quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cravos

É na monogamia do ar que te encontro,
No desdenho da noite que te afasto,
No enfadonho fado que te recuso,
Na verdadeira negação dos sentimentos que te reprimo.
No oblíquo ser que te cravo com espinhos,
No assassinato dos remorsos que te concluo,
Na estranheza dos estranhos a nós que me entrego,
À única morte do teu pequeno corpo, comemoro.

É nas brasas escaldantes do centro da terra que te transformo em pó,
É ao vento que te entrego para que te afastes de vez,
É nos teus lábios que te entrego a tua morte,
É preenchendo esse vazio que faço com que acabes de soltar palavras, blasfémias,
É largando a sanidade que consigo encontrar conforto em mim, apenas,
É em sonhos que me sinto em casa,
É na palavra final que cravo mais um buraco pelo meu coração adentro,
Ao silêncio da teu ignorância sobre mim, ofereço-me à solidão.

Sou a continuação das ondas,
Sou um filho da Deusa,
Sou algo perdido,
Sou um tesouro achado,
Sou palavras perdidas,
Sou suspiros lançados ao vento,
Sou o Escorpião que bebe do sangue da vingança e permanece da sede do ódio.

2 comentários:

Blood Tears disse...

Somos o tudo e o nada, perdemo-nos para nos encontrar, e a imensidão do vazio, do amor e do ódio vão-se alternando...

Blood Kisses

Kath disse...

Olha que eu também sou Escorpião e não faço nenhuma dessas coisas.