sábado, 6 de setembro de 2008

Vestido negro de veludo

Volta-te para o negro do cetim que se encontra sobre a nossa cama, chega-te junto a mim, deixa-me afastar-te todos os medos. Absorvo todo o teu ser e transformo esta cama em água, sentimos-nos em casa. És cada molécula, cada célula, formas uma veia inteira, és uma teia de sedução, és um abismo de prazer para o qual me atiro de livre vontade e deixo-te devorar tudo o que sou e tudo o que não te posso dar.
Não faço parte da tua vida. Sou apenas um trovão solitário que cai atrás das montanhas cinzentas enquanto que te sentas na tua casa, deixando a chuva cair lá fora, sem a ouvires. As nuvens estão vermelhas do sangue que derramei por ti e a chuva são gotas de suor, o esforço que fiz por te conquistar e que de nada valeu. É o som de novas tempestades para vir que me despertam do sonho em que um dia fomos dois a viver na floresta das minhas visões.
É o som do piano que provém dos cantos da minha mente e que me ilude para pensar que alguma vez dançámos juntos aquela música que ambos compusemos com as nossas almas e os nossos corações. E se alguma vez sonhei que estarias tu no teu vestido negro de veludo a ondular no quadro que pintei com o meu sangue e com as minhas lágrimas. Afinal eram tudo cordas de guitarras que tocavam na escuridão enquanto que a música passava-me ao lado e o seu significado era enigmático, transmitido para outro que não eu.
Já vi estas palavras antes, talvez na tela dos teus sonhos, talvez até no meu imenso mar de solidão...

1 comentário:

Maria Lopes disse...

ola ^^
passei por aqui a tom de curiosidade e fiquei maravilhada com os teus textos. Tens uma escrita bastante suave.. Muito bonita mesmo ^^

bjinhu* Ari