sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Devoção ao Jazz

Trompetes... pedem-se trompetes depois de um pouco de whisky. O ar está contaminado de sorrisos e gargalhadas. Tudo se mexe e o mundo pára por instantes para oferecer à chuva mais uma melodia de jazz. O som das baquetes a bater nos pratos, das trompetes a chorar novas escalas, o baixo a soar por cima de todos os outros instrumentos e a conduzi-los para inconfundível atmosfera de bem estar e conforto. É o que nos contém por dentro presos por linhas de pautas. Controla-nos e nós caminhamos de boa vontade atrás dele.
Deixa-me levar-te ao clube, mostrar-te à malta, deixar-te conhecer o teu interior, levar-te numa viagem de reconhecimento espiritual. Não és nada mais que eu e é tudo o que precisamos enquanto a trompete nos ilude com o doce sabor de liberdade. Continua sentada, evita a dança, é hipnotizante, eu sei. Difícil de resistir, como tu. Não cedas, não me leves contigo. Não hesitarei em cair no posso frenético em que tu caires só para te segurar a mão. Mas isso que fique para outra altura. Neste momento apenas o Jazz importa, é ele quem manda aqui.
Peço mais um wisky, estou mais uma vez sozinho nesta mesa mas no palco ainda é o Jazz que manda. E de aqui não saio a menos que venha uma tempestade e me leve no meio de um tornado. E mesmo aí agarrar-me-ei ao trompete com toda a minha força para não esquecer que foi na sua melodia que descobri a minha alma, que foi na sua chuva que os meus ouvidos aqueceram e a minha mente apagou. Caio então num sono profundo e relembro de que o mundo não é sempre assim tão azul. Às vezes preciso dele mas tenho sempre a preferência do cinzento. A única coisa que prevalece é a chuva. Eu.

1 comentário:

Blood Tears disse...

A música é a alma em eterna dança com o infinito.... Nem sempre a melopeia é a mais agradável, mas o baile continua...

Blood Kisses ^^