo a que tentei que agarrasses. Não me faz mais forte, não me faz levantar e batalhar mais, mas não sei desistir. Talvez me sacrifique para que te mantenhas cá. Talvez ofereça ao buraco negro um último som de agonia para saciar a sua fome, para te salvar. Mas não vejo nenhum agora. És tu. E eu preciso de ti. Como te tirar de ti própria?
Diz-me, faço-te sorrir? Faço-te rir? Sai-te alguma gargalhada depois das imensas horas que passamos a falar? Talvez esteja enganado e tudo em ti seja uma ilusão, algo que eu quero que seja. Sabes, procuro, há imenso tempo, alguém para mim. Não alguém perfeito, alguém que aguente o meu feitio sem partir um mês depois. Quero encontrar esse alguém em ti mas tu fechas os olhos e voas de volta a uma folha frágil que se recusa voar até meus pés. Talvez sejam estes textos tristes que estejam errados. Ainda hei de te escrever mil e um textos de felicidade. Não é que não ma dês já, é que eu procuro em ti não um ser para mim ou feito por mim, quero um ser feliz. E aí serei mais feliz. Já o sou agora. Apenas tens de fechar o último buraco no meu coração.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Raposa de água e sangue
Tragam-me o Outono para que ele me possa trazer as folhas caídas. Tragam-me o sorriso da criança no seu primeiro dia de escola. Tragam-me enfim a chuva, a indescritível chuva que provoca tal efeito em mim. É no fim do Verão que se vêm as chamas que caminham pelas florestas dos meus sonhos, em convivência com os todos os seres que habitam nas árvores. São desejos, não comandos, que seguem as tropas que aparecem no horizonte. Puramente inocentes no seu estado de água e sangue, misturado amor com espinhos de traição.
Somos lobo e raposa, animais que perderam a chave do seu lado humano. Perdemos não, deitámos voluntariamente fora para que pudéssemos fugir daqui e viver juntos, unidos, sem quaisquer obstáculos. Orgulhosos, partimos destes prédios de metal e tijolo e encontramos uma boa clareira no meio das montanhas para descansarmos, algum dia expandirmos os da nossa espécie. Encontramos-nos sobre o mesmo luar, o mesmo olhar atento que nos protege, que nos permite continuarmos a linha real dos da nossa espécie, novos lincantropos para manter o nosso trabalho e mostrar ao mundo que existimos.
Uma última melodia debaixo da sombra das árvores, pedimos-Lhe. Uma última razão para uivarmos ao vento palavras de desespero e raiva por toda a dor e solidão que a sociedade nos causou. Um último derrame de sangue para à nossa Terra, tudo o que temos e tudo o que somos, tudo o que lhe podemos dar, antes que possamos escapar para outra vida e então repetir o ciclo. Não somos estranhos ao amor, mas no entanto desconhecemo-lo. Não vai ser por isso que te vou parar de procurar, vez sem conta. Não deixes a mente afectar-te o sono, não deixes as lágrimas afundar-te na vida, não deixes a solidão puxar-te cada vez mais para baixo. Mas caso o deixes, eu estenderei sempre a mão para te apanhar e trazer-te de novo a mim. Desejo esses teus lábios vermelhos de sangue...
Somos lobo e raposa, animais que perderam a chave do seu lado humano. Perdemos não, deitámos voluntariamente fora para que pudéssemos fugir daqui e viver juntos, unidos, sem quaisquer obstáculos. Orgulhosos, partimos destes prédios de metal e tijolo e encontramos uma boa clareira no meio das montanhas para descansarmos, algum dia expandirmos os da nossa espécie. Encontramos-nos sobre o mesmo luar, o mesmo olhar atento que nos protege, que nos permite continuarmos a linha real dos da nossa espécie, novos lincantropos para manter o nosso trabalho e mostrar ao mundo que existimos.
Uma última melodia debaixo da sombra das árvores, pedimos-Lhe. Uma última razão para uivarmos ao vento palavras de desespero e raiva por toda a dor e solidão que a sociedade nos causou. Um último derrame de sangue para à nossa Terra, tudo o que temos e tudo o que somos, tudo o que lhe podemos dar, antes que possamos escapar para outra vida e então repetir o ciclo. Não somos estranhos ao amor, mas no entanto desconhecemo-lo. Não vai ser por isso que te vou parar de procurar, vez sem conta. Não deixes a mente afectar-te o sono, não deixes as lágrimas afundar-te na vida, não deixes a solidão puxar-te cada vez mais para baixo. Mas caso o deixes, eu estenderei sempre a mão para te apanhar e trazer-te de novo a mim. Desejo esses teus lábios vermelhos de sangue...
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Declaração (sei que não gostas)
An ancient whisper from the wind, an old cry of a young women whom heart just broke...
Ignoras. Afastas as palavras que são meros pixeis no ecrã. Ignoras porque as queres ignorar, porque não as queres ouvir, simplesmente não queres saber. O conhecimento é um fardo e um prazer em ti. E em ti vejo esse brilho, a pessoa que não sou mas que sei que poderia ser. Continuando contigo. Nunca escapando de ti. Nunca tirando esse brilho que eu idolatro, que eu vejo e tu dás como morto. As tuas palavras, cativas no meu coração, tão belas, com tanta dor e sofrimento que ainda não percebo, essas agarro-as e ato-as à minha parede, aquela que te falei, para que nunca mais de lá saiam, agarro-as para manter aqui as memórias de ti, mais preciosas do que as de qualquer outra. Foi pouco o tempo, ainda o é, mas adoro-o a cada segundo. E cada palavra que não te digo, é cada segundo morto que chegou à minha vida e foi atropelado por tudo o que vejo em ti. E ainda assim não compreendes, simplesmente ignoras.
A nossa vida é um aquário, somos dois peixes que viajámos vezes sem conta em volta do nosso limitado espaço. A nossa memória é pequena, escoa-se depressa mas ainda mantenho em mim a noite em que te conheci, aquele concerto em que paraste ao meu lado para desfrutar uma das minhas bandas preferidas. E eu lutei, acredita, eu realmente lutei para não ir ter contigo, falar contigo, manter o conhecimento que ganhei nessa noite. Acredita que no meu interior eu procurei dizer a mim mesmo que não precisava de ti, que não precisava de te conhecer e ver os teus olhos, o mais profundamente que conseguisse. Mas perdi essa batalha contra mim mesmo e fui ter contigo. Ainda não sei se estou alegre ou triste por isso. Às vezes sorrio, outras vezes choro. Não decido porque ninguém causou isto senão a minha fraqueza humana. É mais que carnal sabes? É mais do que um simples desejo de adolescente. É algo mais. Não sei explicar e tudo parece tão repetido mas é verdadeiro. Assim o espero ser porque não te quero magoar.
Ah o doce mar que nos passa à frente. Sentados na relva, debaixo da sombra das árvores, enquanto o Sol brilha forte lá no céu que não é nosso mas que o conquistámos com o olhar. Não sabemos o que está por detrás de toda esta charada mas agradecemos mais um gole de cerveja e o oxigénio que vem das árvores. Deitamos-nos finalmente e deixamos o som do distante do piano. O seu som conquista-nos a alma e permanecemos ali, inertes, a ver o rio que passa onde outrora o velho de Belém olhou também e chorou, chorou pela partida. Também nós partimos e também nós choramos. Não consigo compreender mas sim, eu também choro. Tal como tu não compreendes o que digo, felizmente. Mas isso não significa que chores. E também não significa que chore mesmo, é apenas uma metáfora para a carência que sinto interiormente, hoje. E ver-te os olhos (sim voltamos a isto). Ah sim, ver-te os olhos! Esta poesia que não é senão minha e tua, de outra pessoa qualquer que com certeza já escreveu todas estas palavras antes e muitas mais. Sim, os teus olhos. Não me faças esquecer deles, nem da sua cor. Não me faças esquecer das lágrimas de lá caem e que eu apanho como uma réstia de ti que posso guardar juntamente com as palavras. Não quero as apagar. Não te quero apagar a ti, pessoa que mal conheço.
Ignoras. Afastas as palavras que são meros pixeis no ecrã. Ignoras porque as queres ignorar, porque não as queres ouvir, simplesmente não queres saber. O conhecimento é um fardo e um prazer em ti. E em ti vejo esse brilho, a pessoa que não sou mas que sei que poderia ser. Continuando contigo. Nunca escapando de ti. Nunca tirando esse brilho que eu idolatro, que eu vejo e tu dás como morto. As tuas palavras, cativas no meu coração, tão belas, com tanta dor e sofrimento que ainda não percebo, essas agarro-as e ato-as à minha parede, aquela que te falei, para que nunca mais de lá saiam, agarro-as para manter aqui as memórias de ti, mais preciosas do que as de qualquer outra. Foi pouco o tempo, ainda o é, mas adoro-o a cada segundo. E cada palavra que não te digo, é cada segundo morto que chegou à minha vida e foi atropelado por tudo o que vejo em ti. E ainda assim não compreendes, simplesmente ignoras.
A nossa vida é um aquário, somos dois peixes que viajámos vezes sem conta em volta do nosso limitado espaço. A nossa memória é pequena, escoa-se depressa mas ainda mantenho em mim a noite em que te conheci, aquele concerto em que paraste ao meu lado para desfrutar uma das minhas bandas preferidas. E eu lutei, acredita, eu realmente lutei para não ir ter contigo, falar contigo, manter o conhecimento que ganhei nessa noite. Acredita que no meu interior eu procurei dizer a mim mesmo que não precisava de ti, que não precisava de te conhecer e ver os teus olhos, o mais profundamente que conseguisse. Mas perdi essa batalha contra mim mesmo e fui ter contigo. Ainda não sei se estou alegre ou triste por isso. Às vezes sorrio, outras vezes choro. Não decido porque ninguém causou isto senão a minha fraqueza humana. É mais que carnal sabes? É mais do que um simples desejo de adolescente. É algo mais. Não sei explicar e tudo parece tão repetido mas é verdadeiro. Assim o espero ser porque não te quero magoar.
Ah o doce mar que nos passa à frente. Sentados na relva, debaixo da sombra das árvores, enquanto o Sol brilha forte lá no céu que não é nosso mas que o conquistámos com o olhar. Não sabemos o que está por detrás de toda esta charada mas agradecemos mais um gole de cerveja e o oxigénio que vem das árvores. Deitamos-nos finalmente e deixamos o som do distante do piano. O seu som conquista-nos a alma e permanecemos ali, inertes, a ver o rio que passa onde outrora o velho de Belém olhou também e chorou, chorou pela partida. Também nós partimos e também nós choramos. Não consigo compreender mas sim, eu também choro. Tal como tu não compreendes o que digo, felizmente. Mas isso não significa que chores. E também não significa que chore mesmo, é apenas uma metáfora para a carência que sinto interiormente, hoje. E ver-te os olhos (sim voltamos a isto). Ah sim, ver-te os olhos! Esta poesia que não é senão minha e tua, de outra pessoa qualquer que com certeza já escreveu todas estas palavras antes e muitas mais. Sim, os teus olhos. Não me faças esquecer deles, nem da sua cor. Não me faças esquecer das lágrimas de lá caem e que eu apanho como uma réstia de ti que posso guardar juntamente com as palavras. Não quero as apagar. Não te quero apagar a ti, pessoa que mal conheço.
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