segunda-feira, 29 de setembro de 2008

As colinas verdes esperam-nos

A tua pele suave, pálida, afastada. Um objectivo que encaminha os meus pensamentos e define o que me distraí à luz do Sol no meio desta tarde de Outono. O translúcido de uma folha de uma árvore desvia a minha atenção para o infinito onde o idolatro morre. Deixar para trás todas as recordações, noites de pura estupidez e melancolia, não consigo ultrapassar o que sinto agora. Quero expulsar estas palavras de mim mas são proibidas pelo próprio vómito de estômago vazio. Doí, oh como doí.Não o estômago vazio, não os joelhos sobre os quais me encontro neste momento, não a mente que vagueia para o branco, é mesmo esta proibição interior de gritar "ERRO!" no meio da praça pública.
Erro... erro esse pareço eu. Tão fragilizado, tão carente e ao mesmo tempo tão frio, tão sozinho, procurando a solidão. Não me encontro nos meus melhores tempos para te poder oferecer o conforto que precisas esta noite. Deixa-me! Deixa-me vaguear por esta noite de Inverno onde os azevinhos foram trocados pelo ópio, onde a chuva foi trocada pelo fictício da humidade, onde eu sou a doença e não os vírus que por aí andam. Deixa-me andar por estas estradas pois um homem nunca é feliz enquanto tiver esta impotência de sentir, enquanto não resistir à tentação carnal que nos leva à loucura.
É no fio desta madrugada que as palavras já trepam pelas palavras, os teus desenhos já são queimaduras na minha pele. São o nosso modo de nos expressarmos, tu fazes-o melhor que eu. Naturalmente que sim, não faço por exprimir-me. Se não, porque teria eu construído tantas máscaras? Difícil difícil é ver por detrás delas. Para ti, para ela, para todos. Não encontrarás aqui o que procuras. Ok, talvez um pouco mas não o suficiente para me conheceres. Acho que nunca me vais conhecer. Mesmo que eu tente, no escuro que é o interior da minha alma, não há botão off para baixar as máscaras e me entregar todo a ti. Então magoo-te. Perdoa-me, não o queria. Nunca o quis, continuo sem o querer fazer. Vamos apagar este tempo. Vamos retirar estas palavras. Vamos esquecer os nossos seres e transformarmos-nos num outro rio.
Rio é mais uma coisa que nos separa. Rio esse que é mais uma sedução. A ele já escrevi eu a minha vida. A ele já não tenho nada mais a dar do que fragmentos do que me resta. Tirano sedutor. É ele que me impede de te ver todos os dias. E ao ver-te, consigo tocar-te na tua pele. Essa pele. Ah essa pele orgasmática, à qual escrevo poemas eróticos que queimam as folhas de papel para desaparecer. É um sentimento gordo que tenho tendência em sentir. E por isso pouco como, talvez um dia desapareça. Por enquanto calo-me, acho que é isso que queres certo? Que o seja, todas as palavras que podem sair daqui são as "demais". Vamos apagar esta noite. Vamos esquecer a pele, o rio, a sedução, a perdição. Vamos apenas agarrar na minha confusão e desaparecer. As colinas verdes esperam-nos.

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