quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ventos solares

A noite deixa uma orgia de cores, um vómito de sentimentos livres pelo ar. A ruptura dos ventos solares que brilham tão originalmente na cópia do arco-íris distorcido pela visão humana. Torcendo-se, retorcendo-se, partindo-se em partículas de pó, brilhando no chão branco, neve caída de nuvens que outrora cá passaram. A lógica é perdida algures entre palavras e os teus murmúrios. A voz é uma serenata de violinos que trespassam a atmosfera e viajam eternamente por entre o Universo para o etéreo obscuro.
Ah, o amor perdido pela razão, o relacionamento que se fez numa simples noite de destruição e traição. Como poderias tu imaginar que encontrarias em mim segurança? Foi uma realidade distorcida, uma vez mais. Esta foi para me sentir bem. Peço-te, rogo-te, pinta-me o sorriso, nem que seja com uma chapada na cara. Cria-me mais uma pequena sala na minha mente para gravar memórias de nós. Já te disse, estou a começar a esquecer-me dos teus olhos. Perco essa visão agradável. Nem mesmo a doce música em que nos conhecemos serve para me relembrar deles. Suplico-te, deixa-me ver-te uma vez mais.
Os oceanos sobem pelas terras, consomem o pó sujo que contamina a neve. Neve, essa, que vai derretendo ao passo do ser humano. Não pode evitar a sua derrota para um estado líquido de profunda inutilidade e futilidade. Mas não se pode matar um coração cego, que rema em direcção ao precipício. Nem se pode travar uma alma de se enrolar na total escuridão e egoísmo e esquecer tudo o resto. É simplesmente a monotonia do ser que acaba por se distrair e ultrapassar tudo o resto sem notar o rasto de destruição que deixa para trás.

Posso dedicar-te este texto?...

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