sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Toque subtil, mensagem subliminar

Um encanto divinal, a última palavra dos lobos aos humanos, um sopro final de energia, um folgo a que a morte sucede, levando a alma para a escuridão e o corpo para o esquecimento, restando apenas o nome, trocado pela referência do desconhecido. Uma voz melódica que me ultrapassa tão veloz que posso apenas dar por ela através do calor que sinto dentro de mim, estas chamas que me consomem, pelo nervosismo que se assola sobre mim e a minha mente fica branca. Tudo pela voz, beleza, destreza felina reconhecível nos olhos. Tudo poderia partir, tudo poderia ficar, poderíamos congelar aqueles pequenos momentos para sempre, os toques leves e súbitos que me levam à loucura, a facilidade na passividade do tempo que não mostra em tirar-nos desta felicidade. É um reunião de metáforas para exprimir o esforço em deixar-te, o sofrimento de te ver partir e a atracção que sinto nas tuas redondezas.
É a dádiva de Plutão, a frieza com que trato o mundo, o desencanto que encontro na sociedade. Se alguma vez achei que algo poderia mudar, se alguma vez tive tal esperança sei agora que me encontro errado. Não sei, talvez seja eu a caminhar no lado errado da estrada, talvez seja eu a remar contra a maré mas nesse caso não me deixarei ir, não cairei, não serei o fútil pecador que cai nas suas mais leves e pequenas tentações e que se dedica a uma obra errada. Nós Homens, somos uma obra errada. Não uma obra prima, nenhuma construção para povoar e agir segundo a sua própria mente. Andamos por aí com a nossa pele vazia, sacos de mentiras e falsidades, insistindo na derrota da pureza e da inocência. E como desejei tanta vez viver para ver o mundo ver mais uma vez. Agora a única esperança de ver verde neste mundo encontro-a nos teus olhos. E neles me perco. Repetidamente um tolo, repetidamente perdido, algures...
Não me vou calar mas também não me apetece gritar. Tento manter a calma, os nossos caminhos afastam-nos um do outro mas sei que um dia, juntando a chuva, sentido o teu cheiro no vento, não resistindo à alquimia que se forma dentro de mim, vou ver-te outra vez. É o toque frio e distante, raro acontecimento, que me proporciona o momento alto da tarde, que me faz efervescer de desejo e que aquece as minhas veias, escaldando o meu sangue. Controlas todos os meus pensamentos, sentas-te debaixo da árvore na noite de Outono, chamas-me e eu vou até ti. Submeto-me à mais leve tortura do tempo mas a guerra está longe de terminada. Porque um dia eu sei, simplesmente sei, não me peças para te explicar porquê, sei que te vou ter nos meus braços. E aí vou puxar-te para mim com tanta força que nunca mais de mim poderás sair.

Sem comentários: