An ancient whisper from the wind, an old cry of a young women whom heart just broke...
Ignoras. Afastas as palavras que são meros pixeis no ecrã. Ignoras porque as queres ignorar, porque não as queres ouvir, simplesmente não queres saber. O conhecimento é um fardo e um prazer em ti. E em ti vejo esse brilho, a pessoa que não sou mas que sei que poderia ser. Continuando contigo. Nunca escapando de ti. Nunca tirando esse brilho que eu idolatro, que eu vejo e tu dás como morto. As tuas palavras, cativas no meu coração, tão belas, com tanta dor e sofrimento que ainda não percebo, essas agarro-as e ato-as à minha parede, aquela que te falei, para que nunca mais de lá saiam, agarro-as para manter aqui as memórias de ti, mais preciosas do que as de qualquer outra. Foi pouco o tempo, ainda o é, mas adoro-o a cada segundo. E cada palavra que não te digo, é cada segundo morto que chegou à minha vida e foi atropelado por tudo o que vejo em ti. E ainda assim não compreendes, simplesmente ignoras.
A nossa vida é um aquário, somos dois peixes que viajámos vezes sem conta em volta do nosso limitado espaço. A nossa memória é pequena, escoa-se depressa mas ainda mantenho em mim a noite em que te conheci, aquele concerto em que paraste ao meu lado para desfrutar uma das minhas bandas preferidas. E eu lutei, acredita, eu realmente lutei para não ir ter contigo, falar contigo, manter o conhecimento que ganhei nessa noite. Acredita que no meu interior eu procurei dizer a mim mesmo que não precisava de ti, que não precisava de te conhecer e ver os teus olhos, o mais profundamente que conseguisse. Mas perdi essa batalha contra mim mesmo e fui ter contigo. Ainda não sei se estou alegre ou triste por isso. Às vezes sorrio, outras vezes choro. Não decido porque ninguém causou isto senão a minha fraqueza humana. É mais que carnal sabes? É mais do que um simples desejo de adolescente. É algo mais. Não sei explicar e tudo parece tão repetido mas é verdadeiro. Assim o espero ser porque não te quero magoar.
Ah o doce mar que nos passa à frente. Sentados na relva, debaixo da sombra das árvores, enquanto o Sol brilha forte lá no céu que não é nosso mas que o conquistámos com o olhar. Não sabemos o que está por detrás de toda esta charada mas agradecemos mais um gole de cerveja e o oxigénio que vem das árvores. Deitamos-nos finalmente e deixamos o som do distante do piano. O seu som conquista-nos a alma e permanecemos ali, inertes, a ver o rio que passa onde outrora o velho de Belém olhou também e chorou, chorou pela partida. Também nós partimos e também nós choramos. Não consigo compreender mas sim, eu também choro. Tal como tu não compreendes o que digo, felizmente. Mas isso não significa que chores. E também não significa que chore mesmo, é apenas uma metáfora para a carência que sinto interiormente, hoje. E ver-te os olhos (sim voltamos a isto). Ah sim, ver-te os olhos! Esta poesia que não é senão minha e tua, de outra pessoa qualquer que com certeza já escreveu todas estas palavras antes e muitas mais. Sim, os teus olhos. Não me faças esquecer deles, nem da sua cor. Não me faças esquecer das lágrimas de lá caem e que eu apanho como uma réstia de ti que posso guardar juntamente com as palavras. Não quero as apagar. Não te quero apagar a ti, pessoa que mal conheço.
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